Dicas de como incentivar o tênis da forma correta na vida de seus filhos
Roberta Menezes em 28 de Março de 2016 às 08:00
A formação de um tenista engloba vários aspectos. Os principais dizem respeito à aprendizagem propriamente dita (técnica e tática do tênis), ao meio social e cultural no qual o tenista está inserido e às relações que são estabelecidas a partir da prática do tênis (relação do tenista com ele próprio, com a família, com o professor ou técnico e equipe, com o clube, estado e país onde vive; e ainda com o público).
Vamos nos ater especificamente à questão da relação tenista – família. Qual o papel dos pais no desenvolvimento do filho tenista? O que os pais esperam do filho tenista e o que o filho tenista espera dos pais?
A família é o primeiro grupo do qual a criança participa. É o núcleo que a aguarda com expectativas diversas. É fundamental que os pais tenham desejos com relação aos filhos, pois é isso que torna possível a formação dos vínculos afetivos.
Segundo a teoria do psicólogo Bruno Bettelheim, o objetivo básico de criar um filho é permitir que ele, em primeiro lugar, descubra quem quer ser e, depois, torne-se uma pessoa capaz de satisfazer-se consigo mesma e com sua maneira de viver. Deve ser capaz de fazer na vida o que lhe pareça importante, desejável e conveniente, de desenvolver relações construtivas, satisfatórias e mutuamente enriquecedoras com outras pessoas, e de suportar bem as pressões e as dificuldades que inevitavelmente encontrará durante a vida.
Assim sendo, vamos transpor isso para o universo do esporte. Os pais devem, de preferência, deixar que o próprio filho escolha o esporte que irá seguir. Vários esportes devem ser oferecidos e experimentados pela criança para que ela depois possa escolher o que mais gosta e se identifica. Mesmo que o pai seja tenista, não deve incutir no filho que o melhor esporte a fazer seja o tênis. É claro que o modelo pode ser seguido pela criança, mas nem sempre é. E é evidente também que todo pai se sente prestigiado e gosta quando o filho segue o seu caminho.
Seguindo os passos
No caso do filho optar pelo mesmo esporte do pai – o tênis, por exemplo – o genitor deverá ter alguns cuidados com comparações e cobranças e com expectativas e frustrações. Se o filho não seguir o pai no tênis, ele deverá mostrar interesse pela escolha do filho, apoiando e incentivando-o a crescer no esporte escolhido.
Vale lembrar que o tênis é um esporte individual, então, absolutamente tudo recai sobre o atleta. Ele é o único vencedor ou perdedor. Ele é aquele que recebe as glórias da vitória ou a culpa pela derrota. Ele é o agente ativo e passivo da história. Daí a importância em “pegar leve” com o tenista.
Dependendo da forma como foi educado, como foi criado, o tenista terá uma autocrítica muito grande e ninguém melhor que ele para sentir na pele a alegria ou a tristeza de um dia bem ou mal sucedido. Com certeza, a criança que observa os pais, vendo como fazem e reagem a situações de vida, quer seja exibindo ou reprimindo seus sentimentos, terá mais capacidade em lidar com as dificuldades e frustrações que a vida coloca.
Os pais dos jovens tenistas devem construir com o filho vínculos visando a alegria e a satisfação. O tênis, antes de tudo, deve ser um prazer, uma alegria. Se o tenista ama estar na quadra jogando, certamente seu desenvolvimento será melhor. Seu empenho em atingir um objetivo será maior e, consequentemente, seu êxito será maior também.
Como ajudar
A partir disso, podemos pensar em alguns passos para os pais ajudarem seus filhos a se desenvolverem no tênis. São eles:
1. Cultivem o otimismo. Façam sempre com que o seu filho olhe o lado bom das situações, seja nos treinos, nos jogos de competição, nas vivências com outras pessoas, nas oportunidades criadas pelo esporte, como viajar, conhecer outros países, outras culturas, estudar fora, se profissionalizar, ganhar dinheiro jogando ou dando aulas ou administrando algo no tênis etc.
2. Evitem fazer comparações. Mostrem que cada um é bom em algo diferente. Ensinem a respeitar e aceitar as diferenças. Valorizem as qualidades de seus filhos, mas não deixem de apontar também as coisas passíveis de melhora. Seu filho pode não ser um campeão, mas é feliz jogando, aprende e cresce como pessoa no tênis.
3. Incentivem seus filhos a fazer amizades e cultivá-las. Mostrem a importância das parcerias. Um adversário que luta contra você com respeito pode se tornar um parceiro.
4. Ensinem seus filhos a praticarem a humildade e a espiritualidade. Desenvolvam com seu filho situações em que ocorra a discussão sobre a dimensão da vida. Nada é mais importante que a saúde e a paz de espírito. Jogar tênis é bom demais para ser vivido com sofrimento. Jogar tênis e ser tenista é uma alegria. É a possibilidade de ter experiências positivas para a vida toda.
5. Desenvolvam estratégias junto com seu filho para superar os momentos difíceis que podem ser uma derrota, a perda de um campeonato importante, uma lesão grave, uma mudança de técnico etc. Ajudem a superar o estresse, a tristeza e a frustração. Ajudem a superar e vencer a situação.
Aos filhos
Aos jovens tenistas sugiro que:
1. Valorizem demais a possibilidade criada e oferecida por seus pais de jogarem tênis. Aceitem suas opiniões. Conversem abertamente sobre o que está acontecendo nas aulas, nos jogos de torneios, com os amigos do tênis.
2. Aproveitem cada dia na quadra. Tirem o máximo de proveito de cada treino, de cada jogo, de cada viagem e, principalmente, de cada relação estabelecida a partir do tênis.
3. Não se deixem paralisar pelo passado. Um ponto, um game, um set ou um jogo. Tenham consciência daquilo que foi importante ou não. Reflitam sempre sobre o que precisam melhorar. Aprendam com as derrotas. Procurem jogar bem, dando o máximo de si. Joguem com paixão, com amor que os resultados virão.
4. Acreditem em vocês. Vocês podem alcançar o objetivo que desejarem. Lutem e persistam nos seus sonhos.