11 dicas para evitar que seu adversário tente lhe “garfar”
Por Arnaldo Grizzo em 28 de Julho de 2014 às 00:00
Precisamos saber nos conter quando jogamos contra pessoas com esse tipo de caráter duvidoso
TODO CLUBE TEM ALGUNS estereótipos tenísticos que se repetem. Há o “profissional”, que chega sempre com camiseta e calção novos, faz questão de abrir um tubo de bolas toda vez, passa meia hora aquecendo e arrumando sua raquete, grip, munhequeira etc, antes de ir para a partida. Há também o “rato de quadra”, para quem você nunca dá muito valor, pois ele parece meio maltrapilho, geralmente tem uma técnica estranha, mas, no fim, dá um trabalhão na hora do jogo. Há ainda o “baloeiro”, que abusa do spin e das bolas altas, fazendo de toda partida uma maratona. Enfim, há diversos personagens diferentes e, entre eles, sempre vai ter o “garfador”.
Esse talvez seja o pior dos tipos, pois é o cara que vai contra um dos preceitos básicos de um “jogo de cavalheiros”, como o tênis é conhecido, que é a ética, o fair-play. Ainda assim, em todo lugar há um jogador que cisma em “se enganar” nas chamadas de bola dentro ou fora, especialmente nos pontos mais cruciais, o que, inevitavelmente, deixa o adversário extremamente irritado e também, de certa forma, decepcionado, minando seu psicológico e, com isso, seu jogo.
Os garfadores costumam ser gatunos espertos, geralmente sempre levando o oponente a crer que talvez sua bola tenha mesmo saído, tamanha sua audácia e firmeza na hora de cantar uma bola dentro como sendo fora. Como todo bom ladrão, ele usa de uma certa dose de blefe para medir a reação do rival diante de suas chamadas equivocadas, esperando pela presa. E, quando percebe que o peixe mordeu a isca, já era, fim de jogo.
A técnica do garfador acaba afetando a parte mental de seu adversário, desmoronando seu jogo, pois dificilmente alguém abalado consegue manter a frieza dos golpes no tênis, um esporte que requer muita precisão na coordenação olho-mão. No tênis, quem manda é a cabeça e não os músculos. Sem o controle mental adequado, não se consegue fazer nada. Isso está mais do que provado.
Sendo assim, precisamos saber nos conter quando jogamos contra pessoas com esse tipo de caráter duvidoso, que, infelizmente, é mais comum do que se pode imaginar. Então, para que o ditado “a ocasião faz o ladrão” não se torne verdadeira também na quadra, vamos dar algumas dicas para você evitar, ou ao menos minimizar, os estragos quando estiver diante de um oponente que age dessa forma lastimável.
Não adianta tomar uma posição de confronto, pois é exatamente isso o que ele quer: uma chance de desestabilizar o seu jogo
1. A primeira regra, a norma básica e fundamental, para evitar ser garfado em quadra é sempre, repito, sempre fazer a contagem em voz alta. Isso faz com que você se lembre mais facilmente da pontuação do game e do set, além de “intimidar” seu rival caso ele esteja pensando em garfar na contagem, pois vai acreditar que você está prestando atenção.
2. Nas bolas duvidosas na quadra rival, se nada foi dito pelo oponente, não houve nenhum gesto, nem de bola boa ou fora, primeiramente pergunte a contagem, antes de assumir que o ponto foi dele ou seu. Definitivamente, não assuma que o ponto foi para você nem para ele. Ao assumir a bola como boa, contar o ponto para si e ele retrucar que não, que a jogada foi fora, você está tomando uma posição de confronto e é exatamente isso o que o adversário quer: tirar você do sério. Da mesma forma, também não se deve assumir que o ponto foi dele, pois isso também dará uma demonstração de subserviência, fazendo com que seu rival tenha plena consciência de que você não contestará nada, apenas baixará a cabeça e perderá a partida. Então, o melhor é perguntar a contagem. Se ele pegar o ponto para si, aí vale questionar se a última bola foi dentro ou fora, para deixar claro que você tem dúvida sobre a marcação.
3. Você sabe que seu adversário é um garfador antes mesmo de entrar em quadra? Já coloque na mente que é preferível jogar com uma margem maior, evitando as linhas, trabalhando melhor os pontos para conseguir definir sem arriscar demais ou então, melhor ainda, para forçar os erros do oponente.
4. A bola foi duvidosa e a quadra é de saibro? Está esperando o quê? Peça para ver a marca. Não perca a calma, não se intimide, apenas peça para ver a marca, vá até lá, observe e constate o que realmente aconteceu. Se for fora, ok, ponto dele. Se for boa, não há questionamento, ponto seu. Voltar a jogada? Nem pensar, a regra diz claramente que, se a marca está boa, mas foi cantada fora, o ponto é seu. Não tem volta. Mas ele não sabe indicar onde foi a marca? Problema dele, o ponto é seu. De forma alguma aceite voltar a jogada. Se ele souber a regra, vai tentar achar uma marca fora e dizer, então, que a bola saiu. Tudo bem, melhor assim. Vocês podem debater um pouco, apenas para você deixar bem claro que ele não vai poder lhe engambelar nas marcações. Da próxima vez que ele cantar fora, vai tentar achar a marca em 2 segundos. Lembre-se ainda que, se não houver espaço entre a marca da bola e a linha, a bola é boa.
Não entre na dele, não tente roubar você também. Isso não levará a lugar algum, apenas a uma estúpida batalha de egos ignóbeis
5. Garfadores geralmente se aproveitam da boa índole e do fato de a maioria das pessoas querer evitar confrontos, então, muitos, antes de começarem a roubar, tendem a lhe perguntar se gostaria de voltar o ponto quando tiver dúvida na marcação. Nunca aceite isso, pelo menos não quando souber que o rival tem esse tipo de caráter, pois ele proporá isso nas primeiras bolas, geralmente em pontos menos importantes e provavelmente em jogadas que você terá plena certeza de que acertou. Nas bolas que você também tiver dúvida, acredite, ele vai dar fora e não lhe dará chance de “voltar o ponto”. Ele vai usar essa tática mental também para fazer com que você se sinta culpado ao cantar fora uma possível bola duvidosa dele no decorrer da partida. Então, quando ele perceber que você não tem certeza, pedirá para voltar o ponto.
6. Então, seguindo a lógica da dica anterior, mostre convicção nas suas marcações. Garfadores costumam se aproveitar de momentos de fraqueza, portanto, não demonstre isso na hora de marcar as bolas do seu lado da quadra. Cante-as com convicção, mesmo que não tenha plena certeza, obedecendo, obviamente, sua consciência.
7. Não entre na dele, não tente roubar você também. Isso não levará a lugar algum, apenas criará um círculo vicioso entre vocês dois e tornará a partida uma estúpida batalha de egos ignóbeis e não de tênis. Não se torne aquilo que você despreza apenas para vencer um jogo.
8. Saiba manter a calma e não se desesperar. Não demonstre estar chateado com as marcações e nem consigo mesmo. É isso o que ele quer, desestabilizar a sua mente e o seu jogo, assim você vai passar a errar e ele sequer precisará continuar garfando bolas para vencer. Também não é preciso ter “sangue de barata”. Diante de uma marcação duvidosa, olhe enviesado, questione, mas sem se exaltar.
9. “Tem certeza?” Acredite, essa pergunta, quando feita de forma “despretensiosa” e recorrente, pode desestabilizar um pouco o seu rival garfador. Você não deve questionar todo ponto, pois isso revela seu desequilíbrio, mas, sempre que puder, tenha essa pergunta na ponta da língua. Não a faça de forma raivosa ou desdenhosa, mas, despretensiosamente, como se fosse uma pergunta comum como “Que horas são?” Isso mostra que você está de olho nas atitudes dele e pode até intimidá-lo em alguns momentos.
10. O bom garfador, na verdade, evita roubar sempre. É como um jogador de pôquer: ele não quer ficar marcado como blefador. Ele apenas quer garantir sua vitória, portanto, vai escolher bolas específicas para garfar. Esses são os tipos mais perigosos, então, fique atento e saiba identificar os momentos em que ele tende a “se enganar” na marcação das bolas para jogar com um pouco mais de segurança ou forçá-lo ao erro.
11. “Vamos!” Comemorar o ponto também é uma forma de intimidar o garfador. Se você percebe que sua bola foi boa e ganhou o ponto, cerre o punho, solte um “Vamos!” e já faça a contagem. Sim, há garfadores tão cara de pau que vão lhe interromper e dizer que a bola saiu, porém, ter uma atitude de “venci o ponto” faz com que muitos deles fiquem inibidos.