Carlos Moyá retorna ao Brasil Open e, além de arrebatar corações, pretende vencer o torneio e manter a motivação
Arnaldo Grizzo em 5 de Fevereiro de 2007 às 14:17
No mesmo ano em que liderou o ranking da ATP, em 1999, Moyá foi eleito pela "People" uma das 50 pessoas mais belas do mundo. Apesar de se revelar modesto, o galã faz um ar altivo despojado que seduz o pobre coração das mocinhas. O cabelo - comprido, mas nem tanto - parece arrumado às pressas.
A barba, às vezes, bem feita - clássico; às vezes, por fazer - aparentemente desleixado. A camiseta de treino sem mangas mostra um pouco do porquê de uma direita tão poderosa. O jeans das horas de folga é simples e largado. Segundo o espanhol, ele não faz "marketing" com sua aparência, este é apenas o seu estilo normal.
" O que me segue motivando é o desafio da competição e acho que ainda posso ganhar torneios" |
Se esse jeito "normal" encanta a platéia feminina por todo o mundo, por que seria diferente no Brasil? No entanto, em 2004, as fãs brasileiras pouco puderam apreciar sua beleza, pois ele perdeu na estréia do torneio baiano.
E, para desespero das garotas, Moyá quase não saiu do hotel e, quando saiu, estava acompanhado por "uma de suas dez namoradas", dizia-se na época.
Mas, mesmo à sombra da "inimiga", houve meninas que, sem qualquer tipo de inibição, se acercaram do tenista para, com a desculpa de tirar uma foto, ganharem o troféu mais desejado, um beijinho no rosto.
IDADE
Na época, Moyá tinha 27 anos e ainda estava entre os top 10. Em entrevista à Revista TÊNIS, ele dizia que tinha ambições de voltar ao número um do mundo, mas sabia das dificuldades. Quando chegou ao topo, o espanhol havia ganhado Roland Garros, o Masters Series de Monte Carlo e foi vice na Masters Cup em 1998. Em março de 1999, ele precisava chegar à final em Indian Wells para superar Pete Sampras.
A semifinal era contra Guga. Até então, Moyá nunca o vencera. Mas, após três sets, lá estava: o primeiro espanhol número um do mundo.
No entanto, em 2004, o tenista - que desde 1995, quando se tornou profissional, sempre esteve em pelo menos uma final de ATP - tinha o sonho de ganhar a Copa Davis (Moyá não participou da conquista em 2000, contra a Austrália). "Adoraria que fosse este ano", disse. E foi. Com ajuda do conterrâneo Rafael Nadal, o time da Espanha bateu os Estados Unidos na decisão em Sevilha.
E depois? Acabaram-se os objetivos, a motivação? Nos dois anos seguintes, ele esteve aquém de sua melhor fase, saiu do top 10, depois do top 30 e, recentemente, do top 40. Seria o início do fim? Em nova entrevista à Revista TÊNIS, o espanhol reafirma o que disse em 2004 e nem pensa em parar. Aos 30 anos, o jogador mostrou que ainda tem gás ao ser finalista do ATP de Sydney, em janeiro. E, de volta ao Brasil, quer ganhar o torneio. No entanto, novamente deve decepcionar as fãs. Há dois anos, está namorando. Confira o bate-papo.
Há três anos, em uma entrevista durante o Brasil Open 2004, você disse que Rafael Nadal seria um top 10. Por que acreditava tanto nele?
Eu já havia treinado com Rafa e sabia como era. Nunca se sabe disso exatamente, mas, ainda menino, ele tinha sempre uma atitude que eu nunca havia visto antes.
Acha que ele pode ser número um?
Rafa tem a determinação para conseguir o que quer que se proponha a fazer.
Agora terá que ver se Federer afrouxa um pouco. Neste momento está complicado porque Roger está em um nível inalcançável, mas Rafa ainda é jovem.
Você já jogou contra Federer e Nadal. Quem é o melhor?
Os dois são muito difíceis de jogar. Nunca gostei de jogar contra Federer e Rafa me faz correr muito... (risos)
Qual é a sua motivação para jogar tênis hoje?
O que me segue motivando é o desafio da competição e acho que ainda posso ganhar torneios e ir bem. Essa é minha motivação e minha meta. Gostaria de continuar ganhando torneios. Por isso estamos aqui.
Você tinha dito que lhe faltava ganhar a Copa Davis. Agora acredita que não lhe falta ganhar mais nada?
É verdade que ganhar a Davis não era somente um objetivo, mas um de meus sonhos. Agora sigo com vontade de ganhar torneios, como o Brasil Open. Isso sim, sei que é muito difícil.
Até que idade pretende continuar jogando?
Já querem me aposentar? (risos) Por hora, me sinto bem e não sou tão velho assim. Além disso, estou com um treinador (Luis Lobo, argentino) que me ajuda muito nesse nível mental e técnico e espero poder seguir por esta linha durante o ano.
Não tem planos para depois do tênis?
Não. Continuo pensando somente em tênis.
Juntou dinheiro suficiente para quando parar?
Já veremos (risos).
Ainda está solteiro?
Não, tenho uma namorada (a tenista italiana Flávia Pennetta) já faz dois anos e a verdade é que estamos muito bem juntos.
Quais jovens espanhóis acha que podem se tornar grandes tenistas?
Não sei. Eu conhecia bem Nadal porque ele é de Mallorca. Mas na Espanha sempre saem bons jogadores, já que existe uma boa base.
Em 2004, você acreditava que Guga voltaria a jogar como antes da primeira cirurgia. Ainda acredita nele?
Guga sofreu outra operação depois da primeira. E não é fácil voltar assim. Mas Guga tem muito coração e muita vontade. Tem que confiar nele.
Quem venceria uma partida entre Nadal e Guga, em sua melhor forma?
Guga, em seus melhores tempos, era o melhor jogador do mundo. Ganhou três Roland Garros, um Masters Cup, acabou como número um do mundo e ninguém ganhava dele quando estava confiante. Rafa é um grande jogador também e, em saibro, está há muitas partidas sem perder. Não sei quem ganharia, mas sei que seria um jogaço.
" Ganhar a Davis não era somente um objetivo, mas um de meus sonhos" |
Carlos Moyá
Nascimento: 27 de agosto de 1976, em Palma de Mallorca, Espanha
Altura e peso: 1,90m e 86 quilos
Destro (mas escreve com a esquerda)
Melhor ranking:
Simples - 1º em 15/03/1999
Duplas - 108º em 29/10/2001
Títulos:
19 títulos
21 vice-campeonatos