O tênis brasileiro conquistou muitos bons resultados neste ano, mas a base precisa continuar crescendo em 2015
Por Suzana Silva em 12 de Dezembro de 2014 às 00:00
Apesar de entrecortado pela Copa do Mundo de Futebol e pelas eleições para presidência da República, este ano reservou inúmeros bons momentos para o tênis brasileiro, que nos animam e nos impulsionam para 2015.
Mas, para o Brasil continuar a gerar tenistas de expressão mundial, é necessário aumentar a base. E, além de aumentar o número de praticantes que ingressam no tênis em idade escolar, é importante retê-los quando chegam à adolescência, época que muitos param de jogar por terem coisas supostamente mais interessantes a fazer.
Da quantidade sai a qualidade: ditado antigo que ainda funciona. Estados Unidos, Espanha e França são os países com maior número de tenistas top 100 hoje. Não é coincidência que eles possuem infinitamente mais quadras públicas e que contam com programas fortes de popularização, que incluem o primeiro contato com o tênis nas escolas.
Este ano, o Programa Jogue Tênis nas Escolas cresceu bastante. Mais escolas brasileiras possuem programas de iniciação. Uma importante parceria foi firmada com a Uniitalo, universidade paulistana que forma cerca de 1.500 profissionais de Educação Física por ano: em 2015 o Curso de Bacharelado em Educação Física incluirá a modalidade tênis, que capacitará os professores para ministrar aulas no contexto escolar. Além disso, os cursos de capacitação oferecidos pela Confederação Brasileira de Tênis aperfeiçoaram o conhecimento do esporte em mais de 1.300 profissionais atuantes no mercado.
Nos grandes centros urbanos, porém, as academias não resistem à especulação imobiliária. E a construção de quadras públicas ainda depende da boa vontade geral, pois não há decreto proibindo que se risquem quadras de tênis nos parques municipais e estaduais brasileiros.
Propomos aqui um mutirão: sairemos com latas de tinta e pincéis na mão, desenhando as quadras vermelha, laranja e verde, e deixando redes e raquetes à disposição da população nas administrações dos parques. As crianças que se destacarem no esporte – o tão falado processo de seleção de talentos – poderão então ser encaminhadas para aulas em clubes das prefeituras ou particulares, com preços subsidiados pelas leis de incentivo ao esporte.
Dessas milhares de crianças que participarão dos programas em escolas e quadras públicas pelo Brasil, poderemos ter algumas que irão encarar o desafio do tênis profissional e que seguirão adiante, quem sabe se tornando novos ídolos.
Mas, estamos sonhando com um processo de longo prazo. As pessoas envolvidas nesse processo deveriam estar numa pirâmide invertida cujo líder, devidamente localizado na ponta inferior, seria um servidor de todas as pessoas envolvidas gradativamente até lá em cima – os praticantes do jogo de tênis em todo o Brasil. Não devemos nos focar nos resultados imediatos, mas criar planejamento e visão futura. Muita coisa boa tem sido feita, mas há tanto ainda a fazer. Que bom: amantes do tênis, uni-vos! Não faltará trabalho pela frente em 2015. Mãos à obra.