Giro pela América do Norte

A temporada de torneios no verão norte-americano atrai os melhores tenistas do mundo para cidades incríveis. Saiba como aproveitar tudo isso

Por Lúzio Ramos em 5 de Julho de 2014 às 00:00

QUANDO PENSAMOS NO US OPEN, vem à mente belos jogos de cinco sets – que muitas vezes começam de dia e só terminam à noite –, a presença de todos os grandes campeões lutando por um título histórico de Grand Slam e toda a energia da torcida mais animada do mundo tenístico, que vem de todas as partes para lotar os 22.547 lugares do Arthur Ashe, o maior estádio de tênis do planeta.

Por trás disso existem muitos fatores, padronização e um planejamento impecável, para tornar esse evento tão agradável ao público e tão desejado pelos tenistas.

Como se não bastasse ser um dos quatro torneios Grand Slam, com uma premiação milionária e a pontuação máxima que um tenista pode obter em um único evento, o US Open fecha uma série de torneios masculinos e femininos no verão norte-americano.

São nove torneios que compõem o chamado US Open Series: Atlanta, Stanford, Washington, New Haven, Winston-Salem, além dos Masters 1000 do Canadá e Cincinnati e do US Open. Ele são realizados sempre no mesmo tipo de superfície (dura), entre julho e setembro, com quadras padronizadas.

O Royal Ontario Museum e a CN Tower (ao fundo) são duas das atrações de Toronto, no Canadá

Além da facilidade de jogar nove semanas em apenas dois países vizinhos (Estados Unidos e Canadá), os melhores jogadores do mundo competem por mais de US$ 40 milhões, além de bônus baseados no seu desempenho. Um único tenista pode ganhar US$ 1 milhão apenas em bônus, além da premiação.

Três torneios que compõem o US Open Series recebem mais atenção: os Masters 1000 do Canadá e Cincinnati e o próprio US Open, que congregam a presença certa dos maiores nomes do tênis com ótimas opções de turismo.

Masters 1000 do Canadá

Este torneio alterna seu local a cada ano, com as cidades de Toronto e Montreal se revezando como sede da competição masculina e feminina. A organização impecável é apenas um dos diferenciais que fazem deste um dos torneios com maior público em todo o circuito.

O torneio masculino de 2014 será realizado em Toronto. A maior cidade do Canadá e a quarta maior da América do Norte é um dos principais centros financeiros, culturais e científicos do mundo. Vale a pena conhecer.

A cidade oferece transporte público gratuito para portadores do ticket do torneio e incentiva o uso de bicicletas como meio de transporte ecológico, disponibilizando 250 vagas na entrada do complexo, além de pontos para aluguel de bikes – uma excelente opção para conhecer Toronto nesta época do ano, em que a temperatura gira em torno de 24ºC.

Para quem gosta de artes, deve visitar o Royal Ontario Museum, com exposições sobre arte, arqueologia e ciências, e a Art Gallery of Ontario, com obras da cultura Inuit (esquimó), mas também quadros de artistas internacionais como Picasso e Monet.

Não perca o Hockey Hall of Fame, o museu do hóquei, um esporte que faz parte da cultura do país. Mesmo que você não seja fã da modalidade, lá você poderá se divertir desafiando jogadores computadorizados num rinque simulado.

Se quiser aproveitar a viagem para fazer compras, o Eaton Centre tem mais de 230 lojas e é simplesmente excepcional.

Uma dica para comer, beber e se divertir na noite de sexta é o Mill Street Brewery: uma animada cervejaria localizada no Distillery District. Peça o poutine (prato típico “quebecoise” com batatas fritas, molho de carne e queijo coalho) e, para acompanhar, uma seleção de cervejas.

Programe e reserve com antecedência um jantar no “360 The Restaurant” na CN Tower, com mais de 553 metros de altura – que já foi a mais alta torre do mundo. Marque, para um dia após os jogos, aprecie o jantar e uma cidade tão grande quanto sua energia, hospitalidade e organização.

Masters 1000 de Cincinnati

O torneio de Cincinnati acontece há mais de 100 anos. A cidade é considerada por muitos como a melhor e mais harmoniosa do interior dos Estados Unidos. Possui muitos parques amplos e é banhada pelo rio Ohio, sendo também chamada de “Queen City”, ou a Cidade da Rainha.

Para famílias que desejam dias de lazer e tênis juntos, esta é uma opção perfeita. Na cidade, existem lindos parques e excelentes restaurantes – não deixe de experimentar o chili à moda de Cincinnati no Skyline Chili. Também vale a pena uma ida ao Zoo, classificado como um dos 10 melhores do mundo, e ao Over the Rhine, o maior e mais bem preservado bairro histórico dos Estados Unidos.

Para as compras, o Cincinnati Premium Outlets tem grandes marcas por preços inacreditáveis. E vale lembrar que dentro do torneio é montada uma grande loja da Midwest Sports, com todo o tipo de equipamento para tênis.

Lá, você pode se hospedar no hotel Great Wolf Lodge e, logo na porta, verá dois lobos esculpidos e quartos com decoração aconchegante em madeira, além de um parque aquático indoor.

Torneio de Cincinnati, com mais de 100 anos, é um dos mais tradicionais do mundo

US Open

O maior evento de tênis do mundo impressiona todos que pisam pela primeira vez no complexo Billie Jean King National Tennis Center, em Flushing Meadows, em Nova York.

Desde a chegada – ao ver a placa “Welcome to the US Open” ao longe – ou ao entrar e sentir a imponência dos três estádios (Arthur Ashe, Louis Armstrong e Grandstand), fica-se embasbacado, especialmente por poder assistir a uma bela partida em qualquer uma das diversas quadras secundárias, bem de pertinho. Dá para sentir a energia no ar.

Nos estádios, geralmente jogam os top 10 ou os ídolos americanos, e apenas no Arthur Ashe e Louis Armstrong os lugares são marcados. Nas demais quadras, senta-se por ordem de chegada.

Diferentemente de Wimbledon e Roland Garros, os jogos são divididos em sessão diurna e noturna. Normalmente, sempre acontecem grandes partidas à noite no Arthur Ashe, embora não seja regra. No entanto, há tantos bons jogos ao mesmo tempo em quadras diferentes que, às vezes, fica difícil escolher.

Vale apontar ainda que existem dois momentos no US Open: a primeira semana, incluindo o primeiro fim de semana, com muitos jogos em todas as quadras, tickets a preços acessíveis e ideal para quem quer conhecer o torneio, indo de quadra em quadra, vendo um grande número de jogadores. Nesta semana, vale a pena comprar o ingresso para a sessão diurna no Arthur Ashe e ficar até a noite. Não é necessário sair do complexo ao terminar a sessão, apenas do estádio, mas você poderá ainda assistir até ao último jogo nas demais quadras.

Já na segunda semana do torneio, quando estão apenas os 16 melhores de cada chave em ação, os jogos começam a ficar restritos às principais quadras. Então, o ideal é ter tickets de duas a quatro sessões seguidas, preferencialmente em bons lugares no Arthur Ashe, para ter certeza de que verá o seu jogador favorito. Nas rodadas finais, os ingressos também vão ficando mais caros. Na final masculina, o os valores variam de aproximadamente US$ 200, nas arquibancadas superiores, a US$ 6.000 nas primeiras filas. Mas, não importa a rodada, compre com antecedência para não correr o risco de ficar sem ingresso.


Arthur Ashe é o maior estádio de tênis do mundo, com mais de 22 mil lugares

Nova York e o US Open

Em uma viagem para o US Open, aproveita-se cada minuto, pois Nova York é uma cidade que não dorme, tão intensa e com tantas opções que você só irá ficar parado quando estiver em quadra assistindo a um grande jogo.

Fique hospedado em Manhattan, preferencialmente onde você possa fazer todos os passeios que deseja a pé. Ficando nas ruas localizadas entre a Times Square e o Central Park, além destes dois pontos turísticos, você pode caminhar e fazer compras pela Quinta Avenida, ir a shows na Broadway, aos observatórios Top of  The Rock ou Empire State, tudo com muita facilidade.

Não se preocupe em ficar perto do torneio, o metrô de Manhattan para Flushing Meadows é rápido, seguro e você não corre o risco de ficar preso no trânsito de Nova York. Melhor, funciona até depois do último jogo – não importa a hora que acabar.

Se você gosta de caminhar ou correr, coloque seu tênis, vá até a ponte do Brooklyn (de metrô ou táxi) e atravesse-a numa manhã ensolarada ou no fim da tarde. Aprecie a vista panorâmica da cidade com a estátua da Liberdade ao fundo.


O restaurante Fishtail, do chef David Burke, é uma das boas opções de Nova York

Não deixe também de visitar o MOMA – Museum of Modern Art –, tomar uma taça de Champagne na praça central do Rockefeller Center e visitar a Trump Tower. Para um jantar descontraído e divertido em turma, vá ao Bubba Gump, na Times Square. O restaurante inspirado no filme “Forrest Gump” é especializado em camarões. Peça o Shrimp Heaven e uma “Coronarita”, um drinque com margarita e cerveja Corona.

Agora, se você quer experimentar algo com o sabor de Nova York, vá ao Cafe Orlin ou ao Fishtail, do famoso chef David Burke. Em qualquer um deles, peça Eggs Benedict.

A cidade estará no clima do torneio, com painéis luminosos do US Open na Times Square e o jornal USA Today faz uma edição especial do evento com mais de 60 páginas, que você pode comprar em qualquer banca por menos de US$ 5.

Antes de sentar-se para uma partida, compre uma cerveja e um hot-dog, no melhor estilo americano, curta o som dos DJs nos intervalos, torça pelo seu jogador favorito e aproveite o máximo. O esporte promove amizades e lhe leva a lugares incríveis.

Lúzio Ramos é proprietário da empresa de turismo especializada em tênis MundoTênis.
luzio@mundotenis.com.br

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