Preparando o terreno

A responsabilidade do treinador no começo da carreira do pupilo pode fazer a diferença

Por João Zwetsch em 13 de Abril de 2014 às 00:00

DENTRE TODOS OS DETALHES QUE fascinam no tênis, por mais que existam métodos de treinamento – técnicos, físicos, táticos e mentais –, não são eles que fazem a diferença para o jogador ser de um nível mais alto do que outro, mas sim quem os aplica na rotina diária. Embora existam tendências parecidas em muitos jogadores, há também uma diferença sutil entre os mesmos, porque todos os indivíduos diferem-se não só por sua aparência ou seus gostos, porém essencialmente pela maneira de interpretar e assimilar informações. E essa é a missão mais importante, desafiadora e realmente encantadora de um técnico, entender a essência do atleta cheio de sonhos desde cedo e desvendar a maneira mais adequada para, depois disso, aplicar os métodos necessários de treinamento. É isso que, certamente, irá torná-lo um jogador de sucesso e o destacar do enorme grupo de “bons jogadores”.

Alto rendimento

Hoje em dia, quando pensamos em tênis no âmbito profissional, o primeiro ponto a ser levado em consideração pelo treinador é refletir quão rápido se tornou o jogo. O tênis de alto rendimento é praticado em alta velocidade e é, por conseguinte, muito intenso. A condição física dos jogadores chegou a tal nível que não são poucas as vezes em que assistimos a jogos de 3 horas ou de duração maior sem que essa altíssima intensidade deixe de estar presente. Sendo assim, aqui vão algumas particularidades que são fundamentais para o jogador e devem ser trabalhadas em conjunto com o técnico e equipe para tentar se chegar ao nível mais completo possível.

Técnica

Cada vez mais cedo, é fundamental adquirir uma formação técnica apurada, levando em consideração a velocidade do tênis atual. Qualquer ponto técnico vulnerável é facilmente explorado pelo adversário sem uma construção tática tão preconizada, mas apenas baseando-se na própria velocidade da bola. É sempre bom lembrar que essa formação técnica deve ser feita até os 14 anos de idade, no máximo.

Preparação

É necessário que o atleta comece precocemente a desenvolver uma técnica refinada nas questões fundamentais, tais como a fluência nos passos curtos de ajuste e passos de recuperação(crossed steps), e também agilidade e flexibilidade. Vale ressaltar a importância do acompanhamento de um preparador físico especializado em tênis na realização desse trabalho.

Plano tático

Desde pequeno, o jogador precisa ter uma noção estratégica não somente de como enfrentar o seu adversário, mas também de como explorar as suas próprias virtudes e fazer disso uma arma constante nos seus jogos. O atleta que tem uma bola veloz, principalmente, precisa ter convicção de como usá-la para não correr o risco de cometer muitos erros.

Boa cabeça

É muito válido para o jogador começar antes dos 12 anos rotinas com técnicas de respiração, concentração e visualização para serem executadas não somente nos períodos de treinamento, mas principalmente também em meio aos próprios jogos nas competições.

Jogador e técnico

Por mais que hoje as informações necessárias estão facilmente ao alcance de todos os treinadores, na verdade são sempre as decisões certas nos momentos oportunos que continuam fazendo a diferença em trabalhos de médio a longo prazo. O tênis é um esporte em que a intuição está sempre presente, tanto dentro da quadra, nas decisões tomadas em fração de segundos pelos jogadores, quanto nas tomadas no dia a dia pelos treinadores. Não basta apenas ter todas as informações nas mãos. É preciso desenvolver o poder interior constantemente para potencializar o seu uso.

João Zwetsch é capitão do Brasil na Copa Davis desde 2010 e treinador de Guilherme Clezar.

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