Aprenda a ajustar o "motor" de sua raquete
Fabrizio Tivolli em 6 de Novembro de 2008 às 09:37
No tênis, pequenos detalhes podem fazer a diferença, sendo assim, é praticamente obrigatório ter conhecimento de seu equipamento. Não apenas de sua raquete, mas do tipo de encordoamento. Gosto de usar o termo “motor da raquete” para a corda. Por exemplo, de que adiantaria possuir uma Ferrari com motor 1.0? No mundo das cordas e tensões, uma escolha mal feita pode resultar em algo nas mesmas proporções desta comparação.
Para entender como funcionam as particularidades do encordoamento, vamos começar com algo não tão complexo, mas de extrema importância e que a maioria dos tenistas não dá a atenção necessária: a tensão das cordas. Em um segundo momento, falaremos sobre os tipos de cordas e suas características. Nos anos em que encordoei no Brasil Open, percebi que, entre os tenistas profissionais, o quesito de maior exigência é justamente a tensão, tamanha a diferença que pode fazer. O contraste surge no contato diário com os amadores, pois grande parte usa libragens maiores do que um profissional. A maioria dos tenistas da ATP tensiona entre 50 a 58 libras. Óbvio que alguns utilizam tensões altíssimas, como Nicolas Massú, que durante o Brasil Open 2006 colocou 70 libras, por exemplo. Mas ele é uma exceção.
RELAÇÃO DE TENSÃO
Muitos tenistas pensam que, quanto maior a tensão, melhor a raquete ficará. Nem sempre. Para os que não entendem essa relação, explico: quanto mais tensa a corda, maior será o controle de bola e menor a potência, ou seja, isso exigirá mais força do braço do tenista, com movimentos mais amplos e agressivos; por outro lado, quanto menor a tensão, a corda soltará mais a bola, em uma espécie de efeito estilingue, e, proporcionalmente, terá menor controle.
Não existem regras específicas para definir a tensão que você deve usar. Cada caso deve ser analisado individualmente por um bom profissional da área, que verá o tipo de raquete, corda e estilo de batida do tenista e fornecerá a melhor solução. No entanto, podemos afirmar, que, em alguns casos, como no de raquetes mais leves e cabeça maior, seria mais adequado uma tensão mais alta para obter mais controle, já que a raquete é projetada para gerar potência. É uma questão de ponderar os fatores. Verifique a recomendação de libragem mínina e máxima de sua raquete. Um bom ponto de referência para começar seus testes é a média.
O que mais preocupa é ver o número de infanto-juvenis que colocam tensões exageradamente altas em raquetes pesadas (de controle) e, pior, com cordas que maximizam o efeito de vibrações nocivas no braço, como o poliéster.
TENSÃO MÍNIMA E MÁXIMA
Salvo raras exceções, toda raquete marca seu alcance de tensão (mínima e máxima) na região interna do “coração”. Cada modelo tem seu padrão e o tenista deve optar por suprir as “carências” da raquete em termos de controle e potência. Vale lembrar que estas grandezas são inversamente proporcionais (mais controle/menos potência e vice-versa). Não é aconselhável ultrapassar o limite máximo recomendado pelo fabricante, porque isso pode diminuir a vida útil da raquete. E a tensão mínima é apenas uma indicação.
TENSÕES HÍBRIDAS
É cada vez mais normal tenistas amadores adotarem uma prática usada por inúmeros profissionais, ou seja, o uso de tensões diferentes nas cordas verticais e horizontais. O mais usual é se colocar duas libras a mais nas verticais, que são mais compridas (por isso tendem a perder tensão mais facilmente). Porém, tenistas como Gustavo Kuerten usam mais tensão na horizontal. Como conseqüência, isso ajuda no efeito topspin, além de proporcionar maior durabilidade.
Podemos então concluir que um bom encordoamento não é o mais esticado, mas aquele que se encaixa melhor com seu tipo de jogo e equipamento. Acho muito válido que as pessoas façam testes com cordas e tensões para sentir, na prática, o quanto algumas medidas podem fazer diferença no jogo.
Agradecimento: Franco Tivolli