Como fazer o controle da obesidade com a prática do tênis
Por Jefferson Cabral em 25 de Novembro de 2013 às 00:00
ATUALMENTE, VÊ-SE UM aumento na procura pela prática de tênis por parte da população obesa. No entanto, é preciso alertar esse público para os reais benefícios da prática para a saúde. Primeiramente, antes de entrar em quadra e querer queimar calorias, é preciso saber um pouco mais sobre essa doença, e as devidas recomendações de atividade física.
É caracterizado como obeso o indivíduo que tem excesso de tecido adiposo – índice maior que 20% do peso corporal no homem e 30% na mulher. De forma simplificada, pode-se dizer que a obesidade resulta de um desequilíbrio entre ingestão e gasto calórico, ou seja, ingere-se mais do que se gasta.
Dados do Ministério da Saúde divulgados em 2003 mostraram que a prevalência de sobrepeso e obesidade juntos (índice de massa corporal > 25 Kg/m²) é de aproximadamente 40% no Distrito Federal e nas 15 capitais brasileiras estudadas. Um nível realmente preocupante.
A Organização Mundial da Saúde classifica a obesidade entre adultos de acordo com o cálculo do peso relacionado à sua altura (índice de massa corpórea, o IMC) e correlaciona tais números a riscos de saúde para o indivíduo (veja tabela).
A obesidade pode ter diversas causas, sendo as principais: predisposição genética, fatores ambientais, consumo em grande proporção de calorias derivadas da gordura e estilo de vida sedentário.
A forma mais eficaz do tratamento contra a obesidade é a associação entre dieta e exercício físico diário. A dieta hipocalórica produz déficit calórico expressivo que leva à redução de peso corporal, enquanto o exercício físico associado à dieta apresenta um efeito sinérgico à redução do peso corporal, aumentando o déficit calórico. A associação entre as duas intervenções na diminuição de peso é primordial para se ter um efeito benéfico. O tratamento apenas com atividade física traz pouca diminuição do peso corporal dos indivíduos.
No entanto, o exercício físico tem um efeito importantíssimo no que se refere à manutenção do peso corporal após programas de emagrecimento, pois a manutenção é mais difícil do que a perda. Além disso, um mecanismo potencialmente importante se refere ao efeito psicológico dos exercícios, como sua influência sobre a autoestima, a imagem corporal e o humor.
Quatro meses de treinamento físico associados à dieta hipocalórica propiciam grandes benefícios. O volume e a intensidade do exercício deve ser aumentado de modo gradativo para que haja adaptação adequada. O tempo total da sessão deve ser de 60 minutos, podendo progredir para 90. A frequência deve ser de três dias por semana, podendo chegar a cinco ou mais. A intensidade do treinamento deve ser de 50% a 70% da frequência cardíaca de reserva. Ela é calculada pela fórmula de Karvonen, que corresponde a:
FC = FCmáx – FCrep x %FCres + FCrep
Cuidados preventivos relativos a problemas osteomioarticulares, comuns na obesidade, devem ser adotados na tentativa de se evitarem lesões durante a sessão de treinamento.
Sendo a associação entre reeducação alimentar e exercício físico é a forma mais eficaz no combate contra a obesidade, o tênis pode ser uma grande ferramenta. No entanto, antes de falar sobre os benefícios dos obesos em praticar tênis, precisa-se fazer algumas considerações. Primeiramente, acredita-se que o tênis gera grande perda calórica. Porém, esse efeito pode acontecer se o público obeso tiver base no esporte. Pessoas que estão iniciando no tênis acabam tendo um gasto energético muito reduzido, pois o início do aprendizado é realizado de forma lenta, rebatendo bolas fáceis. Conforme ocorre a evolução, sua movimentação pela quadra aumenta, as trocas de bola duram mais tempo, a resistência muscular do braço dominante aumenta, e, consequentemente, o gasto energético.
Outro fator relevante é que, indivíduos com peso elevado acabam tendo uma grande sobrecarga nas articulações dos membros inferiores, pois o tênis é um esporte de muita velocidade e mudanças de direção constantes, devendo cadenciar a movimentação pela quadra, principalmente no início do aprendizado, para prevenir possíveis lesões.
Sendo assim, pode-se sugerir para o público obeso que quer iniciar no esporte um conjunto entre reeducação alimentar, exercícios resistidos (com pesos) para fortalecimento dos grupos musculares, principalmente os mais utilizados no tênis, e por fim, a prática do esporte propriamente dita. Conforme o aluno vai desenvolvendo as habilidades, o volume (tempo) de treino durante as aulas pode aumentar.
Com base nisso, pode-se fazer um esquema de treinamento semanal com exercícios de fortalecimento muscular, duas vezes por semana, com duração de 30 a 60 minutos; aulas de tênis nos primeiros dois meses, duas vezes por semana, com duração de 60 minutos, podendo progredir para três, com duração de 60 minutos a 90 minutos a partir do terceiro mês.
Índice de massa corpórea (IMC) e risco de comorbidade |
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Classificação | IMC (peso/altura²) | Risco de comorbidades |
Baixo peso | < 18,5 | Baixo (porém maiores riscos de outros problemas) |
Normal | 18,5 - 24,9 | Ausente |
Excesso de peso | > 25 | |
Pré-obeso | 25 - 29,9 | Aumentado |
Obeso classe 1 | 30 - 34,9 | Moderado |
Obeso classe 2 | 35 - 39,9 | Severo |
Obeso classe 3 | > 40 | Muito severo |
Componentes do gasto energéticoO gasto energético é composto por três constituintes: metabolismo de repouso, termogênese e atividade física. O metabolismo de repouso (MR) é a energia gasta para a manutenção da temperatura e dos sistemas do organismo, e permanece relativamente estável ao longo do tempo. Ele corresponde a aproximadamente 60-70% do gasto energético diário, sendo seu o maior componente. |
Maiores informações: jefferson.jcc@hotmail.com