Durante duas semanas de março, jovens talentos do mundo todo vêm ao Brasil para dois importantes torneios juvenis: Banana Bowl e Copa Gerdau
Da redação em 24 de Abril de 2007 às 14:29
Roxane Vaisemberg |
QUAIS NOMES vão estar em evidência no tênis mundial nos próximos anos? Difícil saber. Contudo, quem vê de perto o circuito juvenil pode ter alguma idéia do que está por vir. Em meados de março, o Banana Bowl e a Copa Gerdau deram uma boa amostra dos talentos que prometem se destacar futuramente. E o Brasil também pode ter esperança de uma nova geração. Roxane Vaisemberg (vice em simples e campeã em duplas nas duas competições) e Fernando Romboli (vice na Gerdau e semifinalista no Banana) são dois dos que se sobressaíram.
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Fernando Romboli |
O Banana Bowl e a Copa Gerdau são os últimos torneios do circuito juvenil realizado pela Cosat (Confederação Sul-Americana de Tênis). Ao todo são disputados 11 eventos nas categorias 14, 16 e 18 anos em 10 países da América do Sul, começando na segunda semana de janeiro, na Venezuela. As competições seguem inin- O futuro do tênis passa por aqui Durante duas semanas de março, jovens talentos do mundo todo vêm ao Brasil para dois importantes torneios juvenis: Banana Bowl e Copa Gerdau terruptamente por Colômbia, Equador, Peru, Bolívia, Chile, Argentina, Uruguai e Paraguai, respectivamente, até chegar ao Brasil.
Mesmo perdendo o status de grupo A para a Gerdau, o Banana manteve sua tradição - já está em sua 37ª edição - e melhorou após a divisão de sedes (os 18 anos foi jogado no Clube Santa Rita de São José dos Campos e 16 e 14 foram no Esporte Clube Pinheiros, em São Paulo). A Gerdau permaneceu impecável como sempre nestes 24 anos de história. A competição gaúcha também é realizada em dois clubes e, tanto a Associação Leopoldina Juvenil (ALJ) - que recebeu os 18 anos - quanto a Sociedade Ginástica Porto Alegre (Sogipa) - que sediou os 14 e 16 -, são centenárias. O evento em Porto Alegre é reconhecidamente um dos mais bem organizados e sua estrutura sempre foi comparada à de um torneio profissional.
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POR POUCO
Vladimir Ignatic |
Entretanto, toda vez que começa o Banana Bowl, a mesma pergunta se faz: "Há quanto tempo um brasileiro não vence nos 18 anos?" Os últimos a ganhar foram Eduardo Oncins, em 1981, e Roberta Burzagli, em 1991. Recentemente, o Brasil tem batido na trave, com os vice-campeonatos de André Miele em 2005 e Fernando Romboli no ano passado. E a esperança se renovou em 2007.
No masculino, Romboli estava de volta. Desta vez não seria um "azarão", que entrou como lucky loser e aprontou as maiores surpresas do ano anterior. Agora ele era o segundo cabeça-de-chave e oitavo colocado no ranking juvenil. No feminino, o grande nome era Roxane Vaisemberg. A garota, que já está entre as 500 melhores tenistas do mundo, deixou de lado os torneios profissionais e queria muito quebrar esse tabu.
E faltou muito pouco para ela conseguir. Vaisemberg fez campanha excelente até a final. Na decisão, a brasileira enfrentou a belga Tamaryn Hendler. A menina, de 14 anos, treina da academia de Nick Bollettieri, nos Estados Unidos, e possui, apesar da pouca idade, golpes potentíssimos, mas sem variação. Três anos mais velha, Roxane não prima tanto pela força, mas por excelente técnica e tática. Foi assim que ela dominou a ansiedade da belga no primeiro set e fez com que ela cometesse diversos erros.
O segundo set parecia mera formalidade, pois Hendler não colocava duas bolas seguidas na quadra e o logo o Brasil voltaria conquistar o Banana. No entanto, aproveitando algumas chances, a belga entrou no jogo e a brasileira encolheu. Enquanto parte da torcida tentava incentivar Roxane, outra, lamentavelmente, hostilizava sua adversária, apenas uma menininha. Mesmo assim, Tamaryn continuou martelando as bolas. No fim, soltou um: "Oh my God!", incrédula com sua façanha.
No masculino, Romboli parou nas semifinais diante de um francês talentosíssimo, Stephane Piro. Antes de vir ao Banana, o canhotinho havia jogado três etapas do Cosat e feito final em todas, com dois títulos. O duelo entre eles foi duro, pois ambos são muito consistentes no fundo de quadra. No fim, faltou paciência e um planejamento tático mais eficiente para o brasileiro.
Na final, pelo arsenal apresentado, Piro era favorito diante do chileno Ricardo Urzua Rivera. Contudo, desta vez foi o francês que não teve cabeça para suportar o jogo de troca de bolas. A partida seguiu equilibrada nos dois primeiros sets, mas Piro cansou no terceiro e perdeu. A torcida esteve quase o tempo todo a favor do chileno. No fim, porém, se rendeu ao belo jogo do francês e entoou o coro: "Zidane! Zidane! Zidane!", em homenagem à sua habilidade com a bolinha.
José Silva Jr. | |
Ricardo Urzua Rivera | Vitor Galvão |
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NO SUL
Stephane Piro |
Na semana seguinte começou a Copa Gerdau. Novamente as esperanças recaiam sobre Romboli e Vaisemberg, que corresponderam às expectativas e foram à final. Mas outro brasileiro também se destacou: Rafael Garcia. O rapaz, de jogo bastante plástico e eclético, surpreendeu. Ele recebeu um convite e foi à semifinal, quando perdeu para o bielo-russo Vladimir Ignatic.
Ignatic também foi uma surpresa. O garoto, de 16 anos e 1,83 m, tem estilo bastante agressivo e, mesmo no saibro, busca a rede freqüentemente, aproveitando-se do ótimo saque. Foi com essa tática que ele venceu o tcheco Roman Jebavy, cabeça um, nas quartas-de-final em Porto Alegre. Jebavy é um tenista consistente, tem uma bola pesada e quase sempre chapada, porém, não encanta.
Na Gerdau, Romboli e Piro voltaram a se encontrar na semi. Antes, nas quartas, o francês havia dado o troco no chileno Rivera, "corrigindo" o resultado da final em São José dos Campos. A "revanche" prometia ser equilibrada, mas não foi. Piro errou muito e Romboli o dominou. Na decisão, contra Ignatic, o brasileiro teve várias chances, chegou a liderar o terceiro set, mas o bielo-russo se manteve agressivo para levar o título e comemorar com a mãe.
Cindy Chala |
Na final feminina, mais uma vez Roxane Vaisemberg tinha pela frente uma tenista mais jovem - Cindy Chala, de 15 anos - e um grande tabu, pois a última brasileira a vencer a Gerdau foi Miriam D'Agostini em 1996. Como Vaisemberg, Chala também é canhota. Entretanto, como boa parte das meninas, a francesinha acredita que bater forte é a solução para todos os problemas. Esta geração "Sharapova" segue bem o seu molde e até mesmo a evidente limitação técnica dos voleios fica parecendo uma cópia da original. Mais experiente, Roxane equilibrou a disputa e esteve muito próxima do título. Ela sacou em 5/4 no terceiro set, mas permitiu a virada de Chala.
Mas não é só nos 18 anos que o Brasil se destaca. Na categoria até 16, quatro brasileiros fizeram as semifinais da Copa Gerdau: José Pereira Silva Jr, Guilherme Clezar, Idio Escobar e João Vitor Fernandes. Silva Jr, tenista forte e consistente, sagrou-se campeão ao vencer Clezar na decisão. Este foi o quinto título do pernambucano no circuito Cosat 2007. Nos 14 anos, o carioca Vitor Galvão mostrou uma técnica apurada para ganhar tanto o Banana quanto a Gerdau. Em Porto Alegre, ele bateu o paulista Matheus Costa na final.
Tamaryn Hendler |
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37º BANANA BOWL 14 anos DUPLAS 14 anos Franco Agamenone (ARG) e Bruno Sant'Anna (BRA) v. Vitor Galvão (BRA) e Lisandro Gabbi (ARG) 7/6(5), 5/7 e 6/0 16 anos Christian Lindell e Bernardo Lipschitz (BRA) v. Vitor Morales e Christopher Price (CHI) 6/4 e 6/1 18 anos Daniel Cox e David Rice (GBR) v. Roman Jebavy (CZE) e Roberto Maytin (VEN) wo |
24ª COPA GERDAU 14 anos DUPLAS 14 anos Matheus Costa e Tiago Fernandes(BRA) v. Ismael Merino e Mariano Razzeto (PER) 6/4, 6/7(3) e 7/6(3) 16 anos Idio Escobar e André Vidaller (BRA) v. João Vitor Fernandes e José Silva Jr. (BRA) 6/1 e 6/2 18 anos Daniel Cox e David Rice (GBR) v. Roman Jebavy (CZE) e Roberto Maytin (VEN) 6/7(5), 6/3 e 6/2 |