O espanhol Emilio Sánchez foi nomeado Coordenador do Tênis Brasileiro. Qual a visão dele sobre nosso tênis e o tênis mundial? Como ele poderá ajudar? Entenda o que passa pela cabeça do homem que tem a missão de mudar o tênis no Brasil
Arnaldo Grizzo E Rodrigo Linhares em 2 de Março de 2009 às 08:10
Há quatro anos, a Revista TÊNIS entrevistou Emilio Sánchez quando veio ao Brasil para jogar uma exibição e dar palestras. Na ocasião, ele contou muito sobre sua vida como tenista e técnico. Seu vasto conhecimento do mundo do tênis já ficou notório naquela conversa. Agora, anos depois, o espanhol, vencedor de cinco Grand Slams em dupla, treinador de diversos grandes tenistas (entre eles sua própria irmã caçula, Arantxa Sánchez, que foi número um do mundo), volta ao Brasil na condição de Coordenador do Tênis Brasileiro.
A Confederação Brasileira de Tênis (CBT) o contratou para assessorar os seus próximos passos no que ela almeja que seja uma grande transformação do tênis nacional. A equipe de Sánchez enviou um projeto à entidade brasileira e, a princípio, passará os primeiros meses estudando a viabilidade do que pode ser feito e a maneira de implementar. Espera-se que em abril a estrutura do trabalho que será feito esteja delineada e as ações comecem.
Qual a ideia? "Buscar alto nível em todas as esferas da CBT, desde o infantil até o profissional", explica o espanhol, que mal foi empossado durante o primeiro dia do Brasil Open e já começou a conversar com jogadores e técnicos brasileiros para entender como o nosso tênis funciona. Como deve ser o trabalho de Sánchez? Ele explica nesta entrevista.
Como está sendo a recepção por parte dos jogadores e técnicos?
A recepção é boa e há um pouco de expectativa para ver o que faço e não faço. Mas, as pessoas respeitam minha pessoa, minha trajetória. O importante é ver como está a situação, depois apresentar um plano e começar a fazer coisas.
Você fez um trabalho assim na China, não?
Sim, mas não com tanta profundidade. Apresentamos um projeto cinco anos antes da Olimpíada de Pequim. Estávamos assessorando, mas não se terminou de concretizar muitas coisas. A Federação Chinesa pretendia seguir com o projeto e terminar. É um projeto de várias fases e, em qualquer uma delas, ele pode parar. O mais importante aqui é unir o tênis e que a CBT seja mais forte.
"Na Espanha, temos a sorte de que os clubes são os que produzem os jogadores. Os clubes têm suas escolas e sua competição. São mais de 100 com suas próprias escolas. A Federação Espanhola, neste caso, está tranquila. Porque eles produzem por sua conta, sem ajuda, sem nada." |
" Minha concepção de desenvolvimento do jogador é de alta performance e, para isso, tem que jogar atrás, no ataque e definir, em todas as zonas. Com essa premissa, todos os sistemas que uso tem que ser para desenvolver o jogador o máximo possível. "
Não é mais fácil desenvolver esse tipo de projeto num país de Primeiro Mundo como a Espanha, por exemplo?
Acho que a Espanha tem suas vantagens, por sua situação, tradição, seu tamanho. No Brasil, cada estado é como se fosse uma pequena Espanha. Não tem como comparar. Mas temos o exemplo da Argentina, que é um país pequeno e que tem muita produção de jogadores. E está tão longe do Primeiro Mundo quanto o Brasil e funciona. Trata-se então de ir fazendo coisas para mudar essa dinâmica que há no tênis daqui. Com trabalho, no fim vai ter resultados.
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É possível criar uma escola brasileira de tênis?
Pode-se criar uma escola brasileira, mas, para isso, temos que conseguir juntar todas as pessoas importantes do mundo do tênis, todas as pessoas influentes nos últimos períodos para que ponham seu grãozinho de areia nesse projeto. Creio que é fundamental a experiência de muitos jogadores, sua visão, colocar junto, mesclar, para que saia o sistema do Brasil. Seguramente, algumas coisas serão como na Argentina, outras como na Espanha, outras como na França, mas, no final, quando misturar, sai uma coisa própria do Brasil. Acho que aqui, sendo tão grande, há a possibilidade de verdadeiramente implantar isso. Vai ser mais difícil, mas, no final, pode funcionar muito melhor.
" Minha concepção de desenvolvimento do jogador é de alta performance e, para isso, tem que jogar atrás, no ataque e definir, em todas as zonas. Com essa premissa, todos os sistemas que uso tem que ser para desenvolver o jogador o máximo possível. O Brasil, dos países que já vi, é um dos que mais ajudas privadas têm no esporte. No tênis, todas as academias, institutos, têm um patrocinador importante, de gente que tem dinheiro e gosta de investir no tênis. Se há um projeto olímpico para o esporte, com financiamento privado, com vantagens fiscais, estou certo que, no Brasil, haveria muita gente que colocaria dinheiro, pois já o estão fazendo sem ter projeto. "
Você cita os clubes espanhóis como produtores, o clube tem papel fundamental?
Na Espanha, temos a sorte de que os clubes são os que produzem os jogadores. Os clubes têm suas escolas e sua competição. São mais de 100 com suas próprias escolas. A Federação Espanhola, neste caso, está tranquila. Porque eles produzem por sua conta, sem ajuda, sem nada. Em um país que está tudo junto, como a Espanha, ainda que a federação não esteja junto, não tem problema. Aqui, por estar tudo mais disperso, tem que haver um motor para que os clubes mudem a mentalidade.
Como capitão da equipe espanhola, Sánchez conquistou a Copa Davis em 2008 |
E só pode ser através de um líder. Neste caso, o único líder possível é a federação. Você precisa convencer os clubes para que comecem a produzir e a investir mais. E a federação tem que ajudar também a dar não só dinheiro, mas recursos, formação ao treinador e fazer com que as federações locais organizem os famosos torneios interclubes, que para os clubes pequenos é fundamental. O que não pode acontecer é que não haja interclubes no Brasil, de 10, 12, 14 anos. Os interclubes preenchem um espaço importante. Meu trabalho começa por aí. Este modelo de interclubes nacional de agora, uma vez por ano, não serve, porque estes oito clubes já são produtores. Você precisa de 100 clubes produtores. Precisa disso para que depois estes meninos sigam para as academias, para que necessitem de técnicos, para que depois os técnicos tenham que se formar para assistir esses jogadores, tudo é uma corrente. É um trabalho lento, mas que se pode fazer.
Na Espanha e na Argentina há uma cultura de os ex-jogadores voltarem ao tênis. Aqui não há tanto isso. Como isso influencia?
Não tem gente que se dedica ao tênis, pois a corrente está quebrada. Se houvesse mais produção, haveria muito mais jogadores e as pessoas que foram muito boas teriam mais motivação para estar no tênis. É um país que venera muito os que triunfam. Este personagem tem muitas oportunidades por ser um personagem em si. Se o tênis estivesse bem, como está na Espanha, alguns não se importariam em estar no tênis. Para isso, tem que ter produção, jogadores, patrocinadores...
O tênis espanhol se valeu muito dos Jogos Olímpicos de Barcelona. Mesmo que não haja Olimpíada no Brasil, você acha que podemos ter um crescimento de base?
O Brasil, dos países que já vi, é um dos que mais ajudas privadas têm no esporte. No tênis, todas as academias, institutos, têm um patrocinador importante, de gente que tem dinheiro e gosta de investir no tênis. Se há um projeto olímpico para o esporte, com financiamento privado, com vantagens fiscais, estou certo que, no Brasil, haveria muita gente que colocaria dinheiro, pois já o estão fazendo sem ter projeto. Mas, com um projeto assim, a geração de hoje não ia desfrutar. Todo o dinheiro que vai ao mundo do tênis, para melhorar, as próximas gerações serão as que se beneficiarão, como aconteceu em Barcelona. Esse dinheiro beneficiou a geração de Albert Costa, Alex Corretja, não a minha, que era quem ia jogar as Olimpíadas. Mas, não tem problema, pois o importante é poder fazer e que, no final, os jovens se beneficiem. Barcelona deu seus frutos depois. A maior parte do dinheiro das entidades governamentais tem que ir para o desenvolvimento e para gente jovem, não para os que já estão aí.
" Para mim, não é importante um centro de formação por si só. O importante para a CBT é ter uma casa, um lugar próprio. Um lugar onde você dá serviço a todo mundo. "
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Em 2004, você disse, na primeira entrevista para a nossa revista, que Pato Alvarez ajudou a formar a escola espanhola. Você ainda segue a linha dele?
Sigo a mesma linha, pois creio que o sistema que usamos funciona. Está provado. A única coisa é que tem que ir adaptando os momentos. O tênis, como todas as coisas, evolui, e se torna mais rápido, físico. A forma de trabalhar é tratar de conseguir que o jogador seja capaz de ter as máximas ferramentas possíveis em todas as áreas da quadra. Minha concepção de desenvolvimento do jogador é de alta performance e, para isso, tem que jogar atrás, no ataque e definir, em todas as zonas. Com essa premissa, todos os sistemas que uso tem que ser para desenvolver o jogador o máximo possível. Mas, você pode ser um jogador como Nadal, número um do mundo, jogando só de uma forma. Sim, pode ser. É número um do mundo porque tem mentalidade, coração e vontade. Mas, tenisticamente, o fato de que o número um do mundo vá apenas uma vez por partida para volear não é o melhor. Então, concebo que os melhores jogadores se desenvolvem completamente, como Federer. Federer também tem coisas para melhorar. O bom do tênis é que sempre tem coisas para melhorar. Quanto mais se desenvolve, melhor. Mas isso não tem nada a ver com ganhar. Ganhar é outra coisa. Creio que, com nosso sistema, as pessoas se formam em todas as áreas da quadra. E cada um tem seu estilo, sua mentalidade. O sistema não faz você ganhar, faz você trabalhar bem e crescer. Depois, ganhar é outra coisa.
Que mudanças você enxerga no tênis brasileiro da época em que você estava no circuito e agora?
Sempre admirei o tênis do Brasil, pois sempre foi um tênis produtor. Sempre havia muitos torneios, muitos eventos importantes. Houve mais de 30 Futures no ano passado. Acho que um dos problemas do Brasil é que o jogador brasileiro se acostuma a estar aqui. Tem tanto torneio tão bom, inclusive pequenos. Então, falta esta intenção, esta fome de querer mais. Aqui se vive muito bem. Essa fome é um pouco do que faltava a geração de João Soares, Givaldo Barbosa, Marcos Hocevar. A época que mais tempo os brasileiros estiveram fora foi a de Luiz Mattar, Jaime Oncins, Cássio Motta. Foi a época que mais projeção teve o tênis brasileiro fora. Obviamente, Gustavo Kuerten e Fernando Meligeni estavam o tempo todo fora também, porque estavam em outro nível. Agora, há jogadores entre os 200 primeiros que estão começando a ver que têm chance de entrar entre os 100 melhores. Os prêmios subiram muito e economicamente compensa mais jogar o circuito.
Você acha que o tênis do Brasil aproveitou o fenômeno Guga?
Acho que sim. O publico desfrutou. Só não tiveram a visão de aproveitar para trabalhar para que o fenômeno continuasse. Então, quando terminou Guga, veio a realidade. Não havia nada. A Alemanha passou por isso depois de Boris Becker e Steffi Graf. Agora, estão começando a ter resultados outra vez. Depois de um jogador assim, é muito difícil preencher seu espaço ainda que tenhamos jogadores muito bons. É muito difícil.
Mas a Espanha tem feito isso ultimamente. Como é lá?
Na Espanha, tem muitos clubes produtores, que renovam. Há muita competição. A pena daqui é que não houve mais continuidade. Depois de Guga e Meligeni havia um zero. Se tivesse havido quatro ou cinco jogadores mais que tivessem aproveitado esse cenário...
Como você está vendo o trabalho desta gestão da CBT?
Agora estou começando a ver as atitudes que o presidente tomou e as que pensa em tomar no futuro. Uma das atitudes é que possamos assessorá-lo no plano competitivo e profissional. São trabalhos a médio e longo prazo. Tudo isso são passos e ações que se comentou por muito tempo e as pessoas não pensavam que ele ia fazer. Pois, quando se está num cargo assim, é mais fácil não fazer. Quando faz, dá credibilidade. Fazer pode ser para o bem ou para o mal. As pessoas perdoam fazer mal as coisas, mas não perdoam não fazer. Então, quando se está num cargo assim, deve fazer coisas. Se não faz, passa despercebido. Espero que, com a equipe que ele está montando, cada vez se façam mais coisas para o bem do tênis. A CBT tem que ser o centro de serviços do País, tem que dar serviço para os jogadores, treinadores, jovens, clubes, imprensa; a todo mundo que tenha a ver com o tênis. Tem que dar facilidades.
Um centro de formação é essencial?
Para mim, não é importante um centro de formação por si só. O importante para a CBT é ter uma casa, um lugar próprio. Um lugar onde você dá serviço a todo mundo. Obviamente, se você tem uma casa e tem que dar cursos, vai fazer aí. Um torneio, faz lá. Há jogadores que não têm onde treinar, vão treinar lá. Depois, a médio prazo, se você tem gente capacitada, poderá fazer um centro de formação. Mas não se começa a casa pelo telhado. Começa pela base. E como a base agora é pouca, tem que fazê-la forte. No Brasil, tem gente que é capaz de formar, tem bons técnicos, eles só precisam fazer o que têm que fazer.
Temos treinadores de classe mundial aqui?
Sim, e se não há, tem que dar a formação para que sejam. Tem gente capaz. Nesse sentido, se um jogador que tem potencial não tem a capacidade de encontrar alguém aqui, o passo seguinte é tratar de encontrar em outro lugar. Mas, acho que não é o primeiro objetivo buscar gente de nível mundial, é usar o que se tem. Depois, se falta isso, precisa buscar. O primeiro objetivo é a base. O nível mundial é o teto.
No Brasil, o tênis costuma ser divido em grupo de interesse. Como é na Espanha?
Na Espanha também há grupos, mas a relação entre os grupos é bastante cordial, há muito intercâmbio. Normalmente há uma relação positiva.
Não há inveja como aqui?
Tem também. Nos latinos há sempre inveja, mas há inveja negativa ou positiva. Se você vai bem e treino contigo, por que também não vou bem? Se você vai bem e tenho inveja negativa, tenho que destruí-lo para que não ganhe. É diferente. Acho que, na Espanha, há a parte positiva. Sempre estamos tentando ir próximo do outro. Aqui, na época de Kuerten, Meligeni chegou muito mais alto que seu nível, pois ia à esteira dele. Se não tivesse Kuerten, Meligeni não teria chegado aonde chegou. Você tem que estar com as pessoas que tem que estar. Se fica com o 300 do mundo, coloca-se em 300 do mundo. Trata-se de que os que estão acima sejam generosos e aceitem compartilhar suas coisas, ajudar. Assim, a cadeia sobe automaticamente. Se o de cima não compartilha, o de baixo compartilha com os debaixo.
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Este é o melhor momento do tênis espanhol na história?
Sim. Sem dúvida. Temos Ferrer, Verdasco, Lopez, Moyá, Ferrero, Robredo. Todos os anos temos dois ou três jogadores na Masters Cup. Nunca houve isso. Sempre tivemos gerações como a de Corretja, Costa, Berasategui. Agora há uma renovação contínua e cada vez está melhor.
Mas o tênis feminino, assim como no Brasil, também sofre na Espanha?
Somos países muito machistas. A Espanha não aproveitou a época de Arantxa, Conchita Martinez. Não aproveitou para criar isso nas escolas, para que se dedicassem mais ao tênis feminino. Se havia 40 torneios masculinos, havia dez femininos. Se tinha quatro quadras na escola, três para meninos, uma para meninas. Dez professores, sete para meninos, três para meninas. No fim, aonde vamos? Na base. Aí está o problema. Não produzem. Nas escolas, na Europa, quando começam, o número de meninas é maior que o de meninos no tênis. No segundo ano, tem menos meninas. No terceiro, só a metade. No quarto, um quarto de meninas. Por quê? São os piores treinadores, têm menos quadras, é mais chato e as meninas são mais prontas que os homens. E a própria sociedade é muito mais exigente em nível físico com a mulher que com o homem. A sociedade exige que a menina seja bonita. Se não, não tem chance. No final, desde os 10 aos 16 anos, uma porcentagem muito alta de meninas deixa de jogar.
" O sistema não faz você ganhar, faz você trabalhar bem e crescer. Depois, ganhar é outra coisa. "
Você acha que no Brasil também há um problema cultural relacionado ao tênis?
É difícil se adaptar fora daqui, pois no Brasil se vive muito bem. Tudo é bom aqui. O sol, as praias, a diversão, todo mundo é bonito, está contente. É um tema cultural. Acontece que nestas profissões o fundamental não é o sistema, a técnica. Aqui, há gente muito dotada para o esporte, homens e mulheres. Mas a situação não deixa que os grandes talentos venham e joguem tênis. Normalmente, todas as pessoas que jogam nos clubes são de classe média, média alta. Então, não querem que as meninas viagem sozinhas, não querem fazer esforço. Não têm fome. Veja quem está triunfando no tênis feminino: todas as meninas dos países do Leste Europeu, todas têm fome. Quem triunfa entre os homens? Os argentinos, pelos problemas com a crise; os espanhóis, porque os que jogam são de classe média e média baixa. A fome é fundamental. É difícil mudar, pois é um tema cultural. Se você tem gente ao seu redor que diz que é melhor jogar Roterdã do que este torneio (Sauípe), como fazia Guga, você se torna mais profissional. Se você joga com bons, ganha de bons. Se fica jogando sempre com brasileiros, perde com brasileiros. Esta é a mudança que tem que fazer.
A escola espanhola mudou com o tempo e não está mais tão focada no saibro?
O mundo do tênis mudou. Quando o jogador espanhol dos anos 80 era especialista em saibro, era porque você tinha, num circuito de 100 jogadores, 25 tenistas de saibro, 25 de grama, 25 de cimento e assim por diante. Então, você não poderia ganhar deles em seu território. Não é que na Espanha agora treinemos diferentemente ou façamos coisas diferentes, é o tênis hoje que se joga igual em todas as superfícies. Se você vê uma partida em grama, saibro, cimento, é o mesmo. Antes, com os especialistas, aquele que sacava e voleava só fazia isso. Não jogava bem de fundo. O de fundo não ia à rede. Agora, todos fazem bem tudo. Não tem tantas possibilidades de mudança de jogo, tática, tudo é muito parecido. Quando há jogadores como Federer ou Nadal, que jogam diferente, os demais não entendem nada.
" Nadal é três vezes superior fisicamente aos demais. Se perdesse um terço, seguiria sendo o dobro de forte fisicamente. "
Você acha que Nadal pode superar os recordes de Federer?
Sempre se pode superar a todo mundo. Ele tem 22 anos e seis Grand Slams. Há recordes que são muito difíceis de superar, mas todos os recordes ao final caem. Acho que, se Nadal mantiver seus dotes, pode perfeitamente superar a Federer, pois psicologicamente é muito superior a todos, fisicamente superior também e tenisticamente sempre está melhorando. Ele já ganhou sem ser superior. Agora, que está começando a ser superior, vai ganhar mais fácil. Então, tem que manter a cabeça e o físico. Se aguentar, vejo-o passando Federer tranquilamente.
O físico dele não preocupa?
Não, o que mais preocupa é a cabeça. Nadal é três vezes superior fisicamente aos demais. Se perdesse um terço, seguiria sendo o dobro de forte fisicamente. Claro, há uma preocupação, pois tem algum problema ósseo, não muscular. Mas isso não afeta o rendimento.