O arrojo alemão

Tommy Haas, um dos últimos representantes do que restou do tênis clássico, vem ao Brasil Open. Aprenda como o experiente alemão realiza seus golpes plásticos

Por Arnaldo Grizzo em 1 de Fevereiro de 2014 às 00:00

DIZER QUE TOMMY HAAS É O tenista mais velho no top 20 é uma forma simplista demais para resumir seu currículo e seu potencial. Perto de completar 36 anos, vale mais a pena tentar entender o porquê de ele ainda apresentar um tênis tão vistoso e competitivo, capaz de subjugar garotos muito mais jovens, rápidos e fortes e deixá-lo próximo do top 10.

Haas vem disputando o circuito da ATP regularmente desde 1996, mas antes disso, aos 15 anos, já se arriscava entre os profissionais. Aos 19 anos, já era top 50. Aos 21, top 10. E numa época em que os grandes nomes eram Pete Sampras, André Agassi, Gustavo Kuerten, Marat Safin etc. Aos 24 anos, esteve a um posto da liderança do ranking. Nesse ínterim, pequenas lesões já haviam tirado o alemão de quadra por algum tempo, mas, em 2003, precisou passar por operação no ombro e perdeu a temporada toda.

Na volta, mostrou que talvez seja o tenista mais regular do mundo, passando temporadas seguidas entre os melhores. Sua série só seria interrompida seis anos mais tarde, devido a uma nova cirurgia, desta vez no quadril. Então com 32 anos, poucos acreditavam que ele poderia voltar a apresentar um alto nível de tênis e estar entre os melhores.

No entanto, aqui está Haas para provar seu valor. Mais do que isso, provar que o tênis clássico, de golpes limpos, agressivo, com o eclético backhand de uma mão, ainda é capaz de fazer estragos em um circuito de jogadores aguerridos, com jogos virtualmente impenetráveis, mas que sucumbem às variações inerentes a esse estilo hoje pouco usado.

Agora que o alemão vem novamente ao País, para o Brasil Open – tinha vindo em 2012 para o Gillete Federer Tour –, aproveitamos para retratar sua plasticidade, um pouco do que ele pode apresentar novamente por aqui, desta vez no saibro do Ibirapuera. Confira e aprenda com o alemão nas páginas seguintes.

O poder do slice

Um dos golpes mais subestimados hoje, o slice é uma das armas de Haas

1. O slice não é somente um golpe de defesa como alguns podem pensar. Ele é um golpe tático. Serve para variar o efeito e, diante de tanto topspin, surpreender o adversário. Perceba como o tenista prepara o golpe. Traz a raquete para trás, apoiando-a com a mão esquerda.
2. Apesar de estar tentando “salvar” a bola, Haas não quer que este slice seja um golpe que flutue e dê a chance de o adversário atacar. Veja como ele eleva a cabeça da raquete. O pé já está apoiado para ajudar a gerar força e equilibrar a batida.
3. Ele realmente quer tornar esse slice mais agressivo, atacando a bola. Para isso, a cabeça da raquete faz uma trajetória de cima para baixo, “cortando” a bola, pegando-a na frente do corpo, com firmeza. Isso fará com que ela vá rasante para o outro lado.
4. A finalização é clássica. A forma com que os braços se abrem em direções opostas, logo após a execução do slice, dá uma ideia da força empregada, já que ele usa isso para equilibrar o corpo depois de ter transferido o peso da perna esquerda para a direita, pousando com esta no final.

 

Por baixo das pernas

Experiente, o alemão executa o malabarismo do grand willie com facilidade

1. Às vezes, uma forma de conseguir recuperar um lob é através do grand willie, o golpe inventado pelo mítico Guillermo Villas. Assim que a bola passou por cima de sua cabeça, corra atrás dela, deixando-a na direção das pernas. Uma boa opção também é mudar sua empunhadura para a Continental ou a Eastern.
2. Assim que a bola começa a cair, é preciso ajustar o corpo e as pernas. O tenista alemão dá um passo mais largo e aberto com a perna direita, preparando-se para interceptar a bola.
3. A perna direita vai servir de apoio para o golpe. Veja que a perna esquerda já está se preparando para também dar um passo mais largo e aberto, criando o espaço pelo qual a raquete vai passar.
4. A inércia faz com que Haas execute uma cruzada de pernas (perceba que elas não ficam paralelas). Ao bater na bola, ela está exatamente na direção do seu corpo, na altura dos joelhos. Dependendo da altura em que a bola é batida e da empunhadura usada, é possível saber a direção que ela vai tomar.
Instrução Tommy Haas top 20 poder do slice

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