O estilo das empunhaduras

Continental, Eastern, Western? Qual é qual e o que muda no seu jogo ao usar uma delas?

Carlos Omaki em 23 de Março de 2009 às 07:44

Muitos nem sabem que tipo empunhadura (ou grip) usam para bater na bola. Saber se você utiliza Continental, Eastern ou Western pode mesmo parecer que não faz muita diferença, pois o que importa é a eficiência da sua batida, não? Mas, acredite, a maneira como você segura a raquete na hora de golpear a bola costuma ser determinante no padrão de jogo e nas opções que você possui em quadra. As empunhaduras influenciam e até determinam padrões de jogo. Não importa qual grip que você usa, sempre encontrará um grande ídolo que segura exatamente igual a você. Porém, é importante saber alguns detalhes que podem ajudá-lo a compreender aspectos do seu jogo, a tirar melhor proveito de seus golpes, ou até identificar a necessidades de novos ajustes para aumentar sua eficiência em situações especificas.

Saiba que a maneira que você segura a raquete influencia em grande parte no resultado da sua batida. Assim, quanto mais o tempo passa, mais primitiva fica a ideia de um grip universal, que sirva para todos os golpes e todas as situações. Mais se assimila a ideia de que não importa qual o seu grip, você precisa aceitar que diferentes golpes, superfícies e situações vão exigir pequenas variações na sua empunhadura original.

O ovo ou a galinha?

Sabe-se que todos os jogadores sofrem mudanças em sua técnica, em seu estilo e nas características do seu jogo de iniciante, pois são influenciados de diversas maneiras - que vão desde o seu temperamento à escolha do seu piso predileto. Sendo assim, é difícil dizer se a empunhadura final de um jogador ocorre em função do seu estilo ou o seu estilo ocorre em função da sua empunhadura.

Certo é que, na maioria dos casos, as empunhaduras que são ensinadas ou que os jogadores adotam em sua iniciação, acabam por influenciar diretamente em seu padrão de jogo e, consequentemente, no resultado final entre qualidades e deficiências.

Se você comparar grandes jogadores que possuem estilos parecidos de jogo - regulares, agressivos, voleadores ou "all court players" -, vai encontrar muitas semelhanças em suas empunhaduras também. Compare, por exemplo, três grandes campeões: Pete Sampras, Stefan Edberg e SteffiGraf. Todos voleavam magnificamente. Porém, pareciam aceitar um notável desconforto em seus golpes de fundo - em especial no forehand -, mas, por outro lado, desferiam golpes rasantes e precisos que atendiam ao seu maior objetivo: aproximar-se da rede para definir os pontos. É aí que a causa maior de desconforto deles nos golpes de fundo de quadra (suas empunhaduras), oferecia-lhes mais facilidade, precisão e eficiência em seus voleios.

Baseados em comparações e estatísticas, indicaremos aqui características, pontos fortes e fracos dos jogadores que usam diferentes empunhaduras. Se você quer entender qual é a melhor empunhadura para o seu estilo, ou quantos grips diferentes você precisa utilizar para ter um bom arsenal de golpes, fique atento. Entenda a diferença entre as empunhaduras e tire mais proveito do seu jogo.

Lembramos que os exemplos citados a seguir são apenas ilustrativos. Tenistas profissionais de alto nível costumam fazer adaptações em seus grips dependendo das situações de jogo e/ou piso sobre o qual estão atuando.

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Pete Sampras, um bom exemplo do uso da Continental: seu desconforto para bater os forehands de fundo era compensado com muita habilidade na rede

Continental

A Continental é a mais neutra de todas as empunhaduras. Segundo historiadores, o nome (Continental) vem do fato de ela ter sido originada na Europa (então o continente). Era a mais usada nos anos dourados do tênis e até a década de 1960. Mas, ao contrário do que se pensa, ela não está extinta nas grandes escolas do mundo, mesmo quando se trata de jogar no fundo de quadra.

Seus adeptos preferem as bolas mais baixas, entre a altura dos joelhos e da cintura. Suas batidas são mais planas que os outros grips. Até pelo desconforto para golpear as bolas altas, eles batem muitas vezes na subida e usam bastante os slices. Para os saques chapados e slices, overheads (smashes) e voleios é a mais indicada.

Eastern

Muito mais regular para os drives por produzir golpes com mais topspin do que a Continental. Ela é muito usada por jogadores de quadras rápidas - em que as bolas quicam mais baixo -, pois seu ponto de contato ideal fica entre a altura da cintura e o ombro. Também é usada no fundo de quadra mesmo por bons voleadores devido à sua proximidade da Continental (a melhor empunhadura para voleios), pois assim eles podem realizar as mudanças com facilidade e a adaptação é perfeita.

Com ela, consegue-se um ótimo ajuste também para golpes mais chapados, favorecendo muito um estilo agressivo. É usada para se ensinar iniciantes a sacar, volear e nos smashes. Ela pode ser usada nestes casos até o jogador ter nível intermediário. O nome (Eastern) também seria em decorrência do seu surgimento, na Costa Leste dos Estados Unidos.

Roger Federer possui empunhadura muito próxima da Eastern, o que lhe possibilita golpear bolas mais chapadas e se ajustar facilmente para os voleios

Semi-Western

Considerada por muitos a empunhadura moderna, produz golpes ainda mais firmes que a Western, com praticamente a mesma regularidade. Um pouco menos "virada", ela tem melhor resultado em batidas definidoras - winners. Além de aumentar sua adaptação tanto para as quadras de saibro quanto as rápidas.

Não tão "virada" quando à Western, a semi-Western dos golpes de fundo de Andy Roddick faz com que suas batidas tenham firmeza e regularidade

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Western

Empunhadura que permite golpear com eficiência bolas mais altas, na altura dos ombros e, por este motivo, é muito usada por jogadores de quadras de saibro. Este grip produz batidas com ótimo topspin, permitindo um jogo de fundo de quadra muito firme e regular. Seu ponto de contato é bem à frente do corpo, ideal para bater bolas rápidas como devoluções de saque. Muito boa também para se conseguir ótima angulação e variação de altura.

A denominação (Western) diz-se ter surgido por este grip ter sido originado na Costa Oeste norte-americana, mais especificamente com a escola californiana.

O grip Western de Rafael Nadal ajuda-o a criar o seu poderoso topspin de fundo de quadra e além dar-lhe suporte para os contra-golpes

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Western Extrema

O principal fator de surgimento desta empunhadura tão radical foi, sem dúvida, a iniciação mais precoce no tênis, pois ela permite que se golpeie mais facilmente bolas acima dos ombros - altura mais comum que os jovens tenistas são obrigados a bater. É o quique alto da bolinha que faz com que as crianças busquem esta alternativa na hora de golpear.

Assim, este grip acaba sendo muito usado, apesar das dificuldades que gera - especialmente quando se joga em alto nível - com as bolas baixas. O giro excessivo da bolinha faz com que os tenistas que utilizam esta empunhadura se transformem em jogadores extremamente regulares, mas, geralmente, sem poder de definição. A distância deste grip para os ideais para os voleios reduz drasticamente a quantidade de bons voleadores.

Novak Djokovic, muitas vezes, apela para a Western extrema em seu forehand, para manter a regularidade. Com seu talento, contudo, ele consegue definir as jogadas
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