Próximos da perfeição

Federer e Henin fizeram finais em todos os Grand Slams da temporada e, para encerrar um ano quase perfeito, venceram os Masters

Arnaldo Grizzo | Fotos Ron C Angle em 12 de Dezembro de 2006 às 12:33

Logo logo o Guinness Book, o livro dos recordes, terá um capítulo somente para Roger Federer. Óbvio que isso é apenas uma brincadeira, mas da maneira como as coisas no tênis masculino andam, em breve não haverá marca que não seja superada pelo suíço. O inquestionável número um domina o circuito desde 2004 e nesta temporada aproximou-se da perfeição ao fazer final em todos os Grand Slams e sair com o título da Masters Cup, em Xangai. No feminino, a belga Justine Henin- Hardenne, apesar das recorrentes lesões, fez algo parecido e também foi finalista em todos os Majors, além de conquistar o Masters, em Madri.

Em mais um ano de incontestável superioridade, a Masters Cup foi apenas a cereja no bolo de Federer. Durante a temporada, foram 92 vitórias e apenas cinco derrotas - quatro para Rafael Nadal. Contudo, o número de pontos do suíço é quase o dobro do touro espanhol e, por isso, em fevereiro de 2007, mesmo que não dispute nenhum torneio até lá e Nadal vença absolutamente todos, Federer quebrará o recorde de semanas consecutivas na liderança do ranking, que pertence a Jimmy Connors, com 160. Desde 2 de fevereiro de 2004, quando conquistou o Australian Open, ele não perde o primeiro posto, que raramente tem sido ameaçado.

Nadal e Blake ficaram pelo caminho de Federer. Henin se vingou das concorrentes
ALGUNS RECORDES DE FEDERER
- Primeiro tenista a ganhar mais de US$ 8 milhões em uma temporada.
- É o primeiro da Era Aberta a ter mais de 10 títulos por três anos seguidos.
- Sua percentagem de vitórias em finais (77,2%) supera Sampras (72,7%), McEnroe (71,3%) e Borg (70,5%). - Federer quebrou seu próprio recorde de pontos na Corrida dos Campeões, com 1.674.
- Em 26 de fevereiro de 2007, quebrará o recorde de semanas consecutivas na liderança do ranking, ultrapassando Jimmy Connors (com 160).
- Primeiro a disputar todas as finais de Grand Slam desde Rod Laver em 1969 e primeiro também desde Laver (em 1961-62) a alcançar seis finais de Majors consecutivas.
- Possui a maior seqüência de vitórias em quadras duras, com 56, e em grama, com 48.

Para selar o ano de 2006, o número um - sério candidato a melhor de todos os tempos - espantou "seus fantasmas" na China. Durante a campanha vitoriosa na Masters Cup, derrotou o argentino David Nalbandian logo na primeira partida - mostrando que a derrota no ano anterior foi mero acaso - e venceu Nadal de maneira brilhante na semifinal. Dificuldade mesmo, Federer só encontrou na segunda partida, diante do norte-americano Andy Roddick, que teve três match-points, mas amarelou quando não podia. No mais, pode-se dizer que o genial suíço fez valer cada centavo do ingresso de seus jogos.

#Q#

Feminino
Se em Xangai o resultado foi, como diria Nélson Rodrigues, o óbvio ululante, em Madri, no Masters feminino, podese dizer que a lógica prevaleceu, mas a duras penas. Apesar de estar presente em todas as finais de Grand Slam em 2006, Henin não é tão incontestável quanto Federer, pois suas adversárias estão muito próximas e porque ela vive sofrendo com as lesões. Tanto que a russa Maria Sharapova, a francesa Amelie Mauresmo e ela estavam brigando para terminar o ano como número um na WTA neste fim de temporada.

Doce Vingança
Mas Henin, que havia perdido três finais de Grand Slam em 2006 (duas para Mauresmo e uma para Sharapova), chegou ao Masters determinada a conquistá-lo.

Na semifinal, foi a vez dela se vingar de Sharapova - que a derrotou no US Open - e relegá-la ao segundo posto no ranking. Na decisão, a talentosa belga conseguiu a desforra diante de Mauresmo, que a havia vencido nas finais do Australian Open, Wimbledon e na primeira fase do Masters.

Assim, ao contrário de Federer (que vem se mantendo confortavelmente no primeiro lugar há três anos), Henin retomou o número um após pouco mais de dois anos, quando dominou a WTA até setembro de 2004. Ainda ao contrário do suíço (que não mostra sinais de cansaço ou doença e não vê ninguém que possa lhe fazer frente), a pequena notável terá de lutar contra sua saúde frágil e adversárias fortes e cada vez mais confiantes para manter seu reinado em 2007. No entanto, algumas de suas antigas rivais, como as irmãs Williams, já não apresentam o mesmo ritmo de antes e a compatriota Kim Clijsters segue reafirmando a decisão de deixar o circuito no próximo ano. Que venha 2007!

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