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Dez atitudes para ser um bom líder nas duplas

Saiba qual deve ser o papel do tenista que assume a liderança em sua parceria


Em uma dupla, quase sempre há um tenista que assume o papel de líder da parceria. Geralmente costuma ser o mais extrovertido ou mais “pilhado” dos dois. No entanto, o mais introvertido e “sisudo” também pode assumir essa função às vezes. Em outras ocasiões, ambos os tenistas podem tomar a liderança para si em momentos diferentes da partida. Mas o que significa ser líder na dupla?

Alguns podem pensar que essa é a função do “cara da esquerda”. Explico: geralmente, em uma dupla, o tenista que fica na esquerda, ou seja, no lado da vantagem, tende a ser o melhor jogador da parceria. Por quê? Porque a maior parte dos pontos importantes vão ser decididos naquele lado, então é preciso ter um tenista mais sólido e confiante naquela posição. No entanto, nem sempre o “cara da esquerda” é o melhor e, mesmo que seja, nem sempre será o líder.

Esse papel de liderança costuma ser intrínseco da personalidade de algumas pessoas. Você já deve ter ouvido falar de “líder nato”. Pois bem, às vezes, isso acontece. A coisa não vem bem de nascença, como pode-se imaginar, mas costuma evoluir com a experiência e as respectivas escolhas pessoais. Dessa forma, há jogadores que prontamente assumem esse papel, sem pestanejar. Sua influência sobre os outros é tão grande que ele mal precisa falar para incentivar e dar confiança a quem está ao seu lado. Basta um gesto, um olhar, um “Boa!”, para que haja uma sintonia entre os tenistas.

Contudo, há quem acredite que, para assumir o papel de líder, é preciso, além de ser o melhor da dupla, também sobrepujar o parceiro, intimidá-lo, dar ordens, reclamar etc. Líderes assim são muito comuns no tênis amador. E, por incrível que pareça, há momentos em que esse tipo de liderança funciona – quando, ao lado desse “carrasco” está um jogador extremamente autoconfiante, mas, ao mesmo tempo, altamente submisso, coisas de difícil junção. Mas, enfim, jogar ao lado de um líder intimidador costuma ser catastrófico.

O grande segredo da liderança nas duplas, muitas vezes, é compartilhá-la. Em uma partida, costumam ocorrer altos e baixos por parte dos parceiros. E é nos “baixos” que um deve tentar apoiar o outro, mostrando a direção, transmitindo a confiança que se perdeu em algum ponto. E, mesmo que os dois estejam mal na partida, é preciso que ao menos um deles assuma o papel de líder para não deixar o desânimo comprometer todo o jogo, levando-os à inapelável derrota.

Sendo assim, vamos dar dez dicas para ser um bom líder nas duplas e fazer com que sua parceria esteja sempre em sintonia.

1. Se você está formando uma dupla nova, antes de o jogo começar, converse um pouco com seu parceiro e tente descobrir como ele gosta de jogar. Às vezes, ele é um típico “baseliner”, que só vem para a rede quando, na verdade, já está lá, ou seja, quando você estiver sacando ou recebendo. Outras vezes, você poderá estar jogando com um tenista que adora atacar a rede em qualquer circunstância. Você, portanto, precisa estar preparado. Tente entender como vocês jogarão antes de o jogo começar.

2. Converse entre os pontos. Sugira jogadas. Sugira, não ordene. Para sugerir, você precisa perceber que há um padrão de jogo que não está dando certo ou pretende surpreender os adversários. Por exemplo: seu parceiro está devolvendo todas as bolas altas na cruzada e o adversário na rede está facilmente matando o ponto. Diante disso, sugira que ele tente algumas paralelas ou então uma devolução com slice ou lob.

3. Por melhor que você seja, não avance nas bolas que caem no lado da quadra do seu parceiro. Se há um possível smash vindo na direção dele, deixe que ele realize o golpe. Não entre na frente. Se você frequentemente entrar nas bolas de seu parceiro, mesmo que ele esteja errando as jogadas, ele nunca terá confiança para acertar os golpes. E, quando uma bola fácil vier na direção dele e você não estiver em posição de interceptar, ele provavelmente errará por estar tenso. Portanto, se perceber que seu parceiro está errando bolas fáceis, ou está sem confiança para realizar algum golpe, converse com ele. Sugira, por exemplo, que você assuma o controle de todos golpes que vão em direção ao meio da quadra. Ou então, sugira que, assim que ele sacar, você cruzará para interceptar a devolução adversária. É melhor combinar jogadas e ações do que intimidar. Se ele tiver confiança em você, provavelmente dirá que não está se sentindo confortável para realizar um determinado golpe (um smash, por exemplo) e vocês poderão discutir o que fazer juntos.

4. Diga algo ou faça gestos que incentivem o seu parceiro para que a dupla esteja sempre em um astral positivo. Talvez não seja necessário cumprimentar seu parceiro ao final de cada ponto jogado, mas esse tipo de incentivo é sempre bom. Deixe-o tranquilo para que ele possa tentar suas próprias jogadas e também dizer o que o está preocupando. Sempre elogie uma boa jogada. Evite se lamentar raivosamente após um erro. Tente sempre pensar no próximo ponto e encorajar o parceiro.

5. Entenda o jogo e quem são seus adversários. Às vezes, uma das melhores formas de incentivar seu parceiro é oferecer a ele uma visão de jogo diferente. Por exemplo, veja qual dos oponentes é o mais fraco e tente concentrar o jogo nele. Há momentos em que uma parceria se fortalece ao ver a outra ruir. Um tenista que consegue enxergar o jogo costuma ser um bom líder. Então, se, por exemplo, você percebe que os adversários estão cruzando todas devoluções do seu saque próximas do meio da quadra, sugira ao seu parceiro que tente interceptar.

6. Saiba como chamar o jogo para si. Nas duplas, há duas pessoas em cada lado da quadra e não apenas uma, ou seja, o resultado de um ponto costuma não depender somente de um tenista. Para assumir o comando da partida, você não precisa – como visto no item 3 – entrar em todas as boas. Você precisa jogar estrategicamente. Na hora do saque, entenda onde seus adversários estão com mais dificuldade. Analise os voos das bolas durante os pontos e saiba quando interceptar com o voleio. Interceptar trocas de bolas com o voleio dá muita moral para a dupla e, especialmente, para o tenista que conseguiu. Assumir o controle é entender os momentos certos de cada jogada e não tentar resolver tudo sozinho.

7. Tente entender quando “pilhar” ou “amornar” seu parceiro. Há quem entre na partida muito nervoso, tentando golpes impossíveis, jogando em um ritmo mais rápido do que o jogo em si está ocorrendo. Mas também há aqueles que estão em uma marcha mais lenta, vendo a partida acontecer em câmera lenta. Portanto, é preciso saber quando acelerar ou sossegar seu parceiro para que ambos estejam em sintonia com o jogo. Muitas vezes, nas duplas, vence a parceria que mais bola em jogo colocou e não a mais agressiva. Portanto, às vezes, caso seu parceiro esteja errando muito por tentar jogar mais agressivamente, lembre-o de fazer os adversários jogarem e terem a chance de errar.

8. Tente manter o momentum. Se você e seu parceiro estão em um bom momento, ganhando pontos e games, tente manter isso. Não é fácil, pois há adversários do outro lado que querem vencer. Mas tente não se incomodar com pontos perdidos, especialmente os bobos, mantendo sempre uma “vibe” positiva. Passe essa sensação para o seu parceiro.

9. Sempre que possível, diga o que você vai ou pretende fazer no próximo ponto. Um bom líder é um estrategista e, mais do que isso, tem confiança em sua tática. Melhor ainda, ele inclui o parceiro tanto no pensamento estratégico quanto na execução. Por exemplo: “Pretendo sacar fechado e quero que você cruze a rede. Se a bola vier cruzada, você voleia no pé do cara da rede. Se vier paralela, eu sigo na paralela até você ter uma outra oportunidade de interceptar. Ok?”.

10. Um bom líder é humilde e, além de liderar, sabe reconhecer seus erros e também ouvir. Assumir a culpa, sem se penitenciar extremamente, é importante para que seu parceiro perceba que tem ao seu lado um igual e não um “ser perfeito”. É preciso ainda saber quando ouvir e acatar as sugestões do parceiro, pois, em uma partida, há momentos de altos e baixos entre os tenistas e ambos precisam de um apoio quando estão para baixo.

Arnaldo Grizzo

Publicado em 26 de Outubro de 2016 às 16:47


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