Um jovem, nascido em Alagoas, de família pernambucana radicada no Paraná, foi campeão da Copa Gerdau em Porto Alegre
Arnaldo Grizzo em 2 de Abril de 2008 às 07:59
Para muitos técnicos, são histórias de vida marcadas pela superação, como a de Zé Pereira, que podem mudar a cara do tênis brasileiro. E determinação definitivamente é o que não falta para este garoto de 17 anos. Há três anos, ele se destaca nas categorias menores e, em sua primeira jogando entre os meninos de 18, começa bem, atingindo a sétima posição após a vitória na competição de Porto Alegre. Antes, porém, ele já havia sido campeão das etapas do Paraguai e da Bolívia do Circuito da Confederação Sul-americana de Tênis (Cosat) e semifinalista do Banana Bowl, em São José dos Campos.
O menino é humilde e paciente, e isso se reflete em seu jogo. Com boa movimentação e golpes consistentes e conscientes, Zé Pereira sabe esperar o momento certo para atacar o adversário. No Banana Bowl, ele só parou diante do talentoso sérvio Filip Krajinovic, que mais tarde perdeu a final para o forte, porém inconstante, argentino Juan Vazquez Valenzuela. Mas, na Copa Gerdau, nem o cabeça um, o salvadorenho Marcelo Arévalo - também de estilo baseado na regularidade e inteligência - conseguiu superar o brasileiro na final.
Ana Bogdan | Filip Krajinovic |
Contudo, o tenista de El Salvador - país que possui apenas dois jogadores com ranking na ATP, o próprio Marcelo e seu irmão mais velho Rafael - foi o responsável pela eliminação do brasileiro Rafael Camilo - irmão mais novo do judoca Tiago Camilo, medalha de prata nas Olimpíadas de Sydney 2000 - nas quartas. Camilo ganhou um convite da organização para participar do torneio em Porto Alegre, pois não tinha ranking juvenil, já que se dedica aos torneios profissionais. O paulista possui muito vigor nas batidas, sabe se impor, mas sofreu com um oponente que usou o peso de sua bola para contra-atacar.
Juvenil ou Profissional?
Acompanhar uma competição juvenil é interessante e eventos grandes e importantes como o Banana Bowl e a Copa Gerdau, que juntam jovens de 12 até 18 anos, em diferentes fases de desenvolvimento tenístico e humano, são ricos neste sentido. Esse bando de meninos e meninas já possui uma rotina de atleta profissional, mas trejeitos singelos de crianças. Se um dia eles sorriem após uma vitória improvável, no outro choram escondidos (ou não) por uma derrota, como se fosse a última partida de suas vidas. Durante um mesmo jogo, passam da vibração à revolta, devido à sua inconstância. Nessa idade, tudo parece questão de vida ou morte.
Rafael Camilo | Juan Vazquez Valenzuela |
Alguns viajam em grupo, outros sozinhos. Alguns interagem, outros se isolam. A língua usada nas conversas é uma mistura de inglês, espanhol, francês, russo e o que mais houver por perto. O computador é instrumento tão importante quanto a raquete, pois, se não define o ponto, mata a saudade. Se a maioria é tímida quando diante dos olhos dos espectadores, fica à vontade para flertar com algum colega e engatar um namorico.
Marcelo Arévalo |
Em quadra, a falta de maturidade é determinante. Não é difícil ver um garoto alto que tem problemas no saque. Há ainda aqueles baixinhos que surpreendentemente apelam para o saquee- voleio. Alguns ainda nem definiram se seu backhand é com uma ou duas mãos. Tática de jogo é algo que eles, apesar de saberem o que significa, simplesmente se esquecem quando a coisa aperta. Aí, apelam para o coração, que nem sempre é confiável. Ganhando ou perdendo, ouvem um belo sermão do técnico (ou pai). Uns têm paciência para a ladainha, outros nem tanto.
No fim, a verdade é que eles são apenas garotos, que ainda estão aprendendo como as coisas funcionam, não só no tênis, mas na vida. Tratados como adultos, alguns já se mostram preparados para as responsabilidades que se avizinham, outros ainda não se preocupam. No entanto, eles ainda são crianças, no máximo adolescentes, e não merecem ser cobrados tão cedo, pois o esporte, antes de tudo, é sinônimo de lazer e diversão. Se José Pereira ou outros Zés vão, ou não, se tornar grandes profissionais, só o tempo dirá.
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RESULTADOS | |
Copa Gerdau 18 anos 16 anos 14 anos 12 anos |
Banana Bowl 18 anos 16 anos 14 anos 12 anos |