Pesquisa da ITF mostra que número de praticantes de tênis no País cresceu desde 2001 e chega a quase 1,5 milhão, mas tem muito a evoluir
Arnaldo Grizzo em 28 de Maio de 2007 às 10:48
Desde 1997, a organização tem recolhido dados de 23 países e 16 deles foram visitados duas vezes. Em 2006, os alvos foram três dos 10 países mais populosos do mundo. Sendo assim, além do Brasil, incluiu-se Rússia e China, mercados extremamente promissores para o tênis que, se somados, possuem mais de 1,5 bilhão de potenciais consumidores.
Com uma população superior a 180 milhões de habitantes, o número de tenistas no Brasil (a pesquisa considerou tenistas aqueles que praticaram o esporte quatro vezes durante o ano, no mínimo) ainda não representa 1% do total de sua população, por isso, é visto pela ITF como um mercado em desenvolvimento. A pesquisa não se restringiu somente aos números absolutos e quantitativos, mas também buscou entender o comportamento dos praticantes de cada país.
STATUS
A investigação da ITF no Brasil revelou, por exemplo, que nos últimos anos a base social que pratica o tênis aumentou, porém, ele continua sendo um esporte predominantemente de grupos mais abastados, com 58% dos jogadores pertencentes à classe mais alta, 25% à média e 16% à baixa. Isso corrobora um levantamento feito pela MSI Sports, em 2005, que apontava o tênis como o esporte mais praticado pelos presidentes de empresas. Dos 103 executivos de algumas das maiores firmas do Brasil, 23% disseram que sempre batiam uma bolinha.
Esta pesquisa de 2005 indica ainda que 89% deles afirmava que viam o esporte como uma boa ferramenta estratégica para o marketing de relacionamento. Naquele ano, constatou-se que 100 das 500 maiores empresas apontadas pela revista Exame mantêm patrocínios na área esportiva. Na época, 11% dos entrevistados afirmavam que seu esporte predileto era o tênis e 8% revelaram que Guga era o atleta que mais admiravam; 3% citaram Roger Federer. Voltando aos dados da ITF, grande parte dos tenistas do Brasil tem menos de 25 anos (43%) e um terço tem mais de 35. A maioria (56%) começou a jogar na infância ou adolescência. Em termos de habilidade com a raquete, a divisão entre os que se dizem iniciantes (32%), intermediários (42%) e avançados (26%) é bastante eqüitativa. Contudo, ainda é desigual a proporção de homens (69%) e mulheres (31%) que jogam. O estudo expõe também que a maioria dos nossos tenistas freqüenta os clubes (55%) e as academias (20%). E deixa claro, quando comparado com a quantidade de pessoas que jogam em quadras públicas ou escolas na China (59%) e na Rússia (32%), que faltam programas públicos para incentivar o esporte.
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Interessante notar que para a maioria dos brasileiros que praticam tênis (55%), este é, sem sombra de dúvida, o seu esporte favorito. Além disso, o tênis aqui demonstra ainda ser um fenômeno de difusão boca-a-boca, pois 57% dos tenistas entrevistados disseram que resolveram começar no tênis por indicação de amigos ou familiares. Do restante, as percentagens mais significativas são dos que iniciaram para entrar em forma ou fazer um exercício (15%) ou porque pertenciam a um clube (14%).
POTENCIAL DE CONSUMO
Nossos tenistas também se mostram bons consumidores do produto "tênis". Pela pesquisa, 92% dizem ter assistido partidas na TV e mais da metade deles afirma que comprou raquetes, bolas, cordas, roupas e calçados de tênis no último ano. Mais de 50% deles também revelou ter acompanhado regularmente o noticiário do esporte através de revistas especializadas e sites neste período. Entre os torneios mais vistos pelos brasileiros na TV estão os quatro Grand Slams e a Copa Davis.
Os dados da programação do canal por assinatura SporTV mostram que em 2006, a emissora transmitiu 1.102 horas de tênis, ou seja, 13% da grade do SporTV2. Isso significa quase 46 dias inteiramente dedicados às partidas (mais de 600). O SporTV transmitiu os nove Masters Series, US Open e Wimbledon, a Masters Cup e diversos outros eventos, entre os quais o Brasil Open e os confrontos do País na Copa Davis, ou seja, em mais de 30 semanas houve a exibição de algum evento de tênis.
Segundo a ITF, em se tratando de pessoas que não praticam o tênis, o Brasil apresenta ainda um número altíssimo daqueles que dizem nunca ter batido uma bolinha sequer na vida. Apenas 23% dos entrevistados afirmaram que já se aventuraram no esporte da raquete. A média de tempo entre os que já experimentaram o tênis foi de três anos e meio e as principais razões pelas quais tiveram que parar foram: falta de tempo, falta de interesse ou por preferirem outros esportes (todos com 20% das citações).
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ANÁLISE
A pesquisa levantada pela ITF foi analisada pela Sports Marketing Surveys, que identificou a importância de aumentar o número de tenistas por residência. Isso ocorre, pois, em todos os países, a família e os amigos são os maiores incentivadores de novos jogadores. Especificamente para o Brasil, a empresa aponta para o fato de que o país deveria apresentar projetos públicos, porque atualmente a grande maioria dos tenistas joga em locais particulares. Quadras públicas e programas em escolas aumentariam o interesse e facilitariam o acesso das pessoas ao esporte.
O estudo relata ainda que a falta de tempo é o principal motivo para não se jogar tênis e, por isso, seria importante formular aulas e jogos mais curtos. O Brasil ainda foi a nação que teve menos pessoas concordando com o fato: "Tênis é um esporte legal". Isso pode refletir a ausência de tenistas entre os top 50 do ranking nos últimos anos. Segundo a Sports Marketing Surveys, jogadores de ponta ajudariam a melhorar a imagem do esporte.
Para os que não são tenistas, a empresa afirma que é necessário mostrar os benefícios do tênis para a saúde e introduzir programas como o "Cardio Tennis". Apenas 14% dos brasileiros que não praticam o esporte mostraram motivação para começar a jogar no Brasil. Mas, por outro lado, 25% deles disseram que estão propensas a assistir partidas na televisão. Portanto, seria interessante sugerir e motivar a prática do tênis através das transmissões.