Time de jornalistas e técnicos escolheu os principais nomes da temporada
Arnaldo Grizzo em 12 de Dezembro de 2006 às 10:03
Desde 2003, quando a Revista TÊNIS começou a fazer a enquete dos Melhores do Ano somente um tenista apareceu como o grande nome da temporada: Roger Federer. Há três anos, o talento do suíço apenas despontava com as vitórias em Wimbledon e na Masters Cup e, mesmo ficando atrás de Andy Roddick no ranking, conquistou os especialistas e foi o campeão de votos. No ano seguinte, não teve para ninguém, com o título de três Grand Slams e o Masters, sua escolha foi unânime. Em 2005, Federer manteve seu domínio, mas deixou escapar o Australian Open, Roland Garros e a Masters Cup. Mesmo assim, faltou pouco para ser senso comum a escolha do suíço como o melhor da temporada.
Desta vez, com mais uma temporada quase perfeita, resolvemos ignorar a questão: "Quem foi o melhor tenista do ano?", por ser demasiadamente óbvia. Sendo assim, propusemos aos especialistas, nove jornalistas e doze técnicos, que opinassem sobre o seguinte: "Federer já pode ser considerado o melhor de todos os tempos?" Apesar de a maioria acreditar que o incontestável número um do mundo tem tudo para se tornar o melhor dos melhores, eles ainda acham que falta superar os números de seus concorrentes.
Melhor jogadora Justine Henin-Hardenne - 12 Maria Sharapova - 6 Amelie Mauresmo - 3 |
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No entanto, os elogios à capacidade de Federer são rasgados. "Ainda faltam mais alguns anos de 'show'", brinca o colunista Régis Andaku, da Folha de S. Paulo. "Acho que ele chegará lá, porque é o jogador mais versátil que vi no circuito desde John McEnroe, capaz de ganhar em qualquer piso, de qualquer adversário, em qualquer circunstância", crê o editor do site Tenisbr@sil, José Nilton Dalcim. "Só falta igualar os números, mas, para mim, ele já é o melhor de todos os tempos", afirmou o ex-capitão da Copa Davis, Ricardo Acioly. Para o colunista do Jornal da Tarde e Estado de S. Paulo, Paulo Cleto, "ainda falta vencer o Grand Slam duas vezes como o fez Rod Laver, ou pelo menos vencer no saibro com mais consistência. Ele tem técnica, postura e bagagem emocional para ser um dia considerado, universalmente, o melhor da história. Se vai conseguir, será um prazer acompanhar. O que mais lhe falta atualmente são adversários à altura".
Revelação masculina James Blake - 7 Andy Murray - 4 Marcos Baghdatis - 4 Tomas Berdych - 3 Ivan Ljubicic - 1 Nicolay Davydenko - 1 Novak Djokovic - 1 |
Se entre os homens não há dúvida de quem foi o melhor, entre as mulheres a disputa entre Amelie Mauresmo, Justine Henin-Hardenne e Maria Sharapova pelo número um do mundo em 2006 foi intensa. No fim, a belga recuperou o primeiro posto após chegar a todas as finais de Grand Slam e vencer o Masters. Por tudo isso, também foi escolhida como a melhor em nossa eleição, mas Sharapova e Mauresmo também foram lembradas.
O treinador Santos Dumont diz que "Justine é mais completa que todas e, apesar dos problemas físicos, quando está bem, ganha de todas". E, segundo Marcelo Meyer, o fato de a franzina Henin ser a primeira no ranking da WTA é bom para o tênis feminino, pois "demonstra que com uma boa técnica você poder ser número um do mundo. Não precisa ser uma halterofilista, como eram as Williams". Mesmo assim, alguns especialistas apontaram o desenvolvimento de Sharapova e a escolheram como a melhor. Segundo o comentarista do Sportv, Dácio Campos, e os técnicos Luiz Faria e Ricardo Pereira, a russa foi a jogadora que mais evoluiu em 2006, principalmente nos aspectos físicos e técnicos.
Revelação Feminina Nicole Vaidisova - 4 Tamira Paszek - 3 Martina Hingis - 2 Maria Sharapova - 2 Michaella Krajicek - 1 Anna Chakvetadze - 1 Justine Henin-Hardenne - 1 Nadia Petrova - 1 Amelie Mauresmo - 1 Ninguém - 5 |
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Revelações
Como revelações, a maioria ficou com as boas campanhas do norte-americano James Blake. "Ele teve vários problemas e lesões e deu a volta por cima", lembra Carlos Alberto Kirmayr. Muitos também apontaram os jovens Andy Murray e Marcos Baghdatis. Para o treinador Eduardo Eche, Murray é um garoto "sólido, que devolve tudo e tem grande personalidade". Já a final do Australian Open e a semi de Wimbledon foram suficientes para que Baghdatis fosse um dos nomes escolhidos.
Fato Marcante
Despedida de Agassi - 7
Domínio de Federer - 6
Volta de Guga e Larri - 2
Inovações da ATP - 2
Grande quantidade de torneios no Brasil - 1
Bons resultados dos juvenis brasileiros - 1
Grande quantidade de torneios na TV - 1
Fernando Gonzalez no top 10 - 1
Apostas ATP*
Roger Federer - 9
Andy Murray - 5
Tomas Berdych - 4
Ricardo Hocevar - 2
Caio Zampieri - 2
Apostas WTA*
Maria Sharapova - 6
Justine Henin-Hardenne - 3
Martina Hingis - 2
Ninguém - 5
* Apenas os mais votados. Houve possibilidade de mais de um voto
Pedimos que os entrevistados fizessem apostas para 2007. A maioria preferiu um investimento seguro e apontou Federer como jogo certo para mais uma temporada. Murray e o tcheco Tomas Berdych foram palpites de quem preferiu aceitar maiores riscos e talvez maiores ganhos. No campo nacional, alguns técnicos apostaram livremente em seus atletas, mas podemos fazer menção a Ricardo Hocevar, Thomaz Bellucci e Caio Zampieri, que nesta temporada fizeram boas campanhas nos Futures. No entanto, muitos dos ouvidos preferiram guardar seu dinheiro a arriscar em alguma garota. Os que se arriscaram, preferiram nomes óbvios, como Sharapova. E Kirmayr, que coordena o projeto Lob Feminino, e Mauro Menezes, técnico da equipe brasileira na Copa Davis, quiseram apostar num maior desenvolvimento do nosso tênis feminino.
Fatos
Perguntamos ainda quais fatos marcaram 2006. A grande maioria apontou a despedida de Andre Agassi como o grande acontecimento. "Além dos títulos que conquistou, ele é uma pessoa muito carismática. Eu me emocionei com o discurso dele no fim do jogo", lembrou a comentarista do Sportv, Miriam D'Agostini. Mas, outras duas coisas chamaram a atenção de técnicos e jornalistas.
Primeiro, a total dominância de Roger Federer no circuito masculino. "Mais uma vez tivemos essa constância da mesma imagem: Federer erguendo um troféu. Seja nos Estados Unidos, no Japão, na Austrália, na Espanha. A única coisa que mudava era o cenário de fundo, pois o personagem e o gesto foram sempre os mesmos", brincou Régis Andaku. Segundo, foi a volta da parceria entre Larri e Guga. Para Chabalgoity, foi "um reconhecimento do Guga ao trabalho do Larri e foi interessante o Larri ter aceitado este novo desafio". Já José Nilton Dalcim acredita que a volta de Kuerten com o antigo técnico é "sinal de que Guga vai para o tudo-ou-nada em 2007". Como fato decepcionante em 2006, cada entrevistado citou um ponto negativo da estrutura do tênis nacional. Santos Dumont criticou o formato do ranking brasileiro. O tênis juvenil também foi alvo da censura de Ary Godoy, que citou problemas no departamento técnico da confederação. Já Fernando Sampaio, da Jovem Pan, argumentou sua posição contra a gestão de Jorge Lacerda Rosa secamente: "Amadorismo e favorecimento". Jaime Oncins também lamentou a pouca mudança no perfil do tênis brasileiro no período. E para Chabalgoity, "faltou um trabalho mais concreto. Mas tenho esperança de que melhore."
Houve ainda quem se decepcionou com a derrota do Brasil para a Suécia em casa no playoff do Grupo Mundial. Um dos críticos foi o ex-capitão do time, Paulo Cleto: "A derrota do Brasil na Copa Davis, em casa, foi conseqüência de pessoas que nos prometeram a redenção, nos colocaram no inferno e, ao fazer tudo de seu jeito, não tiveram competência de reverter a situação", afirmou. Por fim, Régis Andaku e o editor executivo da Gazeta Esportiva.Net, Erick Castelhero preferiram lamentar a situação de marasmo do tênis nacional. Segundo o colunista da Folha, "o tênis brasileiro está um tédio, sempre se falam as mesmas coisas, sempre as mesmas desculpas. É uma mesmice irritante." Castelhero segue a mesma linha e diz que "as entidades não conseguem desenvolver o esporte e o tênis brasileiro segue nesta inércia".
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Brasil
Decepção
Gestão CBT - 3
Derrota para Suécia na Davis - 3
Volta de Guga - 2
Mesmice do tênis brasileiro - 2
Não haver adversário para Federer - 1
Brasil terminar 2006 sem top 100 - 1
Organização da Copa Davis - 1
Organização do Banana Bowl - 1
Formato do ranking juvenil - 1
Estrutura do tênis juvenil - 1
Gesto de Berdych na vitória sobre Nadal - 1
Diminuição de praticantes no Brasil - 1
Nada - 3
Melhores jogadorasjuvenis *
Roxane Vaisemberg - 7
Teliana Pereira - 3
Flávia Borges - 3
Marília Câmara - 1
Carla Forte - 1
Thais Xavier - 1
Melhor Brasileira
Jenifer Widjaja - 14
Teliana Pereira - 4
Larisa Carvalho - 1
Roxane Vaisemberg - 1
Ninguém - 1
Melhores jogadores juvenis *
João Olavo Souza (Feijão) - 5
Nicolas Santos - 4
João Vitor Fernandes - 3
Rafael Camilo - 2
José Pereira Jr - 2
Daniel Dutra - 2
Henrique Cunha -2
Fernando Romboli - 2
Pedro Guimarães - 1
Eduardo Dischinger - 1
Melhor Brasileiro
Thiago Alves - 17
Flávio Saretta - 3
Marcos Daniel - 1
* Houve possibilidade de mais de um voto. Somente técnicos votaram
Entre as meninas, Maria Fernanda Alves perdeu seu posto como a melhor brasileira no ranking da WTA e, após três anos, também perdeu seu lugar na enquete da Revista TÊNIs. Jenifer Widjaja, de 20 anos recém-completados, roubou o número um de Nanda, por pouco é verdade, e acabou sendo indicada como a melhor desta temporada. O técnico Carlos Eduardo Chabalgoity, Chapecó, acredita na jovem: "Ela ainda vai surpreender, pois acho que pode crescer muito ainda". Uma menção vai para Teliana Pereira, de apenas 18 anos, que se destacou vencendo Futures nos últimos meses, e recebeu alguns votos. Somente aos técnicos pedimos que dissessem quais foram os melhores juvenis brasileiros, em qualquer categoria. No entanto, não foram permitidos votos em seus próprios jogadores. No fim, destaque para João Olavo Souza, o Feijão, que, apesar de ainda poder disputar torneios juvenis, optou pelos profissionais e já apareceu no top 700. Além dele, Nicolas Santos, que chegou a ser número três do mundo no ranking da ITF, também ganhou votos. Entre os meninos, ainda se pode ressaltar um garoto de apenas 14 anos, o cuiabano João Vitor Fernandes, que foi um dos grandes destaques do Circuito Cosat em 2006. No feminino, Roxane Vaisemberg, de 17 anos, mas que também já joga profissionalmente, foi a mais lembrada. Em segundo lugar, a campineira Flávia Borges, de somente 15 anos, se sobressaiu ao passar uma rodada no Challenger de Campos do Jordão e ostenta ótimos resultados no juvenil.