Descubra o porquê de o esporte da raquete ser o maior mercado esportivo do mundo
Da redação em 5 de Fevereiro de 2007 às 14:33
Profissionais de marketing explicam porquê investir no charme do esporte é um ótimo negócio para as empresas |
É IMPOSSÍVEL CALCULAR quantas vezes o tênis aparece na tevê, nas revistas, nos jornais, enfim, na mídia brasileira, para vender alguma coisa. Prédios residenciais de luxo, flats para executivos, condomínios à beira mar, roupas esportivas, relógios, perfumes, carrões, produtos de beleza, alimentos... Associado à qualidade de vida, para alguns - como o presidente da Women Tennis Associaton, Larry Scoot - é potencialmente o maior mercado esportivo do mundo. No Brasil, empresas como o Banco do Brasil e a Bosch há muito descobriram este filão.
O diretor de marketing e comunicação do Banco do Brasil, Paulo Rogério Cafarelli, credita à esta ligação com o esporte o fato de o seu banco ser o mais lembrado do Brasil. "Acabamos de ganhar pela décima-sexta vez consecutiva o prêmio Top of Mind. Isto se deve, naturalmente, à imagem que temos associada ao esporte brasileiro". Tênis, iatismo, futsal e vôlei são as modalidades que recebem investimentos diretos do Banco do Brasil, que reserva R$ 50 milhões por ano para o segmento esportivo. O patrocínio do Brasil Open, na Costa do Sauípe, único torneio ATP realizado no País, faz parte desta estratégia. "No Brasil Open, além de divulgar a marca, aproveitamos para fazer relacionamento com três segmentos importantes: clientes de alta renda, grandes empresas e o governo", diz Cafarelli. Caffarelli admite que o mercado bancário está entrando em fase de grande competitividade, por isso "nosso objetivo é estar mais próximo de nossos clientes". Na busca desta maior proximidade, o slogan foi mudado de "Banco do Brasil, o tempo todo com você", para "Banco do Brasil, todo seu".
Para Mauro Correia, superintendente de marketing da Bosch, a imagem do tênis e seu público são totalmente compatíveis com os produtos de sua empresa. "Os eletrodomésticos Bosch possuem uma boa participação no mercado premium no Brasil, pois a marca, além de qualidade, tecnologia e inovação, é sinônimo de sofisticação. E são exatamente esses valores que um torneio de tênis empresta a qualquer marca", diz ele.
A Bosh vê a sua participação no Brasil Open, segundo Mauro Correia, como "uma excelente oportunidade para mostrar e demonstrar nossos eletrodomésticos. Além disso, as ações propostas para exposição da marca e dos produtos foram decisivas para investirmos".
COM OU SEM ÍDOLO
Tanto Paulo Rogério Cafarelli, como Mauro Correia, acham que o tênis crescerá naturalmente pelo valor que tem como atividade saudável e de grande apelo social, mas admitem que o surgimento de um ídolo acelera o crescimento, como aconteceu no auge de Gustavo Kuerten.
"Com um ídolo o crescimento é mais rápido porque ele estimula mais os jovens", diz Cafarelli. Mauro Correia concorda: "Poucos são os esportes que possuem o charme do tênis, e mesmo sem o surgimento de um ídolo, ele permanecerá servindo como apoio para divulgação de diversas marcas e produtos. Mas o Brasil necessita de tenistas de maior expressão para potencializar o marketing desse esporte. Eu mesmo, que não sou fanático, estava sempre informado sobre o ranking dos tenistas quando o Guga estava entre os 10 melhores do mundo".
O tênis cresce com ou sem ídolo, mas com ele é muito mais rápido |
E se estes especialistas em marketing dirigissem a Confederação Brasileira de Tênis, o que fariam para promover um salto de popularidade no tênis nacional? Correia não se atreveu a qualquer prognóstico, mas Cafarelli alertou para a importância do trabalho de base. Para ele, "as crianças deveriam ter uma iniciação no tênis. Esse trabalho de base é essencial".
Uma pesquisa acadêmica de Lamartine Pereira da Costa, professor de mestrado e doutorado de Educação Física da Universidade Gama Filho, mostra que o crescimento do mercado esportivo no País é uma realidade, pois, acima de tudo, tem a ver com o estilo de vida do povo brasileiro. Segundo seus cálculos, há quatro anos o esporte recebia entre 1% e 1,6% do Produto Interno Bruto, o que representou cerca de R$ 16 bilhões em 2002.
Agora, com novas leis de incentivo ao esporte e a organização dos Jogos Pan-americanos do Rio de Janeiro, em julho, que atrairão mais recursos para a área, o Brasil estará mais perto de dar o esperado salto para se tornar uma potência olímpica. Espera-se o aquecimento do mercado de várias modalidades que participam dos Jogos Olímpicos e Pan-americanos, entre elas o apaixonante tênis.