Em busca da renovação

Depois dos primeiros quatro anos à frente da CBT, o presidente Jorge Lacerda comemora o fortalecimento da entidade e vê o esporte seguindo o rumo certo agora

Da redação em 1 de Junho de 2009 às 13:36

Prestes a renovar o patrocínio com os Correios - provavelmente o maior feito já alcançado pelas últimas gestões que passaram pela Confederação Brasileira de Tênis -, a nova diretoria da entidade, na figura de seu presidente Jorge Larcerda, comemora a estabilidade que o tênis brasileiro conseguiu alcançar recentemente. Mesmo sem um ídolo, os projetos da CBT parecem ter dado resultado, tanto que os Correios investirão ainda mais no esporte, subindo o valor anual de R$ 3,8 milhões para R$ 4,5 milhões.

Nesta conversa, Lacerda, reeleito recentemente, explica quais os planos da CBT para os próximos quatro anos finais de mandado (assim que assumiu, o estatuto foi mudado para que apenas ocorresse uma reeleição). Taxado de intransigente e autoritário por alguns, o presidente faz questão de responder que apenas colocou ordem nas coisas e cumpre as regras que são aprovadas por todos.

Do que foi planejado quando esta diretoria assumiu, o que foi feito até agora e o que falta fazer?

Na parte financeira, acertamos os problemas maiores de falta de crédito com Cosat e ITF, zeramos as dívidas. Conseguimos nos aproximar do COB e as negativas fiscais. Parcelamos o IN SS devido. Até o segundo semestre, zeram os credores particulares. Assumimos com 68 títulos protestados. Hoje estamos com 85% recuperados e o resto em parcelamento. Na parte técnica, acreditamos desde o primeiro momento na capacitação. Era terceirizado e começamos do zero.

Hoje é considerado pela ITF e Cosat como o melhor da América do Sul. Tivemos a permanência do circuito juvenil - que é uma briga -, mas tem um calendário extenso, com mais de 150 eventos. Com um calendário longo, você pode escolher a melhor data para jogar. Não adianta jogar muito, pois só computa dez torneios e em dois semestres. Estamos reduzindo os eventos também.

Para 2010, vamos reduzir o número de grandes eventos e só vai jogar nível 1 e A quem jogar 3 e 4. E pretendemos começar na sexta ao invés da quarta. Reduzir a quantidade de dias da criança fora da escola. Não conseguimos montar as equipes permanentes.

Esse é um sonho que vem acoplado a um centro de treinamento, infelizmente. Só conseguimos, financeiramente, criar uma equipe. Mas o Emilio Sanchez vai trazer as coisas novas. Conseguimos fazer no Brasil, em três anos, o maior calendário de Futures do mundo. A criação do CNIP e CNT foi importantíssimo. Somos o único país do mundo a ter critério para dar um convite. O menino ganha seu espaço na quadra. Nos Challengers, estamos começando a trabalhar e apoiar alguns. No feminino, vamos apoiar os eventos menores. Precisamos fazer o que foi feito no masculino, aumentar o número de Futures. No masculino, aumentar o número de Challengers.

Como está a negociação para o centro de treinamento?

Estamos trabalhando forte com o governo do Estado de São Paulo, prefeitura e Ministério do Esporte. Todos estão apoiando a criação do centro. R$ 1,5 milhão da verba de lei de incentivo já está separada para a hora que aprovar. Está pronto, só não aprovou ainda porque tem que ter a posse do terreno por 20 anos. Vai sair um centro este ano.

Contratar o Emilio Sanchez não desprestigiou os técnicos brasileiros?

O grande problema do Brasil é o bairrismo desnecessário. A Inglaterra tem uma das maiores verbas para investir em tênis e eles contrataram o Brad Gilbert (técnico norte-americano). Acho que não tem que ter medo de intercâmbio. Todo mundo que quer se desenvolver vai buscar os melhores. Temos brasileiros viajando o mundo inteiro, mas queríamos trazer alguém com a certeza de ter um trabalho feito. Não é desprezar o brasileiro, pegamos o melhor e trouxemos para cá. Em termos de currículo, não tem ninguém no Brasil melhor que ele. Tivemos esse cuidado.

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E Larri Passos?

O Larri é um baita treinador, mas dentro de toda essa matemática, fez um tenista apenas. O Emilio fez 20. Acho que ele tem mais experiência. Não que seja melhor ou pior que o Larri. E mais, o Emilio tem experiência de trabalhar em equipe. A experiência do Larri é muito pessoal.

Depois do Nelson Nastás, todo mundo se pergunta se haverá perpetuação na gestão da CBT.

Não. Para que se faça uma alteração no estatuto, não depende só do presidente, tem que ser aprovado por todos os presidentes das 26 federações. Em 2005, fiz uma proposta: uma reeleição e foi aprovado. Isso já está valendo e, em março de 2013, termina o mandato. Acho que é a única confederação do Brasil que tem essa garantia de não perpetuação. Temos uma empresa de auditoria desde o primeiro dia e as contas são aprovadivulgação das, ou não, em assembléia. Pagamos para que todos os presidentes estejam na assembléia. Desde que foi criada a CBT, é a primeira vez que conseguimos um patrocinador. A CBT hoje está com uma credibilidade muito boa.

É importante ter a participação de ex-jogadores na gestão?

O Fernando Meligeni participou desde o começo como capitão da Davis e depois saiu porque achava que tinha que fazer uma equipe e o investimento não estava de acordo com o que tinha na época. O Guga hoje esta fazendo um evento em parceria com a CBT. Nós o indicamos para ser um do conselho dos atletas do COB. Mas é a primeira vez que enxergo a CBT acima de qualquer pessoa e isso é importantíssimo para a entidade. Ela precisa representar seu esporte. O maior patrocinado no Brasil hoje é a CBT. Antes não.

Mas ter o Guga como apoiador é importante?

É como ter o Emilio. E ele convidou todos os ex-atletas e técnicos para trabalhar. Queremos que todo mundo esteja trabalhando junto com a confederação.

Você se considera uma pessoa autoritária e intransigente?

Tudo na CBT tem que ser aprovado em assembléia. Cada departamento tem total liberdade. Então, muito pelo contrário, com a verba dos Correios, tentei contratar os melhores para cada área. Agora, não tenho medo de tomar decisão, especialmente quando ela é certa. Tem um regulamento, vamos seguir. Se tem regulamento e começa a abrir para que não seja cumprido, não vai dar certo. Aí é bagunça.

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