Tênis é muito mais do que apenas um esporte, cada partida é uma lição. Quais você aprendeu?
Por Suzana Silva em 26 de Dezembro de 2013 às 00:00
O GRANDE "CLICHÊ" DOS FINAIS de ano são os balanços, as retrospectivas, as reflexões. Mais um ciclo de doze meses está para se encerrar e rendemo-nos ao clichê. Se a natureza possui ciclos (dia, noite; verão, outono, inverno e primavera; lua nova, crescente, cheia e minguante etc), melhor não brigar com ela e simplesmente aceitar que eles existem e que são importantes em nossas vidas. Em 2013, assistimos a muito tênis e aprendemos muitas coisas com o que vimos. Mas, e no dia a dia de cada um de nós, tenistas, o que foi aprendido?
O tênis é o jogo mais fascinante que existe, do qual podemos tirar tantas lições para o nosso mundo “real”. Com a evolução tecnológica caminhando a passos largos, acredito que em algum momento no futuro poderemos ouvir a voz interna dos jogadores, o que “falam” com eles mesmos entre os pontos. Será que Rafael Nadal emite algum pensamento depreciativo dirigido a si mesmo? Do tempo entre os pontos, quando a bolinha não está sendo disputada, que porcentagem da mente de Serena Williams fica em silêncio?
E nós, moradores das grandes cidades, o que fazemos dentro de nossas mentes quando estamos no trânsito? Como está nosso diálogo interno? Depreciativo? E como mantemos o foco nos objetivos a alcançar? Firme ou com oscilações?
Assistindo a uma longa partida de cinco sets, acompanhamos as oscilações de força mental, humor, concentração, vontade, percebendo a atitude dos tenistas e que tipo de bolas eles erram. Podemos refletir sobre nossa vida e perceber onde vacilamos, seja na vontade, na concentração ou mesmo na manutenção do bom humor.
Quando jogamos, podemos aprender coisas novas a cada adversidade gerada pelo oponente. E também não estamos todos os dias do mesmo jeito – disposição física, humor, capacidade de concentração variam e temos de jogar com nossas melhores “armas” naquele momento.
Podemos ocasionalmente jogar contra adversários que “nos tiram do sério”. Basta entrar em um torneio, federado ou não, no qual enfrentaremos pessoas desconhecidas. Bingo: o impaciente terá pela frente um “baloeiro”, a tenista menos assertiva enfrentará uma garota que erra bastante na marcação de bolas e na contagem – sempre a seu favor, é claro – e o tímido cairá em um torneio de duplas com um parceiro que não para de falar como ele deve se posicionar em quadra.
Então, o milagre do jogo se opera: através das novas situações, precisamos vencer algum ponto obscuro dentro de nós, superar alguma limitação, e nos fortalecermos na experiência. Basta jogar, “se jogar”, como a moçada diz por aí.
Não venci nenhum torneio, não ganhei nenhum troféu ou medalha este ano... Meu 2013 tenístico foi desapontador. Será?
E as “medalhas internas”? Ganhamos medalhas internas com cada superação de limite, em cada ponto obscuro que iluminamos dentro de nós mesmos. Se você teve coragem de entrar num torneio pela primeira vez, já ganhou a medalha da coragem. Se conseguiu virar um jogo perdido, venceu a medalha da superação. Ao enfrentar uma adversária chata, briguenta, e manter a tranquilidade e foco, foi premiada com a medalha da concentração. A cada jogo, uma nova aventura, uma nova história, uma nova oportunidade de superação.