Chama o trainer!

"CHAMA O FISIO, POR FAVOR!". A frase é clássica nos torneios, especialmente nos juvenis. Mas nem sempre a garotada conhece as regras para chamar o fisioterapeuta, não sabem quanto tempo, nem quantas vezes e nem por quais motivos podem pedir o atendimento em quadra.

No nal de agosto, a Equipe Ricardo Takahashi de Fisioterapia Esportiva teve a oportunidade de oferecer seus atendimentos em um grande torneio juvenil, o Nike Junior Tour, realizado no Clube de Campo de São Paulo. Participaram mais de 180 atletas, entre meninos e meninas, que se dividiram em duas categorias: 12 anos e 14 anos. A equipe de sioterapeutas tinha como objetivo dar apoio aos atletas em casos de lesões e também acelerar a recuperação física para o próximo confronto. Realizamos mais de 50 atendimentos nos quatro dias de torneios (veja box na próxima página).

Dentro deste total de atendimentos, aproximadamente 80% foram queixas musculares, como contraturas e cãibras; 16% foram escoriações e traumas, como entorse de tornozelo e contato da raquete com a perna; e apenas 2% apresentaram queixas por causa de bolhas em mãos e pés.

Número de atendimentos durante o torneio
Quadra: 15 atendimentos
Ambulatório: 40 atendimentos
Total: 55 atendimentos

Muitas crianças ainda não seguem uma rotina de preparação muito intensa, com treinamentos diários de quadra, físico e sioterapia preventiva. No entanto, quando se deparam com um torneio de maior porte e com grande número de participantes, a rotina se modi ca: são jogos de três sets que levam, em média, duas horas para acabar e, muitas vezes, os atletas fazem mais de um jogo por dia, dependendo do atraso da rodada. Tais alterações na rotina da criança justi cam um maior número de atendimentos para queixas de fadiga e contratura muscular e cãibras, e também um menor número de atendimentos para curativos em bolhas.

Como, quando e por que chamar o fisioterapeuta?
Mais um ponto importante que foi visto não só neste torneio, mas também em outras competições juvenis, está relacionado com algumas dúvidas que os atletas tiveram sobre as regras dos atendimentos em quadra. Sendo assim, tentaremos esclarecer um pouquinho melhor como a sioterapia pode atuar dentro de quadra.

O que pode e o que não pode ser tratado em quadra
As alterações físicas que podem ser tratadas em quadra são divididas em condições agudas, como lesão muscular repentina que necessita de atendimento imediato durante o aquecimento ou o jogo; e condições não agudas, como lesão muscular pré-existente que é agravada durante o jogo e só pode ser tratada no tempo da virada de games ímpares ou no fim do set.

Os atendimentos que não podem ser feitos em quadra ocorrem quando o tratamento não pode ser realizado dentro do tempo permitido, quando as alterações físicas não são agravadas durante o jogo ou quando o atleta apresenta apenas fadiga muscular.

Sobre a avaliação do fisioterapeuta
Durante aquecimento ou jogo, o tenista solicita ao árbitro de cadeira o atendimento do sioterapeuta ou do médico do torneio. Essa avaliação só pode ser realizada durante o tempo de virada ou no nal do set, a não ser que o atleta não tenha condições de continuar no game e necessite de atendimento imediato. O objetivo principal da avaliação é determinar se o atleta apresenta uma condição física alterada que pode ser tratada em quadra.

O sioterapeuta ou o médico podem usar o tempo que acreditam ser necessário para avaliação, sempre levando em consideração a saúde do jogador e a continuidade do jogo. Caso o jogador apresente uma condição física não tratável, como, por exemplo, a fadiga muscular, ele será avisado de que não receberá atendimento.

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Tempo de tratamento
O árbitro ou supervisor permitem atendimento após a avaliação do sioterapeuta apenas se a condição física for considerada tratável. Os tratamentos são realizados apenas no período da virada ou no final do set; e essa regra tem apenas como exceção os casos de necessidade de atendimento imediato, como, por exemplo, desmaios ou traumas graves.

Após a avaliação, o sioterapeuta tem apenas três minutos para recuperar o jogador ou reduzir seus sintomas. É permitido apenas um único pedido de atendimento para cada queixa do jogador. Se for necessário mais de um atendimento para a mesma queixa, o atleta poderá apenas usar o tempo de descanso da virada ou do final do set (90 segundos).

Cãibras
As cãibras são um caso excepcional. Após avaliação, o sioterapeuta tem apenas 90 segundos para realizar o tratamento, que deve ser feito na virada do game ou m de set. Se o jogador não tem condições de nalizar o game devido às dores por cãibra, ele pode desistir de disputar os pontos até o placar car de nido para a virada ou o nal do set e, assim, receber o atendimento de 90 segundos. São permitidos somente dois atendimentos por cãibras seguidos ou intercalados.

Sangramento
Quando ocorre sangramento, o árbitro interrompe o jogo imediatamente e a comissão médica é chamada à quadra. Após avaliação, a comissão determina se existe necessidade de tratamento usando o tempo médico. Nesses casos, a equipe médica tem cinco minutos para tentar estancar o sangramento.

Vômito
Nas situações de náusea e vômito, o atendimento é realizado apenas se o atleta solicitar e se o sioterapeuta considerar que seja possível auxiliar na recuperação. Caso contrário, se o atleta não apresentar condições, o jogo poderá ser interrompido.

Incapacidade física
Antes ou durante um jogo, se o fisioterapeuta determinar, em sua avaliação, que o atleta não tem condições físicas de jogar, o árbitro geral deve ser comunicado e recomenda-se que o jogador seja retirado do jogo. A decisão ca por conta do árbitro e deve ser muito criteriosa, levando em conta a opinião da equipe médica.

CURIOSIDADE
Durante o evento, coletamos, com o encordoador oficial, a lista de cordas e tensão usadas nas raquetes, e a média de tensão (+/- 55 lbs) preocupou muito. Por que ainda se encordoa com tanta tensão? Falta de orientação? A média de tensão usada em Roland Garros foi de 50 lbs, então, quantas libras a criança deveria usar? Ela precisa uti lizar todas as ferramentas a seu favor, certo? Técnica, equipamentos e, por últi mo, a parte física, que não está desenvolvida ainda.

Esteja ciente
Cada vez mais os torneios para crianças estão sendo levados a sério e se aproximando muito dos eventos pro ssionais. Dessa forma, o maior conhecimento de regras e regulamentos, bem como os dados que informam as lesões mais comuns em torneios, faz com que o atleta juvenil esteja mais bem preparado para se tornar um pro ssional completo; e lembrem-se: o sioterapeuta especializado está sempre à disposição para maiores esclarecimentos e também para auxiliar na preparação dos jovens.