Tênis, custe o que custar!

Felipe Andreoli, o descontraído repórter do programa CQC, não perde o bom humor sequer dentro de quadra

José Eduardo Aguiar em 23 de Março de 2010 às 11:30

Quem acompanha as matérias de Felipe Andreoli, descontraído e irreverente repórter do programa CQC, da rede Bandeirantes, já imagina um pouco de como é a personalidade da "figura". Com seus cabelos desarrumados e encaracolados, chegou a ser chamado de Guga por amigos e colegas, ainda mais quando deixava a barba por fazer. o apelido, mais pelo visual do que pelo tênis apresentado, é motivo de orgulho para Andreoli, um amante nato do esporte da raquete e verdadeiro "leão de quadra".

"O tênis é um esporte completo, que mexe com todas as partes do corpo. Também amo futebol, mas hoje se me perguntarem digo que prefiro pegar minha raquete e bater uma bolinha"

Aos 12 anos, as primeiras raquetadas eram dadas no Hotel Transamérica, em São Paulo, e o menino começava a sonhar alto com o esporte. Porém, como muitos outros garotos, viu na questão financeira uma intransponível barreira e acabou largando os treinos. Fã de tênis desde então, teve no tcheco ivan lendl seu primeiro ídolo, mas foi o revolucionário Andre Agassi quem marcaria a infância do repórter. "Quando o Agassi surgiu, tudo mudou. mesmo com essa polêmica do livro, das drogas, continua sendo meu ídolo. não só pela pessoa que é, pela imagem que passava, mas também pela irreverência que trouxe ao tênis, as roupas coloridas, faixa na cabeça. identifico-me com esse estilo", garante o igualmente (ou mais) descontraído fã do norte-americano.


"Faço questão de ter as minhas aulas pelo menos uma vez por semana, duas quando possível"

Após longos sete anos longe do tênis, Andreoli tirou a raquete da gaveta e voltou a jogar já aos 20 anos (atualmente tem 30). "Minha tia morava em um prédio que tinha uma quadra, então voltei a brincar com meu tio, que também jogava. Depois, passei a brincar na casa de um amigo em Itu, que também tinha quadra, e assim fui voltando, aos poucos, a pegar gosto pela coisa", lembra. Mas foi apenas há dois anos que a brincadeira passou a ficar um pouco mais séria e ele voltou a treinar. Aos cuidados de Rodrigo Barbosa, filho do ex-tenista e também treinador Givaldo Barbosa, Andreoli passou a ter aulas de uma a duas vezes por semana e viu seu tênis evoluir consideravelmente.

"Hoje já estou jogando alguns torneios organizados pelas academias que a gente treina. No começo, o Rodrigo me colocou para jogar com uns caras mais ´meia boca´, então fui ganhando", brinca. "Aí, no segundo semestre do ano passado, ele me colocou para jogar com uns caras mais ´feras´ e acabei tomando algumas pauladas".

"FAÇO QUESTÃO DE TER AS MINHAS AULAS"

Com uma rotina diferente dos "alunos normais", Andreoli passa por alguns problemas na hora de marcar as suas aulas, mas nada que atrapalhe a vontade de jogar. "Faço questão de ter as minhas aulas pelo menos uma vez por semana, duas quando possível. O tênis é um esporte completo, que mexe com todas as partes do corpo. Também amo futebol, mas hoje se me perguntarem digo que prefiro pegar minha raquete e bater uma bolinha".

Responsável pela evolução do aplicado aluno, Barbosa conta que a dedicação de Andreoli é fundamental nos treinos e rechaça um tratamento diferente por treinar uma "celebridade". "Com o Felipe não tem frescura. Se precisar dar uma bronca, dou. Ele é um cara muito aplicado, que não gosta de perder. Uma vez ele perdeu um jogo ganho, não tive dúvidas. Esperei um pouco a raiva dele passar e já liguei no celular para dar aquela dura".

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"Apesar do visual parecido com Guga, estilo de Andreolli em quadra lembra mais o de Marat Safin, pelos "nervos à flor da pele e raquetes jogadas ao chão"

BOAS LEMBRANÇAS E MOMENTOS EMOCIONANTES

Amante declarado de tênis, o repórter do CQC se mostra também um "expert" no assunto. Bem informado, esbanja conhecimento e memória para lembrar de grandes momentos da história do esporte. Fã de Guga, claro, aponta alguns jogos inesquecíveis do catarinense, que ao lado de Agassi é o seu maior ídolo.

"Lembro de muitos jogos marcantes do Guga. Teve aquele que ele quase perdeu para o (Michael) Russell em Roland Garros 2001, um cara desconhecido que veio do qualifying. Lembro de uma vez que ele suou contra um holandês que nem conseguia andar (o adversário era John van Lottum, que se machucou durante a partida e jogou mancando por bom tempo)", recorda-se o jornalista, sem deixar de citar alguns grandes momentos da carreira do catarinense: "O momento mais marcante para mim foi quando ele venceu Sampras e Agassi no mesmo fim de semana para ganhar a Masters Cup de Lisboa, em 2000".

Acostumado a ver as raquetadas do catarinense pela tevê e vibrar com suas inesquecíveis conquistas, Andreoli conta como foi o primeiro encontro com o ídolo, durante a gravação de uma matéria em 2009. "Quando vi a matéria pela tevê fiquei até com vergonha. Parecia uma criança quando vê o Mickey (Mouse, personagem da Disney). Foi realmente muito especial para mim, não é fácil estar diante do cara que você sempre idolatrou.Só senti isso duas vezes, com Guga e com Ronaldo (atacante do Corinthians)".

Atualmente, é Roger Federer quem mais encanta este divertido amante do tênis. "O Federer é um cara que joga bonito, parece que não faz força. A sua bola sequer faz barulho. O (Yevgeny) Kafelnikov falava que a esquerda do Guga era com uma pincelada de Picasso, e o Federer tem isso em todos os golpes". Porém, a chance de ver de perto o suíço ainda não chegou para o repórter. "O jogo mais marcante que vi ao vivo foi a final das Olimpíadas da Pequim, Nadal contra Gonzalez. Espero poder ver ainda o Federer", diz.


Andreoli tem em Agassi e Guga seus dois maiores ídolos no esporte. O repórter do CQC conta que uma de suas maiores emoções foi encontrar Kuerten: "Parecia uma criança quando vê o Mickey".

Estilo Fino e desafio

Se dentro das quadras a inspiração sempre foi Gustavo Kuerten - embora Andreoli reconheça que seu estilo dentro de quadra está mais para Marat Safin, "pelos nervos à flor da pele e as raquetes jogadas ao chão" -, fora delas a grande inspiração é Fernando Meligeni, amigo desde os tempos de estagiário na TV Cultura. "Conheço o Fino de muitos anos, é um cara fantástico, com um coração enorme. Além de tudo o que representou para o tênis brasileiro, a raça que só ele tinha, aquela final história no Pan contra o Marcelo Rios", conta Andreoli, que não perde a chance de desafiar o amigo ex-tenista. "Escreve aí que quero pegar o Fino. Se ele conseguir ganhar cinco pontos de mim em um tiebreak, pago para ele um almoço", desafia o confiante amante do tênis, em tom de brincadeira, claro.

Se depender do esforço que vem dedicando nos treinamentos, talvez Andreoli não faça tão feio diante do ex-tenista. Porém, a única garantia que se tem é de que o hipotético duelo seria regado a piadas, tiradas de sarro e muitas gargalhadas. O mundo do tênis dá as boas vindas ao humor de Felipe Andreoli.

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