Como fazer seu filho gostar de tênis?

O papel dos pais e dos professores, o momento e a forma de ensinar

Por Suzana Silva em 24 de Junho de 2015 às 00:00

 

Pensei em trocar o título deste artigo para: “Como fazer seu filho gostar de leitura?”

Nesses dias de muita internet e dos gadgets eletrônicos de toda espécie, pensar em incentivar os filhos à leitura parece do outro mundo – ou de outro tempo. O colorido, o movimento e a emoção gerada pelos jogos eletrônicos parecem mesmo irresistíveis, exigindo rápido tempo de reação e pouco uso da criatividade. Um livro de pele e osso, quer dizer, de papel e tinta, tem seu próprio tempo, e desafia a imaginação. Com toda a tecnologia, os livros continuam aí, vendendo.

Então, os pais que conseguem que seus filhos desenvolvam o hábito da leitura podem dar algumas dicas para os que querem incentivar os seus a gostar de esportes, mais especificamente do tênis. Mundos opostos? Sim, para praticar esporte, os pequenos precisam ter um mínimo de energia motora, gostar de ficar ao ar livre, de interagir com outras crianças, predicados não necessariamente exigidos durante uma leitura simples. Então, onde estão as semelhanças?

Bem, um dos exemplos que mais gosto de dar é o de uma família conhecida cujo pai lia para as crianças quando eram pequenas, já na cama com eles. Thiago e Luana às vezes discordavam na decisão da estória a ser lida, mas sempre concordavam o quanto era gostoso dormir ouvindo o desenrolar dela ao lado do papai. Que delícia! E tem coisa melhor do que chutar bola com o papai ou andar de bicicleta com a mamãe? Então, dar o exemplo, praticando o tênis e brincando de rebater bolas com muito prazer e carinho com eles, dá pé.

Torne especial

Dar um livro bem colorido e caprichado de presente numa data especial também incentiva a leitura. Mas precisa ser numa data especial para ter o impacto desejado. Você já percebeu que as crianças que têm muitas opções de brinquedos mudam de um para o outro rapidamente, sem explorar todas as possibilidades de atividades? A primeira raquete também pode ser presenteada num momento especial. Se a criança perceber que mereceu esse presente, dará muito mais valor para a atividade.

Agora, dar um livrão pesado, de letras pequenas e sem ilustrações para uma criança que começa a ler, equivale a colocá-la numa aula formal de tênis, cheia de técnica, broncas, repetições de movimentos e pouca diversão. A gurizada gosta de cores, de desafios que possam vencer por elas mesmas, de alegria. Os professores especializados em ensinar tênis para os pequenos são dinâmicos, alegres, criativos e sabem planejar atividades interessantes e pertinentes ao desenvolvimento do jogo de tênis do seu filho.

Brincadeiras comparativas à parte, a verdade é que a vida nas grandes cidades do mundo mudou muito, e no Brasil não foi diferente. Nossa infância foi plena de brincadeiras de rua: subir em árvores, pular amarelinha, caracol, corda e elástico, empinar pipas, correr atrás ou fugindo de cachorros... Segurar uma raquete de madeira era fichinha. Hoje, as crianças, em sua maioria, brincam dentro de casa e, nas metrópoles, esse fato independe de situação econômica: os pais tentam proteger os filhos da crescente e inconsequente violência.

Como triste resultado, vemos os meninos sem tônus muscular, praticamente sem conseguir sentar com a postura ereta. O quadro é alarmante. Essa criança é colocada numa aula de tênis pelos pais que tiveram certa vida esportiva e o que eles veem? Filhos que mal sabem correr, sem força para sustentar a raquete... Será que estamos num beco sem saída? Não, temos boas notícias. Seus filhos vão adorar praticar o tênis se... forem desafiados adequadamente.

Ninguém gosta de parecer incompetente ou desajeitado. Se as atividades são muito difíceis para a criança realizar, é normal ela se sentir desestimulada e fugir do esporte. E, ao contrário, se as atividades são bem fáceis no começo e ela vai conseguindo realizar, sua autoconfiança cresce, sua autoestima também, e ela tende a perseverar no tênis por mais tempo. Aulas sempre iguais, sem estímulos diferentes, vão perdendo a graça para os pequenos.


Se a criança perceber que mereceu o presente, dará muito mais valor para a atividade

Cada um no seu papel

Numa outra família que eu conheço, o pai foi cheio de energia e de boas intenções tentar ensinar sua filha a jogar tênis. O pai é engenheiro, metódico, e queria que a menina já segurasse a raquete direito e fizesse movimentos perfeitos desde o princípio. “Não filha, não é assim, é assado! Não filha, está errado, não filha, não filha!” Nem preciso dizer que a menina não quis mais saber do basquete, quero dizer, do tênis. Ela foi toda contente brincar com o pai e só ouviu reprimendas e “nãos”. Pai é pai. Professor capacitado, formado e especializado em crianças é o pai da matéria. Pai brinca, professor ensina, ok?

Você já pensou por que seu filho gosta tanto de videogames? O jogo é muito legal, e pode ser jogado sem sair de casa, em muitos casos sem sair do quarto. A adrenalina do jogo está lá, a emoção de ganhar ou perder. Alguns deles podem ser jogados em rede, com pessoas até de outros países. E, quando perde, a criança não precisa dar explicações nem se sentir inferiorizada, porque ninguém viu a derrota, só ela. Nesse aspecto, jogar tênis com outras crianças, expor suas fragilidades e medos, parece assustador, não?

É para isso que existem os festivais de tênis, os festivais de jogos e as competições por equipes. São situações de inserção à competição de forma bem suave e gradativa. Primeiro, as crianças demonstram suas habilidades com bola e raquete, depois, realizam jogos curtos, geralmente por tempo, com muitos adversários e parceiros diferentes e, por fim, participam de competições por equipes com a contagem oficial, em jogos de simples e duplas. Dessa maneira, elas vão se acostumando com o fato de ganhar ou perder na frente das outras e percebem que não estão sozinhas ao cometer erros, pois todos erram. E não é que elas já estão gostando?

Ter ídolos no esporte é mais um fator que pode fazer sua filha gostar de tênis. Assistir aos jogos profissionais pela TV ou, melhor ainda, ao vivo, conversando com ela sobre os diferentes estilos e personalidades das tenistas, marca pontos positivos nessa longa jornada. Fechando o ciclo, ter livros e revistas de tênis por perto que atiçam a curiosidade, desenvolvem a imaginação e criam um ambiente mais favorável para o seu novo amor para a vida toda: o tênis.

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