Compreenda as bases de apoio do forehand para poder maximizar o golpe em cada situação de jogo
Por Elson Longo em 6 de Março de 2015 às 00:00
Nenhum golpe do tênis se manifesta de tantas maneiras diferentes como o forehand. O aumento da complexidade tática do jogo, a necessidade de o jogador moderno ser cada vez mais competente em todas as zonas da quadra, fez com que esse golpe assumisse papeis distintos. Numa partida, um jogador de elite executa diversos tipos de forehand: atacando, defendendo, neutralizando e preparando jogadas. Vemos muitos tipos de bases e apoios, conferindo a esse fundamento uma multiplicidade única.
O forehand, como qualquer golpe do tênis, obedece uma sequência precisa de ações. Após o “split step”, os jogadores se lateralizam em relação à bola em uma ação conhecida como unidade de giro. Em seguida, inicia-se o processo de levar a raquete para trás, enquanto o jogador se movimenta para a bola. Quando a raquete está prestes a iniciar seu movimento para a frente, já no final da fase de preparação, as pernas – que até então estavam incumbidas da movimentação – devem finalmente ser posicionadas para participarem da ação de golpeio.
Este momento é de extrema importância e muito particular: é quando o jogador estabelece uma base de apoio. Estabelecida a base, finaliza-se a fase de preparação e a raquete será acelerada para a frente. As pernas então empurram o chão, sendo a primeira parte do corpo a ser utilizada na fase de aceleração da raquete para a bola. Vemos que as pernas, responsáveis pela movimentação, assumem um papel vital na estrutura do golpe através da maneira que são posicionadas no final da fase de preparação. Este posicionamento final dos pés para o golpeio denomina-se base.
Como o estabelecimento das bases está intimamente relacionado com o processo de movimentação e intenção tática, há vários tipos de bases possíveis. Como a base é a origem do golpe – define a posição do jogador em relação à bola, o tipo de impulso que será originado nas pernas –, ela acaba influenciando enormemente toda estrutura do golpe. Para cada tipo de base, teremos um tipo de forehand, com características próprias. É essa diversidade de bases que confere tamanha amplitude de padrões a esse golpe. Vamos detalhar cada uma delas, sem, contudo, deixar de lembrar que cada tipo de base depende diretamente da direção de movimento do jogador. A base é o lugar comum entre a movimentação e a participação na ação de golpeio, por parte das pernas.
A base aberta ocorre quando os jogadores se deslocam rapidamente para o lado do braço dominante, em direção à esquina da quadra (lado direito para destros). Os pés ficam paralelos à linha de base. Como correm com os ombros de lado, essa base favorece a frenagem e um ótimo estabelecimento de apoio para contragolpear. A base aberta produz um golpe com predominância na fase angular, pois facilita as rotações de quadril e tronco.
Muito usada no tênis clássico, mas ainda hoje tem sua aplicação. Ela ocorre quando o jogador se desloca para o lado dominante em bolas baixas e em situações em que a bola está muito exigida e distante no lado dominante. Nessa base, o pé do lado não dominante aparece mais próximo à bola que será golpeada. Esse apoio do lado não dominante permite uma distância mais próxima em bolas baixas e aumenta o alcance do jogador quando a bola está muito exigida. A desvantagem dessa base é que a perna do lado não dominante dificulta a rotação do quadril, assim como a projeção para frente do trem superior. Tanto o aspecto linear como o angular do golpe ficam comprometidos.
Os pés ficam paralelos à perpendicular da quadra. Ela é usada quando o jogador se desloca tanto para a frente como para trás na quadra. Nas movimentações para frente, em que o jogador se desloca de lado para a quadra, ela produz um apoio que permite golpear em movimento, favorecendo as aproximações à rede. Nos recuos, permite ao jogador frenar o movimento para trás na perna de trás. É a postura que gera a maior potência de todas – quando realizada para a frente. Oferece uma boa fase angular e uma grande fase linear devido ao apoio com a perna do lado não dominante à frente. Sua desvantagem é que utiliza muito espaço para a frente, algo que nem sempre é possível no rápido tênis moderno.
Nesta base, o pé do lado não dominante situa-se em qualquer lugar entre a base de lado e a base aberta. Essa postura é extremamente eficiente. Sendo um híbrido da base aberta e de lado, conserva a vantagem de ambas sem herdar suas deficiências. Permite uma ótima fase angular e o pé do lado não dominante à frente abre caminho para a fase linear do golpe. Muito utilizada pelos jogadores quando fogem da esquerda para bater com a direita, quando estão no centro e para atacar.
Como em um jogo ocorrem muitos tipos de deslocamento, em várias direções, além de diversas situações táticas que vão do ataque até a defesa, é fundamental o jogador dominar essas estruturas de golpe. Todo cuidado no treinamento é pouco. Ficar horas praticando apenas um tipo de direita pode engessar taticamente um jogador e criar lacunas que podem facilmente ser aproveitadas pelo adversário. Como cada postura corresponde a um deslocamento, a falta de naturalidade em uma delas gera uma deficiência direta no jogador quando ele se move naquele deslocamento específico. Quem não domina a postura de lado terá dificuldade em ir à rede; a aberta, dificuldade em bolas abertas; a fechada, em bolas baixas, e a semi-aberta, para jogar invertido de direita (inside-out). Aventure-se, ouse, treine todos os apoios possíveis e sua direita será dona da quadra.