Saiba usar a arma com que Roger Federer deixa seus adversários desconcertados
Carlos Omaki em 20 de Agosto de 2012 às 14:06
O JOGO DE TÊNIS ESTÁ CADA VEZ mais competitivo em termos físico, mental e estratégico. Quanto melhor o jogador, mais seu jogo e suas armas são estudados, assim como suas preferências de jogadas e o percentual de uso em momentos-chave da partida. Por essa razão, novas opções precisam ser criadas para poder surpreender os adversários e gerar alguma confusão mental. Assim o jogo não se torna um videogame, em que os adversários conhecem todas as fases e basta seguir o "manual" (ou a estratégia) para vencer.
Quem ainda não reparou nos efeitos que o suíço Roger Federer usa para dar suas mortais e desconcertantes deixadinhas de esquerda? Além de curtas, ela saem para o lado de fora da quadra, tornando a tarefa de defendê-las triplamente difícil. Ou seja é preciso chegar na bola, calcular o efeito lateral e passá-la pela rede. E também não ser passado na sequência.
No início, ele as usava em seus momentos mágicos, quando as coisas dentro da quadra uíam perfeitamente bem, quase apenas como um requinte. Porém, a jogada passou a ser mais e mais usada por Federer e, claro, daí em diante por muitos outros jogadores.
Essa jogada não foi inventada pelo suíço, pois já é praticada como brincadeira, rula, ou mesmo requinte, por malabaristas das quadras, professores divertindo-se com seus inocentes alunos etc. Nunca, contudo, ela foi usada como uma verdadeira arma na partida.
O êxito do golpe gerou mais três variações: as contra-deixadas (curtas, é claro), o slice de fundo e o approach golpeado para o fundo da quadra, com o mesmo "veneno", carregados de efeito side-spin (efeito lateral). Essa arma ataca a movimentação, a precisão e o mental dos adversários e vem sendo usada como um slice, mas, na verdade, é um side-spin de backhand. E quem assistiu à semi nal de Wimbledon entre Federer e Novak Djokovic sabe que o suíço já "patenteou" o golpe na direita também... Mas vamos falar apenas do golpe de backhand aqui. Veja como executá-lo.
A base é a mesma do slice: apoio neutro e empunhadura Conti nental | A concentração da força está na transversal |
O ponto de contato deve ser mais à frente. Quanto mais baixo, melhor | Perceba o movimento de "J" da face da raquete para o lado |
Golpe pode ser usado em deixadinhas... | Ou mesmo em slices no fundo da quadra |
A base para este golpe é exatamente igual à do backhand slice (slice de esquerda para os destros). Use apoio neutro e empunhadura continental. A principal diferença está no ponto de contato, mais à frente e, quanto mais baixo, mais fácil de conseguir o efeito desejado. O movimento é basicamente o mesmo de um slice convencional, mas a concentração de força está mais na transversal do que de trás para frente. Para os slices, existe um movimento de punho que chamamos de "J" (pois é a forma resultante do movimento da raquete). Nos slices comuns, o "J" vem da face da bola para baixo. No slice com side-spin, o "J" será da face para o lado.
Bem treinado, esse golpe tem a mesma precisão e índice de acertos de um saque slice, por exemplo. Se você não quer usar este golpe, fique atento, pois ele existe e quem sabe o grau de dificuldade de jogar contra alguém que tem um bom slice já entendeu o novo problema que vai enfrentar nas quadras.