Dia Nacional do Tênis

Há 15 anos, Guga alcançava o posto de melhor tenista do mundo

Brasileiro fez história no esporte com sua habilidade e carisma


Há exatamente uma década e meia, o Brasil alcançava com Gustavo Kuerten um feito inédito: o topo do ranking ATP de simples. Apenas cinco anos depois de se tornar profissional, Guga conquistou seis títulos e outras duas finais em apenas uma temporada. Com emblemáticas vitórias sobre dois lendários americanos no Masters Cup de Lisboa, o catarinense atingiu o topo do mundo de tênis no dia 3 de dezembro de 2000.

Antes de ultrapassar o russo Marat Safin e assumir a liderança, Guga sofreu no início do torneio, equivalente ao atual ATP World Finals. Com dores nas costas, ele perdeu de virada logo na estreia do Masters Cup para o norte-americano Andre Agassi. Sua continuação no torneio era dúvida. Entretanto, nos outros dois jogos da fase de grupos, ele saiu vitorioso.

 

Nas semifinais, já ciente da eliminação precoce do – até então – número um, enfrentou outro grande tenista do EUA: Pete Sampras. Revertendo um placar desfavorável, teve a chance da revanche na final. Em atuação que o próprio tenista declarou ter sido sua melhor em toda a carreira, derrotou Agassi por triplo 6/4. Guga entrava para a história. Em homenagem ao feito, a Confederação Brasileira de Tênis decretou a data 3 de dezembro o Dia Nacional do Tênis.


Saibro francês

O brilho de Guga começou na França. No ano de 1997, ele venceu o espanhol Sergi Bruguera na final de Roland Garros. Três anos depois, conquistaria no tie break o bicampeonato em cima de Magnus Norma. E não pararia por aí. Em 2001, Guga faria, talvez, o seu mais marcante Grand Slam francês. O norte-americano Michael Russel vencia o terceiro set e precisava ganhar apenas mais um game para eliminar o brasileiro nas oitavas de final. Surpreendentemente, o tenista de cabeleira cacheada conseguiu empatar o set, vencê-lo e, depois, fechar a partida. A torcida francesa foi à loucura.

“Devagar, fui riscando o saibro. Fiz um semicírculo, uma curva, depois fui indo para o fundo, então para cima de novo, descrevi uma parábola, fui baixando em outro semicírculo, outra curva, até o desenho se unir ao ponto em que tinha começado. Visto de perto, eram só rabiscos no saibro. Mas, do ponto de vista da plateia, a mensagem estava clara. Eu tinha desenhado um enorme coração, na tentativa de que a imagem universal do amor e da paixão pudesse transmitir aos franceses o que nenhuma palavra minha conseguiria.”, escreve em um dos capítulos de sua biografia lançada em 10 de setembro de 2014, data de seu 38º aniversário.

 

Com estes três títulos na França, ele se iguala aos tenistas Ivan Leld (EUA) e Mats Wilander (SUI); ficando atrás somente de Rafael Nadal (ESP) e Bjorn Borg (SUE). Como profissional, o brasileiro conquistou, ao todo, 20 títulos de simples e oito de duplas, jogando ao lado de outros tenistas consagrados como Fernando Meligeni. Pela Copa Davis, soma 34 vitórias e 18 derrotas. Kuerten chegou, ainda, às quartas de final de Roland Garros (1999 e 2004), do Australian Open (1999) e do US Open (1999 e 2001).

 

Após 43 semanas consecutivas liderando o ranking ATP, Guga perdeu o posto em 19 de novembro de 2001 para o australiano Lleyton Hewitt. A primeira cirurgia no quadril aconteceu em 2002. Sem conseguir atingir os mesmos níveis anteriores ao problema, a aposentadoria em maio de 2008 foi, certamente, antecipada. Apesar desta perda, o Brasil continuou a ver Guga brilhar.

Fora das quadras, é fundador do Instituto Guga Kuerten que por meio do esporte promove a inclusão de pessoas com deficiência; mais de 32 mil já foram beneficiadas com o trabalho. Desde 2009 integra a Comissão de Atletas Olímpicos. Três anos mais tarde, ele passou a ser o único tenista masculino brasileiro a integrar o Hall da Fama Internacional do Tênis. Por todo o caminho que trilhou dentro e fora de quadra (e por seu sorriso característico) Guga é, sem dúvida, um dos maiores ídolos brasileiros. E o Dia Nacional do Tênis não poderia ser comemorado em data melhor!

Da redação

Publicado em 3 de Dezembro de 2015 às 16:52


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