Na sombra de Gabi

Após anos lamentando a aposentadoria de Sabatini, finalmente os argentinos ganham uma nova musa para torcer, Gisela Dulko

José Eduardo Aguiar em 10 de Novembro de 2009 às 15:44

NO FINAL dos anos 80 e início dos anos 90, o tênis argentino tinha uma rainha. E ela atendia pelo nome de Gabriela Sabatini. Do alto de seus 1,75m, com seus longos cabelos morenos e sua forte personalidade, encantava uma legião de fãs não só no país sulamericano, mas também em todo o mundo. Em outubro de 1996, porém, ela deixou o tênis precocemente, e a alegria e encanto nos rostos dos argentinos era trocada por uma expressão de angústia e tristeza com a aposentadoria da bela morena.

Passaram-se mais de treze anos, e o trono continua vago. Fora das quadras, o nome de Sabatini ainda é forte. Batiza, inclusive, uma das mais vendidas linhas de perfume em todo o mundo. Cheiro característico, uma mescla de saudade e carência. Carência de outra estrela, carência de outra musa, carência de outra grande tenista.

Paola Suarez, que no início dos anos 2000 dominou o circuito de duplas, surgiu como possível sucessora. Mas, apesar do sucesso dentro das quadras, faltava algo mais para a carrancuda jogadora. Descendente de índios, face característica do povo sul-americano, Suarez até tinha sua beleza. Excêntrica, mas nada que encantasse a fervorosa mídia que acompanha o tênis. Era, e ainda é, a época de Anna Kournikova, Maria Sharapova, Ana Ivanovic. Época da beleza iniciada talvez por Chris Evert, tornada essencial justamente por Sabatini. O rosto de menina, pele clara e bem cuidada, longos cabelos, sejam loiros ou morenos. Características fundamentais para uma "super star" do tênis. E o povo argentino, então, passou anos órfãos de sua rainha. Anos que só não foram tão sentidos devido ao sucesso dos marmanjos, como Guillermo Coria, Gaston Gaudio, David Nalbandian e Juan Martin del Potro mais recentemente. Todos levando o nome do país às manchetes de todo o planeta. Mas, e entre as meninas? Quem poderia ocupar a lacuna deixada por Sabatini?

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GISELA

Eis que surge uma forte candidata. Longos cabelos loiros, olhos claros, pele delicada. Um corpo de fazer inveja a qualquer mulher, mescla da força de uma atleta com as silhuetas das mais belas modelos fotográficas. Como juvenil, já chamava atenção. Não só pela beleza, mas também pelo bom tênis apresentado. Foram três títulos de Grand Slam, todos em duplas. Um modelo típico, pronto para fazer sucesso no circuito. Seu nome? Gisela Dulko.

Porém, o sucesso do juvenil não era o mesmo no início de sua jornada como profissional, no início dos anos 2000. Apesar de vários títulos de torneios Futures, o primeiro grande triunfo veio apenas em 2007, no WTA de Budapeste. No mesmo ano, outra conquista, desta vez em Forest Hills. E no ano seguinte, o terceiro título, em Fés. Mas a carreira da candidata a nova musa do tênis mundial não deslanchava. Apesar de ter terminado as últimas cinco temporadas entre as 100 melhores do mundo, não conseguiu ultrapassar a 26ª colocação - seu melhor ranking até o momento, alcançado em novembro de 2005.

Em 2008, uma temporada não tão boa fez a bela argentina terminar o ano "apenas" como número 59 do mundo, esfriando os ânimos de sua legião de fãs - principalmente do público masculino. Mas algo ainda estava reservado para essa bela tenista de 24 anos. Em junho deste ano, enfim, ganhou as manchetes dos principais jornais de todo o mundo. Afinal, quem seria aquela simpática loira que venceu Maria Sharapova em plena quadra central de Wimbledon? Pois bem, era justamente Gisela Dulko, a nova rainha do tênis argentino.

BELAS LOIRAS

Sharapova estava voltando às quadras, longe de sua forma ideal, ainda se recuperando de uma delicada cirurgia nos ombros. Na primeira rodada já havia passado sufoco contra uma desconhecida ucraniana, classificada abaixo das 80 melhores do mundo. Mas não importa. Eliminar uma ex-número um do mundo, alguém que já conhece o gosto de levantar o sagrado troféu em Wimbledon, é algo sempre muito marcante, inesquecível. E certamente esta vitória ficará marcada na memória da sul-americana.

O mundo, então, conhecia Gisela Dulko. Não tão bem quanto Fernando Verdasco, Fernando Gonzalez e Tommy Robredo - três dos mais belos tenistas do circuito -, que, segundo as revistas de fofocas, encabeçam uma invejável lista de affairs da argentina. E conhecia também sua forte personalidade, dotada de uma sinceridade rara entre as grandes estrelas. Sem titubear, a "caliente" Dulko declarou que faz sexo, sim, antes das partidas, e que isso não prejudica o desempenho de um atleta dentro de quadra.

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A polêmica declaração nada tem a ver com tênis, mas mostra um traço do que é esta bela tenista, que começou a jogar aos sete anos após ver algumas partidas de seu irmão, Alejandro. Fonte de inspiração, o irmão - que não teve sucesso como profissional - virou seu técnico, e viaja o mundo ao lado da agora famosa caçula. O tênis, aliás, também serviu de inspiração para que a argentina batizasse seus três cães. Um se chama Goran (em homenagem ao espevitado croata Goran Ivanisevic) e o outro Guga (sim, ele mesmo). O terceiro, Nicole.

O que será da carreira de Gisela nos próximos anos, ninguém sabe. Como toda bela tenista que surge, sofre com o chamado "efeito Kournikova", ou seja, aquela velha dúvida de se saberá lidar com a sua própria beleza. Uma boa alternativa é seguir o exemplo da própria Sharapova, aquela que alavancou a sua fama e que será sua adversária na turnê pela América do Sul - e quem ela admite que gosta de ver jogando.

Se a rivalidade entre Brasil e Argentina esquenta os ânimos em qualquer esporte, talvez pela primeira vez na história veremos brasileiros se rendendo ao talento (em todos os sentidos) de um de nossos hermanos. E que bela hermana, diga-se de passagem!

Gisela Dilko

NASCIMENTO
30 de janeiro de 1985 Buenos Aires, Argentina

TÍTULOS
11 (3 de simples e 8 de duplas)

PREMIAÇÃO
$2,258,496

ALTURA E PESO
1,70m e 56 kg

MELHOR RANKING
26ª simples (21/11/05)
18ª duplas (21/08/06)

Profissional desde 2001

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