Tênis pode ser usado para ajudar a controlar a pressão arterial
Jefferson Cabral em 18 de Outubro de 2012 às 08:48
É CADA VEZ MAIOR A PROCURA por aulas ou jogos de tênis em clubes e academias visando melhorar a qualidade de vida, bem como prevenir e tratar patologias adquiridas durante a vida. Dentre as várias patologias, a hipertensão é uma das doenças mais encontradas na população adepta à prática de tênis. Ela é considerada um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de doenças, como o acidente vascular cerebral (AVC).
O tratamento através do esporte é uma das medidas não medicamentosas para ajudar no controle da doença. Porém, não basta apenas sair jogando sem mais nem menos; existem alguns cuidados básicos antes de entrar em quadra.
Primeiro, é muito importante estar medicado antes de iniciar os treinos, pois jogar tênis sem medicação pode aumentar muito a pressão arterial de quem já tem essa pré-disposição, o que tende levar a problemas mais graves. Segundo, a forma como os treinos são realizados deve ser controlada por parte dos próprios praticantes e professores. E, mesmo medicados, hipertensos podem ter grandes aumentos na pressão arterial durante o exercício, portanto, devem ser evitados treinos de intensidade alta.
Mas como controlar a intensidade durante os jogos? Precauções como evitar correr em bolas desnecessárias (muito longe do alcance), parar por alguns minutos quando os batimentos do coração estiverem muito acelerados e dar uma pausa para respirar após um ponto muito longo podem ajudar a controlar a intensidade durante os treinos.
A literatura recomenda exercícios com frequência de três a seis vezes por semana, com intensidade de 50% e 70% da frequência cardíaca de reserva para indivíduos sedentários e entre 60% a 80% da frequência cardíaca de reserva para condicionados. As sessões de exercício devem ter de 30 a 60 minutos de duração. Para entender como funciona esse cálculo, consulte um especialista.
Seguindo as recomendações da literatura, nosso laboratório realizou um estudo com 10 alunos hipertensos praticantes de tênis. Eles treinaram pelo período quatro meses. A pressão arterial foi aferida antes e depois dos quatro meses de treinamento, em repouso, durante a prática da aula e na recuperação.
A frequência foi de duas a três vezes por semana, com intensidade moderada, média de 80% da frequência cardíaca máxima, mensurada através de frequencímetro. As sessões do exercício tiveram duração de 60 minutos. As aulas foram ministradas em grupos de três e quatro alunos e seguiu o esquema ao lado.
DRILL DE FUNDAMENTOS
A primeira parte do treino é dedicada para a correção dos fundamentos do tênis, especialmente dos golpes da base. Os alunos começam na ponta esquerda da quadra e, alternando entre eles, cada um bate duas ou três bolas de forehand em sequência (na mão, no meio da quadra e na outra ponta). Nesse tipo de drill, procura-se jogar duas bolas para cada um, sendo a última longe da fila (bola curta), isso faz com que os alunos batam a última bola e voltem rapidamente para o final da fila para chegar em tempo da sua vez. Após metade do tempo, é feito o mesmo treino, só que do outro lado, para trabalhar o backhand. É importante salientar que, independentemente do tipo de drill, ele precisa ser dinâmico. Ao final da primeira parte, recolhem-se as bolas, o que leva de dois a três minutos, e os alunos já aproveitam esse tempo para descansar para a continuação.
JOGO DINÂMICO
A segunda parte é dedicada aos jogos, com ênfase no treino que foi realizado na primeira parte. Utiliza-se bastante o jogo "bate e sai". Em grupo de quatro alunos, eles formaram duas duplas. O professor solta a primeira bola e eles começam a jogar de forma alternada, cada um batendo uma vez na bola. Não se utiliza o saque para dar maior dinamismo na aula, facilitando assim a manutenção da intensidade durante esse tipo de treino. Importante informar que, durante esses jogos, alguns alunos se esforçam em excesso, elevando demais a frequência cardíaca. Por esse motivo, deve haver um tempo de recuperação. Seguindo o mesmo formato da primeira parte do treino, no final da segunda sessão, utiliza-se cerca de dois a três minutos para recolher as bolas e descansar para a parte final do treino.
JOGO COMPLETO
No final do treinamento, realizam-se jogos de duplas (quando há quatro alunos) ou revezamento de pontos (quando são três). Aqui a preocupação pode ser com a parte tática do jogo, deixando os alunos mais à vontade, sem pensar muito na intensidade do exercício, afinal, as duas primeiras partes já deram uma boa contribuição para o objetivo da aula.
Utilizando essa prescrição de aula, após quatro meses de treinamento, pudemos observar uma queda nos níveis pressóricos de repouso desses alunos. Sendo assim, esse tipo de treino pode ser incluído como medida não farmacológica no controle e tratamento da hipertensão.
Atividades devem ser controladas por um professor de tênis
Importante salientar que as variações das aulas devem ser feitas constantemente. Este é apenas um dos treinos que foram utilizados durante os quatro meses de experiência. Pode-se mexer na estrutura dos drills, nos fundamentos trabalhados, no tempo de descanso e montagem das aulas.
A seguir, algumas dicas de variações de aulas:
Pode aumentar o número de bolas batidas (quatro a seis bolas alternadas) e, em seguida, dar uma volta na quadra correndo. Com isso, mesmo batendo mais bolas, a corrida não deixa a intensidade baixar e, quando você chegar no final da fila, já será sua vez novamente.
Pode ser feito treino em duplas, com dois alunos realizando golpes da base, enquanto os outros dois ficam treinando movimentações na lateral da quadra, para frente e para trás ou para os lados. A cada dois minutos, pode-se inverter a posição das duplas.
Lembre-se de que os alunos podem aprimorar os fundamentos de base, rede, além de saque e devolução. Isso traz um leque de variações muito grande para as aulas. É só pensar em uma forma para treinar esses fundamentos de maneira dinâmica.
Não necessariamente as aulas precisam ser estruturadas com o tempo aqui sugerido. Se achar necessário trabalhar mais fundamentos, você pode fazer a primeira parte com tempo maior (40 minutos), com alguns intervalos, e, no final, um jogo completo. Você também pode trabalhar esses mesmos primeiros 40 minutos de aula realizando apenas jogos dinâmicos. Como citado anteriormente, o importante é que os alunos mantenham uma intensidade moderada e constante durante o treinamento.
DESCANSOCom relação ao descanso durante as aulas, a única restrição é que os alunos não fiquem muito tempo parados. Pausas curtas e mais frequentes são mais indicadas. |
Esses treinos são indicados sob a supervisão de um professor de tênis. É ele quem controla todas as variáveis mencionadas. No entanto, muitos praticantes de tênis jogam com seus parceiros em clubes e academias. Durante as partidas, fica difícil controlar o tempo e a intensidade do treino. Como dica, controlar picos de intensidade durante os jogos pode, ao menos, trazer mais segurança para essas pessoas. Pode-se utilizar um frequencímetro (polar) para ajudar no controle dos batimentos do coração.
ALERTAVale ressaltar que, para a realização do treinamento, é importante que os alunos possuam um frequencímetro (polar) para controlar a frequência cardíaca, e consequentemente a intensidade do treinamento. |
Vale lembrar que, antes de iniciar os treinamentos, é imprescindível a realização de exames físicos e liberação médica para a prática do esporte. Em alguns clubes e academias não é obrigatório a apresentação de liberação médica, e isso pode trazer muitos riscos, tanto para os tenistas quanto para os estabelecimentos.