Davis Cup: ITF aprova novo modelo para a Copa do Mundo do Tênis

Alterações no formato, entretanto, dividem a opinião de jogadores e federações

Da redação em 16 de Agosto de 2018 às 15:26

Astro do Barcelona e da Seleção Espanhola, Gerard Pique (à esquerda) é um dos investidores do Kosmos, fundo de investimento que mudará a competição. À direita, David Haggerty, presidente da ITF  Foto: Divulgação/Davis Cup

A manhã desta quinta-feira marca um ponto de transformação na mais tradicional competição por países no mundo do tênis. Mais cedo, a ITF (Internacional Tennis Federation ou Federação Internacional de Tênis, na tradução) anunciou uma série de mudanças no formato de disputa da Copa Davis, a serem seguidas nos próximos 25 anos.

Para aprovar a reforma conduzida pela ITF em parceria com a Kosmos - fundo de investimento presidido porGerard Pique, zagueiro do Barcelona - a federação contou com 71,43% dos votos das 210 confederações nacionais, incluindo a CBT. O acordo renderá o investimento de 3 bilhões de dólares (R$11,7 bi), com boa parte do valor sendo direcionado para desenvolver o esporte em todo o mundo.

Recepção

A medida polêmica foi comemorada pelo presidente da ITF, David Haggerty. "Estou muito contente que as nações votaram hoje para garantir a continuidade da Copa Davis por muitos anos. Ao votar a favor dessas reformas, poderemos trabalhar com a Kosmos para pôr em prática o enorme potencial da competição e elevá-la a novos padrões. Este novo evento criará um verdadeiro festival de tênis e entretenimento, que será mais atrativo para jogadores, fãs, patrocinadores e emissoras", comentou ele, se referindo também aos 20 milhões de dólares em premiações que a competição destinará diretamente para os jogadores através de suas federações.

"Além disso, as novas receitas para as nações que o evento irá gerar terão um efeito transformador no desenvolvimento do tênis em todas as nações. Nossa missão é garantir que esta decisão histórica beneficie a próxima geração de jogadores nas próximas décadas", finalizou Haggerty.

"Este é o início de uma nova etapa que garante o nível elevado e justo que a Copa Davis deve ter como uma competição para as seleções nacionais, ao mesmo tempo em que se adapta às exigências deste esporte profissional no mais alto nível. É uma grande honra para mim fazer parte deste processo histórico de um esporte que sou apaixonado. Sem dúvida, em termos pessoais e profissionais, este é um dos dias mais felizes da minha vida", comentou Pique.

O entusiasmo, entretanto, não foi compartilhado como algumas das mais tradicionais Federações do mundo do tênis. Em carta publicada no Twitter, a Tennis Australia, órgão responsável pelo esporte no país da Oceania condenou a atitude. "Mudanças são importantes para a competição, mas esta proposta muda muito do que torna a Davis especial e única, principalmente os fatores relacionados a jogar fora de casa ou em seu país.

Atual campeão, Lucas Pouille fez duras críticas às modificações. Foto: Corinne Dubreuil/Divulgação Davis Cup

Presidente da Federação Alemã (Deustscher Tennis Bund), Ulrich Klaus considerou o resultado da votação "uma pílula muito amarga para engolir" e disse estar sem palavras após o anúncio. "Infelizmente, a discussão nos últimos dias foi principalmente sobre o dinheiro e não sobre o esporte", finalizou.

Uma série de tenistas também criticaram a mudança. Atual campeão do torneio, o francês Lucas Pouille não poupou críticas em suas redes sociais. "Vocês da ITF são uma vergonha para o tênis. Vamos aproveitar nosso último ano de Copa Davis e tentar manter o título conosco", declarou, se referindo a disputa das semifinais do torneio deste ano, no qual a França terá a Espanha de Rafael Nadal pela frente em busca do segundo título consecutivo. O australiano John Milman também atacou a mudança. "Ei @DavisCup, uma pergunta rápida: quando os jogadores irão votar na mudança de formato? Ainda não recebi o memorando".

Entenda o formato

O cobiçado troféu da Copa Davis. Foto: Corinne Dubreuil/Divulgação Davis Cup

A partir de 2019, a Davis terá uma última fase final, a ser disputada por 18 países durante uma semana. O formato de disputa se inicia com uma fase de grupos, com três times em cada um se enfrentando nos quatro primeiros dias de competição. Avançam os melhores de cada grupo, bem como os dois melhores segundos colocados. Na sequência serão disputadas as quartas de final, as semis e a decisão. Em cada confronto, os países se encontrarão em três partidas realizadas no mesmo dia, com duas de simples e uma de duplas.

Os critérios de classificação são três: as quatros semifinalistas do ano anterior confirmam de forma antecipada a participação nesta "Copa do Mundo do Tênis". Doze outras nações participarão de uma fase qualificatória, enquanto as duas últimas vagas serão definidas por wild cards, sendo estes escolhidos dentre nações classificadas no Top 50 do Ranking da Davis ou com um tenista entre o top 10 da ATP World Tour.

A fase qualificatória reunirá 24 times a partir de fevereiro em confrontos disputados dentro e fora de casa. Doze deles serão as equipes classificadas entre a 5ª e a 16ª posição na Copa Davis anterior. A outra metade virá dos vencedores do Grupo 1 (6 para Europa/África, 3 para Ásia/Oceania e 3 para as Américas). Os países vencedores seguem na disputada para as Finais, enquanto os derrotados jogarão o Zonal.

Outra alteração marcante é o fim dos jogos disputados em cinco sets. Em todos os níveis da competição as partidas de simples serão disputadas em melhor de três sets com tie-break. Nas duplas o formato é similar, com o adendo de um terceiro set decidido em match-tie-break.

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