É importante saber como lidar com lesões, seja você a vítima ou o seu adversário
Por Allen Fox em 22 de Setembro de 2013 às 00:00
JOGADORES LESIONADOS são perigosos. Já acompanhei uma série de partidas vencidas por tenistas com tornozelos torcidos ou com cãibras nas pernas. Atletas machucados, e que são corajosos, tendem a se sentirem mais soltos e atuam melhor do que numa situação normal.
Para eles, o jogo torna-se muito mais favorável. Afinal, podem vencer o duelo, mas, se ocorrer uma derrota, não será culpa deles. E observamos, das explicações mais naturais no tênis, que os atletas não se sentem tão perdidos até o momento em que temem ser inteiramente responsáveis pela derrota. Se os jogadores lesionados perdem, é agora culpa de suas contusões, não de suas próprias fraquezas, e, desse modo, sentem menos pressão.
Você, por outro lado, ao ver um jogador lesionado e pensar que não precisa fazer muito com a bola, terá a tendência de mudar seu jogo, tornar-se mais conservador, e executar seus golpes de maneira pior do que o normal. Nesse ínterim, a pressão está toda sobre você (se ganhar, não terá quase méritos, será mera obrigação; mas se perder, dará vexame por perder de um jogador machucado).
Contra esses jogadores, é melhor esquecer a lesão e fazer seu jogo normalmente. Pensar na contusão do adversário deixará sua cabeça muito preocupada com a estratégia e não o suficiente com a execução. A execução vale-se de um plano simples, o foco na situação imediata, e o controle de suas emoções. Prestar atenção em avaliar a gravidade da lesão do seu rival a fim de mudar seu plano de jogo e tirar proveito disso geralmente levarão você a cometer erros.
E como lidar com as situações em que você é o jogador machucado? Quando jogava o circuito, raramente aguentava mais do que cinco ou seis semanas sem ter algum tipo de lesão. As contusões não costumavam me deixar totalmente debilitado, mas elas limitavam minha performance. Eu lidava melhor com lesões que limitavam minha movimentação em quadra, porque poderia compensar batendo minhas bolas com mais agressividade. Era cuidadoso em segurar um pouco meus movimentos para reduzir o risco de mais prejuízos. Tive que aceitar, naquelas ocasiões, que havia certos movimentos que não poderia fazer. Para compensar, tive que trabalhar muito na parte mental para antecipar onde meu adversário jogaria a bola e também minhas próprias jogadas.
Uma vez que descobri até onde conseguiria prosseguir sem dores (assim como reduzir o risco de mais lesões), tornei-me determinado para jogar dentro desses limites e esquecer a contusão. Tive que aceitar o fato de que poderia perder alguns pontos, mas ainda sentia que poderia vencer se executasse bem o que ainda tinha capacidade de fazer. Foi muito importante não insistir na lesão ou me deixar ficar frustrado porque não era capaz de executar minhas jogadas habituais.
A situação é parecida com os ajustes no aspecto mental que os jogadores devem fazer à medida que envelhecem e seus recursos vão se tornando escassos. Nesse momento, eles devem se concentrar no que ainda têm e esquecer o que está faltando em seu arsenal. O que você não pode fazer na quadra de tênis, se estava acostumado a fazer ou não, não é mais importante do que o fato de não conseguir controlar isso.
Então, siga essas sugestões:
1) Se seu adversário está lesionado, concentre-se na própria execução do seu plano de jogo ao invés de ficar focado na contusão dele;
2) Se você está machucado, pode suportar a lesão dentro dos limites da dor sem causar mais estragos, mas deve jogar de forma inteligente e sólida dentro desses mesmos limites. Maximize o que ainda sobrou em você e aceite de bom agrado o que não pode mais fazer. Acima de tudo, morda sua língua e contenha sua vontade de contar às pessoas sobre sua lesão.
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