Raquete leve, por que não?

Com tantos avanços da tecnologia, parece ser coisa do passado ainda insistir em jogar com raquetes pesadas

Por Ricardo Dipold em 29 de Agosto de 2014 às 00:00

POR ACASO VOCÊ JÁ pensou em utilizar raquetes mais leves? Se não, pelo menos conhece alguém que já aceitou a mudança de utilizar uma raquete mais leve? Então, não se sinta inferiorizado se um dia cogitou essa hipótese. O tênis evolui a cada dia e temos que aceitar suas novas diretrizes, especialmente se queremos jogar cada dia melhor.

Tempos atrás, o preconceito em utilizar uma raquete mais leve vinha das recorrentes brincadeiras dos amigos, pois, um equipamento leve, indicava que a pessoa não jogava com tanta potência ou estava ficando velha. Havia ainda quem ousava avaliar o nível do tenista pelo tipo e peso de sua raquete. Hoje em dia, com toda tecnologia, essa maneira de pensar está totalmente ultrapassada e é fácil entender.

Uma raquete pesada ajuda em quê? Com ela, sentimos uma estabilidade muito grande, principalmente nos voleios de reflexo, naquelas jogadas em que você sobe à rede e seu oponente faz de conta que tem um alvo no meio do seu peito. Ele manda a bola com toda força e, nesse caso, com uma raquete mais pesada, é só colocá-la no ângulo certo e dar risada logo após o voleio firme e matador que você aplicou.

Então, uma raquete mais pesada é boa para neutralizar a velocidade da bola que está vindo contra sua raquete. Mas o tênis não é um esporte estático como o golfe, em que a bola está parada e você imprime a força e a velocidade que deseja sem maiores problemas de resistência contrária. No tênis, sempre que você rebate uma bolinha para o outro lado da quadra, é necessário neutralizar a velocidade do golpe adversário, imprimindo a sua velocidade. Assim, esse é o ponto positivo e principal motivo pelo qual tenistas profissionais utilizam raquetes mais pesadas.

Porém, como toda ação tem uma reação, para se conseguir realizar tudo o que um golpe de tênis exige em 4 milésimos de segundo, que é o tempo de contato da bola com as cordas da raquete, é necessário uma explosão muscular muito grande, coisa que dificilmente um jogador recreativo tem.

A questão do topspin

Tempos atrás, o tênis não tinha a carga de efeitos topspin de hoje. Esse golpe exige uma velocidade de cabeça da raquete maior do que um golpe chapado, por exemplo. Ele é o vilão das raquetes pesadas, pois demanda do tenista um grande preparo físico. Já passou pela sua cabeça quantas vezes você usa topspin em uma partida de tênis? Muitas, não? Já sentiu como é complicado realizar esse golpe várias vezes com a mesma intensidade? Sim, é difícil manter um padrão por tão longo período de tempo e nós, tenistas, esforçamo-nos ao máximo para conseguir essa proeza. É tanto esforço que, às vezes, passamos do limite que nossos corpos aguentam e aí abrimos caminho para uma lesão.

Sendo assim, podemos afirmar que, no tênis moderno, a velocidade da cabeça da raquete é muito importante. Rafael Nadal que o diga. Quanto mais rápido movimentarmos a cabeça da raquete, mais facilmente conseguimos um golpe mais perfeito (principalmente topspin), pois a massa física que movimentamos a cada batida (o peso da raquete) é menor, possibilitando realizar tudo o que é necessário para que a bola gire mais naqueles 4 milésimos de segundos de contato, para que a bola tenha uma RPM (rotação por minuto) maior. Quanto mais sua bola girar, mais topspin você terá. Com a bola girando mais rápido de cima para baixo, o ar a empurrará para o solo, o que se traduz em controle de bola – aqui não somente dado pelo direcionamento de seu golpe, mas, sim, pelo efeito rotacional da bola. Quanto mais a bola girar, mais controle teremos – menor a chance de ela sair das quatro linhas da quadra.

Para se conseguir realizar tudo o que um golpe de tênis exige em 4 milésimos de segundo, que é o tempo de contato da bola com as cordas da raquete, é necessário uma explosão muscular muito grande, coisa que dificilmente um jogador recreativo tem

Imagine um atleta que participa de torneios federados. Normalmente, em um único final de semana, ele faz, em média, dois jogos por dia. Já imaginou o estado de fadiga muscular desse tenista no domingo à tarde quando estiver disputando o terceiro set de sua tão sonhada final com uma raquete de peso maior do que o seu corpo suporta?

Personalização

As vantagens de uma raquete mais leve, não param por aí. Atualmente, é comum encontrarmos modelos com a cosmética parecida com dos grandes ídolos em, no mínimo, três configurações de peso diferentes. Vamos citar como exemplo a nova raquete de Roger Federer. Segundo a Wilson, ela possui as configurações na tabela abaixo:

 

New Pro Staff
RF 97 Autograph

New Pro Staff 97 New Pro Staff 97LS New Pro Staff 95S
Cabeça 97 in² 97 in² 97 in² 95 in²
Peso sem cordas 340 gramas 315 gramas 290 gramas 313 gramas
Balanço/Equilíbrio 30,5 cm /
12 pts HL
31 cm /
10 pts HL
32,5 cm /
6 pts HL
31.0 cm /
10 pts HL
Comprimento 27 in / 68,58 cm 27 in / 68,58 cm 27 in / 68,58 cm 27 in / 68,58 cm
Trama de cordas 16x19 16x19 18x16 16x15
Largura do aro 21,5 mm Flat 21,5 mm Flat 23 mm Flat 18 mm Flat

Mesmo o modelo do seu ídolo geralmente possui configurações de peso diferentes. Se você não for profissional, vale a pena experimentar os mais leves

Podemos verificar que a empresa tentou fabricar modelos que sejam adequados a todos os tipos de tenistas. São quatro configurações e, entre o primeiro modelo de 340 gramas e o segundo, de 315 gramas, existem várias medidas de peso que podemos atingir se personalizar o equipamento. Por exemplo, a uma Wilson New Pro Staff 97, com 315 gramas de fábrica, poderia adicionar mais 5 gramas em locais estratégicos para que ela fique com 320 gramas, ou adicionar mais 10 gramas deixando assim a raquete com 325 gramas e assim por diante.

Então, a vantagem da customização somente é possível em raquetes mais leves. Imagine fazer isso na primeira opção já com 340 gramas sem cordas. Como podemos adicionar peso? Quanto será o peso final dela levando em consideração que um set de cordas pesa aproximadamente 15 gramas, um overgrip, em média, 7 gramas e um antivibrador mais ou menos 3 gramas? Somando tudo isso, teríamos um peso final de 365 gramas! Como personalizar?

Por isso, nas raquetes mais leves, existe a possibilidade de você experimentar outros universos sem ter que trocar o equipamento todo. É possível adicionar peso de maneira gradativa e, se por acaso não gostar da nova configuração, é simples retornar ao padrão de fábrica.

Diante disso tudo, não tenha medo, nem vergonha. Teste, experimente, renda-se a novas possibilidades. O novo sempre vem e, no mínimo, será uma experiência que lhe trará muito conhecimento e novos horizontes.

Mais informações:
pontodecontato@raquetesparatenis.com.br

Cuidados

Sempre procure um profissional gabaritado, como um MRT – Master Racquet Technician (Técnico Mestre em serviços de raquetes) certificado pela ERSA – European Racquet Stringers Association (Associação Europeia de Encordoadores de Raquetes), para realizar a customização de seu equipamento, pois eles são treinados para que as modificações em sua raquete sejam feitas de maneira correta visando preservar a saúde e a integridade de seu braço. Para saber onde encontrar um MRT certificado pela ERSA, acesse: www.ersa-latinamerica.com

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