O caminho para o sucesso em quadra passa pelo controle da mente
Por Douglas Maluf em 3 de Maio de 2017 às 16:46
Quando iniciamos no tênis, geralmente passamos por processos de evolução. No começo, quem tem uma melhor mecânica de golpes costuma vencer aqueles que ainda têm falhas técnicas. Quando a técnica se equipara, passa-se então para o lado físico do esporte e, assim, quem tem melhor preparo tende a se sobressair. Aí, quando técnica e físico se igualam, onde está a diferença? Na mente.
É cada vez mais nítida a importância do “mental” no jogo de tênis. Sabemos que técnica e fisicamente muitos atletas conseguem alcançar um nível parecido em certo momento da carreira e o que os torna realmente fora de série é o tal “mental”. Novak Djokovic vem provando isso nos últimos anos.
Dessa forma, o “controle” das emoções e sentimentos, com o intuito de conseguir atingir algum objetivo, atualmente, pode ser considerado com um dos principais trunfos para o sucesso pessoal e profissional. Um indivíduo emocionalmente inteligente é aquele que consegue identificar as suas emoções com mais facilidade e utilizá-las em prol de seus objetivos e metas.
Sendo assim, o tema da inteligência emocional sempre vem acompanhado de outro: autoconhecimento. Através de avaliações, testes, exercícios práticos e vivenciais, o indivíduo passa a se conhecer melhor, entender como é o seu funcionamento mental/ emocional e, a partir daí, consegue criar estratégias que possibilitem o melhor uso desses recursos emocionais internos. Uma das grandes vantagens das pessoas com inteligência emocional é a capacidade de se automotivar e encontrar caminhos de seguir em frente mesmo diante de frustrações e dificuldades.
Para um atleta, algumas habilidades conquistadas com a inteligência emocional são fundamentais para se alcançar a alta performance:
• Disciplina
• Concentração/Foco
• Tolerância à frustração
• Paciência
• Espírito vencedor
• Perseverança
• Desempenho sob pressão (Interna: ansiedade alta, impaciência, medos etc; e Externa: adversário, patrocinadores, mídia, torcida etc.)
• Autoconfiança
• Motivação
No curso de Inteligência Emocional (Método MD Inteligência Emocional), trabalha-se com várias técnicas e ferramentas importantes para a construção dessa capacidade interior. Uma a ser destacada é a Programação Neurolinguística (PNL). A PNL mostra como utilizar a linguagem do cérebro para consistentemente conseguir resultados desejados específicos. Nós, seres humanos, funcionamos e “gostamos” de repetir padrões.
Existem padrões de comportamento negativos e eles quase sempre são inconscientes. Através de reprogramações de crenças limitantes e padrões emocionais, tudo o que impede um indivíduo de ser, fazer e ter é eliminado do seu caminho. Quando você elimina esses padrões emocionais inconscientes negativos e descobre sua verdadeira paixão, todo seu potencial é alavancado.
A essência do trabalho não é transformar você no que não é, e sim potencializar o que você já é ou nasceu para ser. A PNL possibilita controlar a nossa mente e corpo de modo a ficarmos no melhor estado mental e físico para um desempenho bem-sucedido e com prazer. Um dos pressupostos básicos da PNL é que corpo e mente fazem parte do mesmo sistema.
Todo atleta, seja de esporte individual ou em equipe, sabe que o corpo afeta a mente e vice-versa. Ou seja, se você quer mudar seus pensamentos, o jeito mais fácil é começar mudando sua fisiologia. Os nossos pensamentos e emoções são muito poderosos, tanto para nos impulsionar em prol de algum objetivo como para nos impedir de alcançá-lo.
As emoções positivas podem ajudar a manter a motivação e permitir abordar acontecimentos com entusiasmo, energia e confiança. Na PNL, uma das técnicas que podemos usar para “dispararmos” essas emoções positivas chamase “âncoras”. Âncora é qualquer estímulo sensorial (visual, auditivo ou cinestésico) que dispara um conjunto específico de sensações ou emoções.
Podemos “ancorar” essas emoções e sensações positivas em um gesto característico do atleta, por exemplo. Assim, toda vez que o ele o fizer, esses sentimentos/ emoções/sensações voltam a fazer parte da sua estrutura física e mental. Relaxamentos, respirações conduzidas, mentalizações e visualizações são outros exemplos de técnicas para o atleta alcançar a calma, entrar na quadra focado e concentrado, e manter esse padrão entre os pontos e games.
Há pouco tempo, Thomaz Bellucci começou um trabalho nesse sentido e o foco principal, no início, não era tanto a vida profissional, mas sim questões pessoais. As vidas pessoal e profissional sempre estão muito interligadas. E, querendo ou não, uma acaba influenciando a outra. Já é possível notar uma mudança significativa na postura de Bellucci nos intervalos entre os games.
Alguns exercícios de respiração e mentalização, nesse momento, ajudam-no a manter o foco e concentração na partida. Aos poucos, está-se migrando algumas metas de trabalho, que antes eram muito pessoais, para dentro das quadras. E aí, todas as técnicas da PNL citadas anteriormente começam a fazer parte do repertório de ferramentas que ele levará consigo para as quadras.
“Acredito que hoje sou um cara mais preparado para a vida, mais decidido no que tenho que fazer fora das quadras. Sei quais são os meus princípios, meu objetivo de vida. Então, quando entro em quadra hoje, acredito que sei muito bem quais são meus objetivos. Acredito que o treinamento me trouxe muitas coisas internas que passam despercebidas pelas pessoas, que, às vezes, vivem sem saber o porquê e o real significado de estarem aqui no mundo. Acredito que isso venha muito positivamente, pois acho que agora sei muito bem por que eu vim, por que entro em quadra todos os dias para me dedicar, para fazer as coisas que tenho que fazer. A minha vida mudou em certos sentidos”, afirmou Bellucci.
Sabemos que o tênis é um dos esportes que mais exige treinamento cerebral. O tenista toma decisões rápidas durante toda a partida e, talvez, seja o jogo em que o atleta mais converse consigo mesmo. Por isso, o autoconhecimento e saber lidar com as próprias emoções são tão importantes. Assim como a questão técnica e o condicionamento físico podem ser treinados, a parte mental/emocional também pode e deve ser treinada por quem deseja atingir melhores resultados.
“Vi isso de várias formas, tanto no dia a dia, como dentro da quadra, para ser um atleta melhor. Acredito que o fruto desse treinamento vai vir no longo prazo. Ele já me trouxe muitas coisas boas para vida, assim como para o Thomaz tenista, e acredito que o trabalho está só começando”, apontou Bellucci.
Douglas Maluf é especialista no comportamento humano. Mais informações em: www.douglasmaluf.com.br