Aproveite o melhor período do ano para relaxar eaprimorar seu tênis. Treine técnica, tática, preparo físico e mental e surpreenda os adversários do clube ou da academia em 2007
Odir Cunha em 15 de Janeiro de 2007 às 14:00
Bem, lá vamos nós. Primeira coisa: respire fundo de novo. Não, não é brincadeira. Antes de iniciar a preparação, você precisa se conscientizar de que as férias não vão terminar em um dia, em uma semana, e que elas devem representar apenas um bom começo no seu plano de se tornar um tenista melhor - plano que deve prosseguir por 2007, 2008, 2009...
Deve-se ressaltar isso porque o que mais se vê nas férias é ex-tenista que quer passar da categoria de sedentário para astro das quadras de um dia para o outro. Invariavelmente a conseqüência de esforço tão desmesurado é tornar mais saudável a conta bancária do ortopedista, do dermatologista e, o que é bem mais sério, do cardiologista. Como quem precisa de mais saúde é você, vá com calma.
Não dá para sugerir um programa de treinamento universal para, digamos, um período de 30 dias, pois cada pessoa tem características e graus diferentes de condicionamento físico. O ideal seria que cada um conhecesse tão bem o próprio corpo que soubesse exatamente o quanto exigir dele. Porém, como o corpo se transforma com a idade e pode nos enganar - principalmente quando ficamos muito tempo sem forçá-lo -, o bom senso diz que devemos começar num ritmo lento e ir aumentando gradativamente o tempo e a intensidade da prática esportiva.
Dedique os primeiros dias ao paredão, ou bate-bolas leves. Não jogue para valer logo de cara. Sinta seu corpo. Se tudo estiver bem, sem dores ou dificuldade de movimentação, pode começar a jogar sets. Ainda assim, vá com calma.
Antes e depois de cada partida, reserve ao menos cinco minutos para alongar pés, pernas, braços e ombros (empurrar a parede é uma boa). Depois, bata uns dez minutos de bola, sem grande potência e com boa antecipação nos golpes. Só então pode iniciar o jogo. Falar em alongamento e aquecimento parece chover no molhado, mas é tão importante para evitar lesões que não custa repetir.
Deixe o saque para a última fase do aquecimento e faça a posição correta, mas em ritmo mais lento. A maior parte das contusões nos ombros e braços de tenistas se deve ao serviço executado de forma errada e, principalmente, com os músculos frios. A ansiedade faz a gente querer começar o jogo logo e aquecer durante a partida, mas evite esta tentação. O preço a ser pago pode ser muito caro.
O QUE SE PODE APRIMORAR
Em seguida vem a parte tática. Se você é jogador de fundo, experimente ir mais à rede, e vice-versa. Tente jogadas que normalmente evitaria, como deixadinhas ou esquerdas batidas. Aproveite os jogos sem compromisso para arriscar bolas mais fortes e anguladas, pegar as bolas de fundo na subida, ir à rede de surpresa atrás de uma bola alta e sem peso, ou bater lobes ofensivos com topspin. Jogue solto. Use o relaxamento natural das férias para disputar partidas sem se preocupar com o marcador, apenas com o seu jogo.
Físico, técnica e tática trabalhados, treine a parte mental. Não, não é bobagem.
Dá para treinar, sim. Começa pela postura em quadra: cabeça erguida, atitude e voz confiantes, nada de ombros caídos e resmungos de cabeça baixa. É hora de mostrar o tenista que você é. Nesta etapa, digamos na última semana das férias, não dá para jogar tão solto e bater todas as bolas do mesmo jeito, pois cada ponto tem uma importância, dependendo do marcador, e alguns exigem concentração redobrada.
Repare que os grandes tenistas jogam melhor os pontos importantes. Constate que um tenista menos gabaritado costuma perder muitos game-points contra um outro de maior categoria, mas que este último geralmente aproveita a primeira chance que tem. Concentrado nos pontos decisivos, atento para utilizar os aspectos mais fortes do seu jogo contra os mais fracos do adversário, você também aumentará sua porcentagem de sucesso nos pontos importantes.
MELHORE 30% E CRESCERÁ 100%
É um grande equívoco achar que só evoluções radicais dão resultado no tênis. A própria característica do jogo faz com que pequenas melhoras tragam grandes transformações. No futebol, por exemplo, um pênalti perdido no último minuto pode fazer com que o jogo acabe 0 a 0. Mas se fosse como no tênis - no qual os pontos que você perde, passam para o adversário -, o time do goleiro venceria por 1 a 0.
É óbvio, mas não custa lembrar, que no tênis cada ponto disputado vale em dobro. Se você passa a ganhar pontos que antes perdia, jogos que eram fáceis podem se tornar equilibrados. Pois se você melhora um pouco a parte física, já chega em bolas que não chegava; melhora a parte técnica, e faz mais winners e menos erros não forçados; melhora a tática, e força o adversário a cometer mais erros, além de se desgastar mais; e, por fim, quando melhora a cabeça, passa a ganhar mais pontos decisivos.
Um exemplo prático: pegue um set que terminou 6 a 1, com duas quebras de serviço (o vencedor começou sacando). Aparentemente foi uma lavada e tudo indica que um tenista jogou bem melhor do que o outro. Mas o perdedor pode ter perdido o seu serviço por alguns detalhes, assim como pode ter deixado escapar um break-point em um erro não forçado. Ou seja: com a mudança de algumas bolas, o placar estaria 4 a 3 para o perdedor.
Quanto treinar nestas férias, lembre-se de que cada ponto a mais que você ganhar em 2007, estará tirando daqueles chatos que teimavam em vencê-lo até o ano passado. Relaxe, faça a coisa certa e prepare-se para vitórias inesquecíveis na temporada mais fantástica de sua carreira. Boas férias!