Depois do Australian Open, duas principais competições seguintes são Masters 1000 de Indian Wells e Miami. Torneios que reúnem principais nomes do circuito masculino e feminino e que geralmente dão tônica do que fãs podem esperar da temporada
José Eduardo Aguiar em 19 de Abril de 2010 às 06:31
ELE, DEFINITIVAMENTE, NÃO É SÓ SAQUE
Embora tenha encerrado as últimas oito temporadas no top 10, Andy Roddick não conquistava um torneio realmente importante desde 2006, data de seu último título de Masters 1000, em Cincinnati. De lá para cá, destaque mesmo apenas para a final de Wimbledon no ano passado, quando perdeu jogo histórico para Roger Federer. Porém, a regularidade sempre foi seu forte, e o tenista norte-americano seguiu se mantendo entre os melhores. Mas, isso parece pouco para quem já liderou o ranking mundial e, visando voltar aos grandes momentos, o maior ídolo do tênis nos Estados Unidos contratou o experiente técnico Larry Stefanki, que, entre outras coisas, tem no currículo o mérito de ter levado o chileno Marcelo Ríos e o russo Yevgeny Kafelnikov ao topo da ATP.
E foi justamente sob os cuidados de Stefanki que Roddick passou a evoluir consideravelmente, mostrando que, mesmo aos 27 anos, sempre é possível progredir. E tal foi a evolução que o próprio técnico, feliz com os resultados do pupilo, fez questão de prever um futuro brilhante para o vice-campeão de Indian Wells e vencedor em Miami. "Acredito sinceramente que Andy ainda está na infância", chegou a exagerar o treinador, que diz crer que o norte-americano pode repetir a trajetória de outro ídolo do país. Afinal, se Andre Agassi teve seu auge após os 29 anos, por que Roddick também não poderia seguir este caminho? Pelo menos no "quintal de casa", diante de sua torcida, o sempre persistente norte-americano mais uma vez mostrou ser "mais do que um sacador", como ele mesmo se definiu após bater o tcheco Tomas Berdych na decisão em Miami. Triste com as constantes críticas a seu jogo, fez questão de calar um a um os que sempre duvidam de suas capacidades.
VINHO CROATA?
No mundo dos vinhos, há quase que um consenso de que quanto mais velho fica, mais saboroso se torna um rótulo histórico e especial. E essa premissa se fez válida para Ivan Ljubicic, pelo menos durante Indian Wells. Afinal, embora já tenha alcançado a terceira colocação no ranking em 2006, foi apenas agora, aos 31 anos, que o croata conquistou seu primeiro grande título como profissional.
Humilde, mesmo após deixar pelo caminho nomes como Novak Djokovic, Rafael Nadal e Andy Roddick - este na decisão -, Ljubicic esbanjou sinceridade ao afirmar que faltava um troféu como esse em sua prateleira. Merecido, diga-se de passagem, mais pela força de vontade e poder de recuperação na carreira do que propriamente pela qualidade nata de seu tênis. Mas, afinal, o esporte não é só um desfile de talentos, mas também o lugar em que a luta, o trabalho e a perseverança também podem levar à glória - mesmo que tardia.
ALEGRIA RECOMPENSADA
Quando assumiu a primeira colocação do ranking mundial, em 2008, Jelena Jankovic foi alvo de muitas críticas, tanto de especialistas como de algumas colegas. A reclamação era de que a sérvia não havia conquistado um título de Grand Slam e só vencia torneios de menor expressão. Passaram-se quase dois anos e ela segue sem vencer um Major. Porém, nem por isso deixa de mostrar sua principal característica dentro de quadra: a alegria de jogar tênis. Em Indian Wells, o esforço da número oito do mundo foi recompensado. Campanha irretocável e vitória na decisão contra a badalada e promissora Caroline Wozniacki.
RUMO AO TOPO
Quando voltou às quadras com o inesquecível título do US Open, Kim Clijsters só estava dando uma pequena amostra do que estava por vir nos próximos meses. Ex-número um do mundo, a belga parece realmente estar disposta a retomar a hegemonia do tênis. Mais uma prova disso foi dada em Miami, com vitória memorável contra a compatriota Justine Henin na semifinal e passeio contra Venus Williams na decisão.
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ESTAMOS VOLTANDO...
Afinal, estar entre os 16 melhores tenistas em um dos torneios mais importantes do circuito não é para qualquer um. Para se ter uma ideia, desde 2004 - com Guga no Masters do Canadá - um brasileiro não alcançava a mesma fase em um torneio deste nível. Então, o feito de Thomaz Bellucci em Miami, ao alcançar as oitavas- de-final, deve ser ressaltado.
Durante a campanha, o jovem ainda deu outros bons motivos para nos encher de esperança. Na estreia, venceu o experiente e sempre perigoso norte-americano James Blake, ex-número quatro do mundo. Nas oitavas, teve grandes chances de ganhar do espanhol Nicolas Almagro, que chegou a figurar na 11ª colocação do ranking. São motivos de sobra para acreditarmos que, enfim, voltaremos a ver um tenista brasileiro brigar pelos principais títulos do planeta.
PROMESSA OU REALIDADE?
A cara de menino no faz pensar que Tomas Berdych é mais uma das boas promessas do tênis mundial. Ex-número nove do mundo, chegou à Miami "apenas" como o 20º do ranking, posição que não o credenciava como um dos favoritos a chegar à decisão. Favoritismo esse deixado ainda mais de lado quando seu rival nas oitavasde- final foi anunciado: Roger Federer. Mas, contando com um dia não muito inspirado do suíço, o garotão de 1,96m salvou até match-point antes de derrubar o número um.
A derrota na final para Roddick foi apenas um detalhe diante da grande campanha e do significativo salto no ranking, para o 16º lugar. Com experiência, comprovada se pararmos para analisar a sua carreira - Berdych, então com 20 anos, ganhou seu primeiro e único Masters 1000 ainda em 2005, em Paris -, o tcheco tem tudo para voltar a figurar em uma final de eventos deste porte.
SÓ MAIS UM ROSTINHO BONITO?
Cada vez que uma bela jogadora surge no circuito as mesmas dúvidas começam a matutar a cabeça dos amantes do tênis: "Será apenas mais um rostinho bonito? Será a nova Anna Kournikova?" E é justamente com essa pressão que a bela loira Caroline Wozniacki vem lidando desde o início de sua promissora carreira. Porém, pelo menos por enquanto, a jovem de apenas 19 anos mostra que veio para ficar de vez entre as melhores do mundo. Em Indian Wells, a dinamarquesa venceu a amiga Agnieszka Radwanska na semifinal, mas acabou parando em Jankovic na decisão. Em Miami, mais uma boa campanha, mas a atual número dois do mundo não resistiu à experiência de Henin nas quartas.
DESCENDO A LADEIRA
Quando venceu o título de Roland Garros e assumiu a liderança do ranking mundial, em 2008, Ana Ivanovic despontava como uma das principais candidatas a assumir o topo do tênis, então vago após a aposentadoria precoce de Justine Henin. Passaram-se quase dois anos e o quadro, antes animador, é de melancolia e preocupação para a bela e ainda jovem tenista sérvia. Ao mesmo tempo em que se torna figura cada vez mais frequente em anúncios publicitários e ensaios fotográficos como modelo, Ivanovic é figura já rara em fases finais de grandes torneios. Nas quadras norte-americanas, derrota na segunda rodada de Indian Wells e na estreia de Miami, o que lhe custou 30 posições no ranking da WTA. Se em junho de 2008 ela assumia a liderança do ranking e era nome certo para reinar no circuito, uma das mais belas tenistas da história do esporte entra em abril de 2009 apenas como 57ª do mundo, posição nem de longe digna do potencial que todos reconhecem em seu tênis.
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LAMPEJOS DE NADAL
Nem de longe o Rafael Nadal visto nas quadras norte-americanas se equiparou com aquele que se viu no ano passado, que vinha de título no Australian Open e conquistou a inédita taça em Indian Wells. Porém, se não estão à altura de sua história, pelo menos as semifinais na Califórnia e em Miami serviram para mostrar que o "Touro" tem tudo para voltar aos grandes dias. Embora o tio e técnico Toni tenha revelado que o pupilo ainda sofreu com dores no joelho, a parte física, desta vez, não impediu o espanhol de desferir seus avassaladores topspins de esquerda, que tanto estrago já fizeram no circuito. Roland Garros está próximo, e os fãs de Nadal deve estar otimistas.
DECEPÇÃO DIVIDIDA
Ao lado de Nadal, Roger Federer, Novak Djokovic e Andy Murray formam o grupo dos quatro melhores tenistas do planeta. Porém, pelo menos nas quadras norteamericanas, com exceção do espanhol, o grupo foi uma tremenda decepção em Indian Wells e Miami. Federer acumulou derrotas precoces para Marcos Baghdatis e Tomas Berdych - ambas tendo matchpoint. Djokovic foi ainda pior, acumulando uma derrota nas oitavas e um revés ainda na estreia. E por fim, Murray - em má fase desde o Australian Open -, além de perder a terceira posição no ranking conseguiu igualar os péssimos resultados do sérvio. Ao que parece, a temporada está mesmo aberta para novas disputas.
RESULTADOS Indian Wells Miami |