Os feitos de Roger Federer em 2008 já permitem que o suíço seja chamado de "O Maior da História"
Da redação em 6 de Setembro de 2009 às 20:54
Federer vestido a caráter deposi de vencer Wimbledon pela sexta vez |
A estes, a maior parte dos fãs de tênis, cuja mente raramente é tão elevada em relação a qualquer coisa, pode responder com uma réplica. Primeiro, tênis ainda é tênis, sejam quais forem as mudanças na preparação física e nos equipamentos utilizados que tenham advindo nos últimos anos, você ainda usa a raquete para mandar a bola sobre a rede. Segundo (e talvez ainda mais importante), não temos escolha nesta questão. Mesmo que a metade racional de nossa mente nos diga que o jogo que Bill Tilden jogava nos anos 20 não é exatamente o mesmo que Roger Federer joga hoje, o lado fanático nos obrigará a ir em frente e colocar em oposição a carreira de cada um, de qualquer forma. Somos apaixonados por esporte porque queremos saber quem vai vencer, mesmo que a partida em questão só possa ser disputada em nossos sonhos. Por que nos privarmos deste prazer?
Racional ou não, os jogos entre os "maiores de todos os tempos" são importantes em todos os esportes. Mas este verão (na Europa), em particular, foi o começo de uma nova temporada para "estes eventos" Isso porque Federer, depois de cinco anos de uma dominação quase total e de igual consistência, tomou de assalto o livro dos recordes ao vencer pela primeira vez o Aberto da França e pela sexta oportunidade o Aberto da Inglaterra. Em um mês e meio ele rompeu duas barreiras rumo à imortalidade no tênis: em Paris, se tornou o terceiro homem na era Aberta, depois de Rod Laver e Andre Agassi, a vencer todos os quatro Grand Slams; em Wimbledon, quebrou o recorde de maior número de Grand Slams de Pete Sampras, conquistando seu 15° troféu.
Com as irrefutáveis provas de sua versatilidade em todas as superfícies e sua imbatível competência nos grandes eventos, a pergunta agora pode ser feita: É esse suíço de sorriso cativante e estilo ingênuo o maior jogador da história.
As respostas conflitantes a essa pergunta começam no topo, com os três homens que mais freqüentemente são colocados junto a Federer neste debate. Sampras admitiu que após a vitória do suíço no Aberto da França - o único Grand Slam que ele (Sampras) não venceu - Federer merece ser chamado de O Melhor da História. Mas, quando questionados sobre o mesmo assunto, em Wimbledon, Laver e Bjorn Borg, afirmaram que não havia resposta definitiva a essa questão.
Os argumentos em favor de Federer sustentam-se primeiro e principalmente em seus 15 títulos de Grand Slam. Há muito tempo é aceito como verdade que esses eventos são os verdadeiros testes para identificar uma supremacia no tênis, e Federer possui mais deles que qualquer outro. Quem pode argumentar com isso? Muitos tentam, dos tradicionalistas aos apreciadores do jogo de Laver, Borg, Sampras e Rafael Nadal. Sejam eles quem forem, seus argumentos contra Federer giram em torno de quatro questionamentos. Qualquer um que tente defender Federer como o maior de todos os tempos tem que contraportodos os quatro.
1. Federer não venceu todos os Grand Slams em um ano, a maior façanha que um tenista pode alcançar. Budge alcançou tal feito uma vez, Laver duas.
Não há duvida que vencer todos os quatro Grand Slams em uma temporada é a glória máxima do esporte, e Federer ficou a uma partida desta façanha, tanto em 2006 quanto em 2007. Por outro lado, fechar o Grand Slam é a conquista de uma temporada, em vez da conquista de uma carreira inteira. Se você acredita que os dois Slams de Laver - ele venceu seu primeiro em 1962, sem ter que enfrentar profissionais como Lew Hoad, Pancho Gonzalez e Ken Rosewall, que não podiam disputar Majors - sozinhos tornam ele intocável, você deve se perguntar? Se Laver tivesse vencido uma única partida nas outras temporadas, sua carreira ainda assim seria maior que a de Federer. A resposta, obviamente, é não.
2. Falando no Rocket, Laver venceu 11 Majors, mas como profissional ele não pôde disputá-los de 1963 a 1967, o auge de sua carreira. É quase certo que ele teria terminado com mais de 15 se não tivesse desperdiçado essas cinco temporadas.
É mais do que razoável pensar que sim. Laver venceu quatro Majors consecutivos antes de "abandonar" estes torneios, e cinco dos primeiros sete que disputou ao voltar a disputá-los, em 1968. Mas lembre-se novamente que os primeiro quatro vieram diante de amadores, e que, se fosse permitido aos profissionais jogar os Majors ao longo dos anos 60, seus principais rivais teriam batalhado com ele esse tempo todo.
O mais importante, porém, é o "Se" desta questão acima. Ninguém sabe o que teria acontecido com Laver nestes eventos. Isso é tópico para o outro jogo de adivinhações, "E se"? No debate de quem é o melhor de todos os tempos as únicas coisas em que podemos nos basear são as estatísticas a nossa frente. Uma vez que damos espaço para o "Se", onde vamos parar. Tempos que considerar o fato de Borg, que também encerrou a carreira com 11 títulos de Grand Slams, ter jogado o aberto da Austrália apenas uma vez?
3. Isso nos leva a outro ponto: No passado os principais jogadores não sentavam e ficavam contando seus troféus. Borg jogou o Grand Slam australiano apenas uma vez, Jimmy Connors jogou duas. Por que os Majors têm que ser o começo e o fim neste debate? Fereder executa seu elegante forehand em Roland Garros.
Verdade, os Grand Slams ganharam importância nos últimos vinte anos, Sampras os elevou ao status de Olympus ao dizer que eles eram essencialmente tudo o que importava. Ainda assim, desde Tilden, os jogadores têm concentrado seus esforços nos quatro grandes. Em relação a esse ponto de títulos de Grand Slams de Federer estão longe de ser sua única defesa. Aqui está uma pequena lista de outras: De 2004 a 2008, ele permaneceu na primeira colocação do ranking por 237 semanas consecutivas, um recorde; em 2006, realizou uma temporada que entrou para história, com 92 vitórias e 5 derrotas, chegando a 16 finais em 17 torneios disputados, e levantando 12 troféus; o suíço é o recordista em premiação em todos os tempos, tendo ganho quase US$50 milhões de dólares antes de completar 28 anos; de 2005 a 2007, Federer estabeleceu o recorde de 10 finais consecutivas de Grand Slam (Laver conseguiu seis, Sampras três); e chegando ao US Open, atingiu a marca de 21 finais de Grand Slam consecutivas, um recorde masculino que deve permanecer por tanto tempos quanto a marca de rebatidas consecutivas de Joe DiMaggio no Baseball.
4. Esqueça o passado: como ele pode ser o melhor se tem um recorde de 7 vitórias e 13 derrotas diante de seu principal rival, Rafael Nadal, e venceu apenas duas das sete finais de Majors que os dois disputaram?
Você pode dizer que todo super-homem tem sua criptonita. Enquanto Nadal dominou o suíço por um longo período de tempo - ele venceu Federer seis vezes consecutivas, entre a primavera (na Europa) de 2008 e a primavera de 2009 - o histórico do confronto mano a mano entre os dois parece mais negativo para Federer do que realmente é. De certo modo, Federer foi punido por jogar melhor na superfície em que Nadal é dominante do que o espanhol nos pisos em que o suíço se dá melhor. Federer tem apenas duas vitórias em sete finais de Grand Slam contra Nadal, porque ele perdeu a final de Roland Garros, em Paris, por três vezes. Nadal nunca chegou à final no Aberto dos Estados Unidos, e por isso nunca enfrentou Federer onde o suíço é o atual pentacampeão.
Se Nadal, 23, lidera o confronto direto entre os dois e está a frente de Nadal de Federer no ritmo de conquistas de Grand Slam, isso tudo significa que em cinco ou dez anos nós poderemos estar falando de um novo melhor do mundo. Mas ainda não. Os melhores jogadores treinam para vencer torneios, não para derrotarem certos oponentes. E é assim que eles devem ser julgados.
Os racionais estão certos uma coisa: o único método de ranquear jogadores de diferentes gerações e compará-los usando como critério as frias e duras estatísticas. Não ganhamos nada ao assistir velhos filmes de Budge e Tilden, achando que Federer iria varrê-los de quadra. Tudo o que podemos nos perguntar é se esse jogador derrotou o cara do outro lado da rede, não se venceria um possível oponente no futuro. Ainda assim o brilho singular de um tenista não pode ser completamente captado pelos números. Da autoridade teatral de Tilden, a explosividade bem delineada de Laver, a frieza de Borg e ao pragmatismo de Sampras, cada característica mapeia o comportamento de um mestre do esporte.
Isso também acontece com Federer? Há alguns anos ele tinha reações de um mau perdedor. Ficava ultrajado ao ser batido por jogadores que não eram capazes de chegar aos pés de sua "bela técnica". Federer uniu a qualidade estética do jogo técnico com os resultados, algo raramente feito na era do "tênis força". Ele escreveu seu nome na história.
Assista ele, assista a bola cuidadosamente batida por suas cordas. Observe sua extensão, sua movimentação de backhand sem deixar o corpo sair do lugar. Veja sua transição para frente sem deixar de posicionar o corpo para bater a bola, mesmo correndo em direção a ela. Mais que qualquer outro jogador na história, Federer faz da elegância, que no tênis significa jogar com estilo e correção, a fórmula para a dominação. Em um tempo em que a força bruta parece inevitável, ele recolocou o tênis em contato com suas origens na graciosidade aristocrática e livrou os tradicionalistas do tênis força. Chame isso de um novo ideal para o esporte: Federer nos mostrou que a mais bela técnica pôde criar o mais explosivo, o mais efetivo e, sim, o maior jogador que o tênis já viu.
From Tennis Magazine. Copyright 2009 by Miller Sports Group LLC. Distributed by Tribune Services
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