Coach

Como o “coaching” pode ajudar no desempenho em quadra

Por Flávia Freitas em 27 de Abril de 2015 às 00:00

Se você é do universo dos negócios, certamente já ouviu falar de “coaching”. Executivos e empresas de todo o mundo atualmente estão utilizando essa técnica para atingir determinados objetivos. No ambiente corporativo, os coaches são profissionais especializados em ajudar o cliente a realizar metas através de uma melhor compreensão e análise de seus próprios esforços, motivando-os, apoiando-os, desenvolvendo-os, especialmente no que tange suas atitudes mentais.

No tênis, estamos acostumados a ouvir a palavra “coach”, treinador em inglês. No entanto, o coaching não trata desse profissional que nos acompanha em quadra, mas, de outro, que geralmente está por trás do trabalho técnico.

Hoje, sabe-se que mente e corpo compõem um sistema único, e que é muito difícil obter excelência absoluta se um deles estiver submetido ao estresse, desmotivação, ou a qualquer outra questão emocional. Assim, em competições de alto nível, a importância do fator psicológico é evidente. E, por isso, a atenção dada a esse aspecto tem tido um crescimento expressivo. Assim como os fatores táticos, técnicos e físicos necessitam de treino, o fator psicológico também.

E, diante dessa necessidade surge o “coaching esportivo”, com o objetivo de dar suporte para que o atleta trace com clareza suas metas, conheça seus padrões de comportamento na quadra, pare de se sabotar e desenvolva caminhos para a melhoria do aspecto mental nos jogos.

Cabeça

As questões psicológicas que permeiam o tenista de alta performance podem variar conforme o nível de importância da competição. Elas podem ser caracterizadas como: ansiedade alta, crenças destrutivas, impaciência, falta de resistência à frustração, pensamentos ou comportamentos sabotadores, comprometimento de competências comportamentais importantes (tais como: autocontrole, paciência, planejamento, foco, raciocínio rápido, senso de urgência etc), pressão psicológica (que pode ser externa – adversário, treinador, família, amigos, patrocinadores etc – e/ou interna – receios, medo, conversa interna negativa e baixa autoestima) etc.


O objetivo do coaching é definir metas, aplicar ferramentas que maximizem o desempenho, identificar os pontos de melhoria etc

Essa distração mental atrapalha diretamente os processos de desempenho “automáticos” do cérebro. É muito comum tenistas, após perderem uma partida, assistirem posteriormente seus jogos e verem que tinham possibilidade de reverter e ganhar, admitindo, por vezes, que não jogaram como treinam. Alguns confessam que se entregaram à derrota devido a um erro ou ponto do adversário, por exemplo.

Um bom tenista precisa ter uma excelente performance em três pilares: técnico, físico e mental. Contudo, muitas vezes, o mental irá definir o vencedor. O pilar mental pode ser diretamente influenciável pela ansiedade. Mas, afinal, o que a ansiedade pode causar na hora do jogo?

Como a ansiedade se manifesta

Fisicamente

  • Tensão muscular, perda de coordenação (músculos muito rígidos)
  • Flexibilidade reduzida
  • Ficar fatigado muito rapidamente
  • Ritmo cardíaco muito elevado, respiração irregular
  • Fraqueza nas pernas (fraqueza muscular)
  • Ritmo de jogo irregular

Psicologicamente

  • Concentração reduzida e dificuldade de foco
  • Diminuição de controle emocional
  • Sensação de medo
  • Julgamento tático e estratégico ruim (escolhas pobres)
  • Sensação de desistência, parar de lutar
  • Tudo parece estar indo muito rápido
  • Inabilidade de pensar claramente e assertivamente
  • Aumento de pensamentos negativos e autocríticos
  • Sensação persistente de pessimismo sobre o futuro

Ansiedade

Todo atleta que compete se empenha para descobrir formas de melhorar sua performance. A maioria deles sabe que é melhor tecnicamente quando o fator emocional não está em jogo. Os treinadores revelam que a maioria dos jogadores tem uma performance melhor quando está calmo e seus músculos não estão trabalhando contra em função da tensão ou ansiedade.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a ansiedade em um nível médio pode causar alguns sintomas físicos que incluem: dores abdominais, diarreia, vertigem, boca seca ou dificuldade de engolir, dor de cabeça, tensão muscular, respiração acelerada, batimentos cardíacos acelerados, tremor, dificuldade de concentração, fadiga física ou mental, irritabilidade, incluindo perda de controle, dificuldades para dormir, dentre outros. Diante dessas informações, já dá para imaginar o estrago na performance que a ansiedade pode fazer se ela vier em nível alto em plena competição (veja box para outros sintomas de ansiedade durante uma partida segundo a ITF).

O fator emocional antes e durante a competição pode se tornar um fator de risco e deixar o tenista vulnerável às distrações que podem interferir no seu rendimento, fazer com que ele execute um jogada precipitada ou adote uma estratégia de jogo errada.

Dessa forma, o processo de coaching visa trabalhar com ferramentas que maximizem esse controle emocional, autosuperação e leve o atleta a alcançar excelência em várias competências fundamentais para ganhar torneios, melhorar sua posição no ranking. Em qualquer esporte, o êxito ou fracasso de um atleta é resultado de um conjunto de variáveis que ocorre no momento da competição. Portanto, o controle mental pode ser considerado um diferencial competitivo, especialmente nos momentos decisivos, pois precisamos aprender a dominar nossos estados emocionais ou podemos ser dominados por eles.

Como funciona?

O coach (profissional que trabalha com a metodologia coaching) é uma espécie de treinador pessoal do atleta. Ele geralmente agenda sessões com o tenista, o treinador e a família.

Com o atleta, o objetivo é definir metas, aplicar ferramentas que maximizem o desempenho, identificar os pontos de melhoria, ensinar métodos para aumento de foco, posturas, conversa interna, dentre outros.

Com os treinadores, o trabalho é feito para buscar, através de relatos importantes, como é o desempenho do atleta no treino e nos torneios, em que ponto perdem devido ao fator emocional e muitas outras informações valiosas para o processo de mudança dos padrões de comportamento.

Coach Técnico x Coach Mental

Coach, como já dissemos, significa treinador. Apesar de ambos possuírem o objetivo de melhorar o desempenho de seus clientes, os métodos utilizados por esses profissionais são bem diferentes. O treinador esportivo utiliza seu conhecimento acumulado ao longo de sua vivência no mundo esportivo para aperfeiçoar todos os aspectos técnicos do jogador. Já o coach usa uma metodologia e uma série de técnicas desenvolvidas ao longo de anos de estudos científicos na área comportamental.

Entre as funções do coach está atuar no decorrer da carreira dos atletas, assessorando-os a alcançar o equilíbrio emocional necessário para reagir às adversidades, levando-os a uma vida profissional bem sucedida.

Flávia Freitas assessora atletas como: Enzo Kohn, Rodrigo Rattes, Fabiano da Silva, Guilherme Clezar e os treinadores da Academia Tennis Route como João Zwetsch, Duda Matos e Martin Gando.

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