Tenista sérvia de 19 anos é apontada com uma futura número um. Se ela ainda não alcançou o topo do ranking da WTA, ao menos está muito próxima do primeiro lugar em simpatia e beleza
Da redação em 24 de Abril de 2007 às 13:33
REZA A MITOLOGIA que o deus Júpiter e a titã Mnemósine tiveram nove filhas, as quais foram chamadas de Musas. Cada uma dessas deidades era responsável por um ramo específico da literatura, da ciência e da arte. E neste mês, a Revista TÊNIS traz, com exclusividade, uma entrevista com uma verdadeira diva, a sérvia Ana Ivanovic. Aos 19 anos, a garota é uma verdadeira inspiração não somente para as artes, mas, principalmente, para o tênis.
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O seu lindo rostinho de traços suaves e equilibrados contrasta com a gana que tem em quadra. Para muitos, ela é a "nova Sharapova", rótulo que ela agradece, mas também rejeita, sempre com simpatia. Em se tratando de tênis, sua meta, obviamente, é ser número um. Para quem em apenas dois anos como profissional logo apareceu no top 20, esta tarefa não parece difícil. Quando o assunto é beleza, a garota se revela tímida e diz não se importar com a aparência. Imaginem então se fosse vaidosa? Atualmente, a jovem vem beirando o top 10. Ela possui um jogo bastante eclético, que não se baseia exclusivamente na força. Sem técnico (por opção), ela mesma luta para melhorar sua técnica e tática e alcançar o topo do ranking. Não se pode dizer que ela não tenha em quem se espelhar, mas ela refuta a idéia de que esteja imitando Roger Federer neste quesito. Seu modelo está mais para Monica Seles. Com apenas quatro anos, "Anci" (diz-se Anchi), como é chamada pelos familiares, viu a iugoslava ser finalista de todos os Grand Slams da temporada (em 1992), ganhando três. Aí começou sua adoração pelo esporte.
Sem grandes centros de treinamento em Belgrado, a menina precisou ir para a Suíça. Foi lá que seu tênis se desenvolveu. Aos 16, foi finalista de Wimbledon juvenil e, depois disso, percebeu que poderia dar saltos maiores e passou a jogar apenas profissionalmente. Naquele ano, em 2004, ela já havia vencido três torneios ITF, todos após furar o qualifying. Logo em janeiro do ano seguinte, ganhou seu primeiro WTA, em Canberra, na Austrália. Em Roland Garros, conquistou uma de suas maiores vitórias, sobre a francesa Amelie Mauresmo, na terceira rodada. No ano passado, venceu seu primeiro Tier I (evento que equivale aos Masters Series no masculino), em Montreal, aparecendo em 13º lugar no ranking.
Agora, todos esperam que ela dê o salto que falta para ingressar no top 10. Se dependesse apenas da beleza, com certeza, já estaria lá. Tanto que, nesse mar de mulheres deslumbrantes que há no circuito feminino, Ivanovic foi escolhida para estrelar uma nova campanha da Sony Ericsson (patrocinadora da WTA) ao lado de outra beldade, a eslovaca Daniela Hantuchova. A adolescente, apesar de modesta quando trata de suas características físicas, sabe de seus atributos extra-quadra e arrasa nas sessões de fotos. Contudo, revela, não tem namorado. Isso e muito mais você confere na entrevista.
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Na verdade, não penso nisso. A guerra foi um tempo horrível para toda a população das nações envolvidas. Todo mundo está feliz que ela acabou. Sempre fui amiga de croatas e para mim não há problema. Fico triste que possa haver problemas.
Assim como a Jelena Dokic, você também tem família na Austrália...
Definitivamente existem muitos sérvios na Austrália! Tenho alguns parentes em Melbourne. Eles sempre vão e me torcem por mim durante o Australian Open. Isso é muito legal. Sempre tenho muito apoio dos sérvios em outros torneios também. Mas a Austrália é, definitivamente, um dos meus países favoritos. Mas não posso dizer que já pensei em morar lá. É muito longe de todos os outros torneios.
Você nasceu em Belgrado, mas mora na Suíça agora. Por que se mudou?
Eu estava passando muito tempo na Suíça quando tinha por volta de 13 anos. Infelizmente, quando era criança, os centros de treinamento em Belgrado eram muito ruins. Agora eles estão ficando melhores. Mas, quando era mais jovem, percebi rapidamente que teria que me mudar dali se quisesse alcançar meus objetivos. Meu primeiro manager vivia na Suíça e, portanto foi natural que eu fosse treinar lá. Todos os técnicos que tive viviam lá também e meu manager vive lá. Ainda visito minha família em Belgrado quando posso.
Quando começou a jogar tênis?
Quando tinha quatros anos, estava vendo a Monica Seles jogar na televisão. Durante um intervalo, havia um anúncio comercial de um centro de tênis. Eu lembrava do número e ficava pedindo para minha mãe me levar lá. Depois de um mês provavelmente, ela me levou para a minha primeira aula e me apaixonei pelo jogo. Meu pai me deu uma raquete no meu aniversário do ano seguinte e foi assim que comecei. Minha primeira raquete foi uma Rucanor. Ainda a tenho no armário do meu quarto. O primeiro clube que treinei foi o AS, em Belgrado, depois o Partizan. Ainda treino lá algumas vezes, quando estou visitando minha família. Meu primeiro técnico foi Dejan Vranes e nós ainda mantemos contato, temos uma boa relação. Bati bola com ele durante alguns dias no começo do ano.
Você chegou a praticar algum outro esporte?
Não. O tênis foi o único esporte que pratiquei. Na escola, fiz um pouco de ginástica, mas o tênis foi o que sempre amei fazer. Provavelmente meu segundo esporte favorito é o vôlei, depois o basquete, mas não os jogo com freqüência.
O quão importante foi sua família na sua escolha pelo tênis?
Basicamente, minha família é a coisa mais importante do mundo para mim. O apoio que eles me deram foi incrível. Me lembro que aos 13 anos, quando estava decidindo se ia tentar me tornar uma tenista profissional ou o tênis ia ser apenas um hobby, nós todos nos sentamos ao redor da mesa e conversamos sobre isso. Meus pais são muito sábios, eles me deram grandes conselhos, mas, obviamente, eu tomei a decisão final sobre a minha carreira. Eles sempre me deram apoio no que faço e eu os amo demais. Meu irmão mais novo (Milos) é, provavelmente, o meu maior incentivador! Adoro quando ele pode vir para os torneios. Nós nos divertimos no player's lounge antes das partidas. Ele me ajuda a relaxar.
O que a Monica Seles representou para você?
Ela foi um ídolo para mim, foi uma das razões pela qual comecei a jogar tênis. Ela foi uma grande jogadora e eu realmente admiro todas as suas conquistas. Eu já a encontrei, mas não posso dizer que a conheço muito bem. Porém posso dizer que ela é uma das maiores tenistas de todos os tempos, definitivamente.
Você chegou à final juvenil de Wimbledon. O que isso significou?
Esta ainda é uma das minhas melhores experiências no tênis até hoje. Amo Wimbledon. Então, chegar à final foi uma experiência incrível para mim. E isso, ao mesmo tempo, também me ajudou a jogar profissionalmente. Eu tinha alguns bons resultados no juvenil. Por exemplo, ganhei alguns torneios grandes na Austrália e nos Estados Unidos. Este torneio, em Wimbledon, me deu muito mais confiança e, na verdade, parei de disputar torneios juvenis. Depois daquilo, só joguei competições profissionais.
Em apenas dois anos, você alcançou o top 20. Como explica isso?
Esta é uma pergunta difícil. Sou uma pessoa muito determinada e também muito motivada. Trabalhei duro para atingir estas metas. Mas é estranho pensar nisso agora. Apenas penso em um jogo de cada vez e estou contente que subi no ranking tão rapidamente.
Você não tem técnico atualmente. Está tentando imitar o Federer?
Não estou tentando ser como Federer! Além disso, ele tem um técnico. Mas, é verdade que estou sem técnico no momento. Estou gostando do meu tênis sem um treinador. Gosto de tomar as decisões por mim mesma e elaborar as táticas. Ainda não decidi quem vou pedir para ser o meu novo treinador, nem se será tempo integral.
Quais são suas metas?
Para a temporada 2007, minha meta é disputar o Masters e também entrar no top 10. Isso, com certeza, será duro, mas acredito que posso fazer. Pensando na minha carreira, minha meta sempre foi ser número um e ganhar todos os Grand Slams.
Você acredita que já está preparada para lutar pelo número um?
Definitivamente não estou preparada para brigar pelo número um. Estou por volta da 15ª posição. Primeiramente preciso entrar no top 10. É nisso que estou pensando em termos de ranking. E, na verdade, tento não pensar demais nessas coisas. Ao invés disso, preciso melhorar todas as partes do meu jogo. Se fizer isso, então o ranking virá automaticamente. Duas áreas que realmente quero melhorar são a consistência do meu saque e também os meus voleios.
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Você sonha em ganhar algum torneio em especial?
Na verdade, não. Provavelmente, se pudesse escolher um torneio para ganhar, seria o Australian Open, porque é o meu favorito. Mas há outros torneios que adoro.
Você disse que sonha em fazer um jogo perfeito. Contra a Mauresmo em Roland Garros 2005 e contra a Hingis em Montreal 2006 foram partidas perfeitas?
Contra a Mauresmo em Roland Garros definitivamente não foi um jogo perfeito. Mas foi uma experiência inacreditável para mim. Nunca vou esquecer aquele jogo. Na verdade, joguei bem melhor quando ganhei dela em Sydney no ano passado. Você está certo quanto ao jogo contra Hingis em Montreal, que também foi muito bom. Também disputei uma outra boa partida contra Golovin naquele torneio. Mas é duro dizer que estes foram jogos perfeitos. Um jogo perfeito talvez seja impossível!
Muita gente aponta você como a "nova Sharapova". Como você se sente com isso?
É um pouco incômodo. Nós somos muito, muito diferentes, tanto como tenistas quanto como pessoa também. Espero que as pessoas possam enxergar isso. Mas ela é uma grande jogadora, então também fico honrada se sou comparada a uma tenista tão importante.
O que há de melhor e pior em ser tão bonita? Você se sente invejada?
Muito obrigada pelo elogio. Mas realmente não falo sobre isso porque não me acho uma mulher tão bonita assim. Sou apenas Ana e, na verdade, não penso no que as pessoas estão falando da minha aparência. Se há inveja, isso não é algo com que eu tenha que me preocupar. Posso dizer que, como mulher, toda vez que recebo um elogio sobre a minha aparência me sinto muito lisonjeada.
Você é vaidosa?
Não. Definitivamente não sou vaidosa. Passo o dia todo com minha roupas de tênis. Isso não é muito glamoroso. E, geralmente, fico com cabelo preso. Definitivamente não penso como estou, somente quero me sentir confortável na quadra. Mas, mesmo assim, ainda tento parecer bonita e me manter feminina quando estou jogando. Se você pode usar algumas roupas legais na quadra, isso é ótimo. Isso te dá uma confiança extra, quando ela é confortável e você acha que está bem.
Você é muito assediada? Já teve algum problema com fã?
Recebo muitas mensagens e saudações dos fãs. Isso é algo muito gratificante. Nunca tive nenhum problema, eles apenas me apóiam e me sinto agradecida por isso.
Você tem namorado? Quais qualidades um homem deve ter para conquistá-la?
Não tenho namorado. Para mim, é importante que o homem seja humilde, simples. Não gosto de arrogância. Ele também precisa ter uma meta. Um bom senso de humor também é importante. Se ele for alto e moreno, é melhor ainda!
Você disse numa entrevista que é difícil ter amizades verdadeiras no circuito, pois há muito ciúme. Isso é verdade?
Para mim é muito difícil ter amizades mais íntimas com outras jogadoras. Mas sou amiga de algumas delas, como, por exemplo, Kirilenko, Hantuchova e Kuznetsova. Elas são meninas muito legais e nós sempre conversamos no vestiário. Deve haver muito ciúme no circuito, mas isso tem mais a ver com a rivalidade entre jogadoras. Por isso é difícil ter amigas mais próximas. Nós estamos competindo umas contra as outras, então, é natural que você não se torne tão íntima. Mas, como eu disse, há amizades. Não quero que pensem que todo mundo se odeia!
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“ Não me acho uma mulher tão bonita assim... não penso no que as pessoas estão falando da minha aparência. Se há inveja, isso não é algo com que eu tenha que me preocupar ” |
Você gosta de ler, ouvir música e ver filmes. De quais você gosta?
Gosto de ver filmes de suspense. Não tenho um favorito, mas adorei dois que assisti recentemente: "Little Miss Sunshine" e "Os Infiltrados". Também adoro a série "24 horas". Gosto também de todos os tipos de música. Rhythm and Blues, Pop e também algo de música sérvia. Eu amo ler. Recentemente li "Slaying the Dragon", do Michael Johnson (corredor norte-americano vencedor de cinco ouros olímpicos). É um livro fascinante e me ensinou coisas que posso relacionar com o tênis. Também li alguns livros do Paulo Coelho que me ajudaram um pouco na parte de preparação mental. E gosto muito dos livros do Dan Brown (escritor do best-seller "O Código Da Vinci").
Você gosta de fazer compras?
Não faço compras tantas vezes quanto gostaria! Sou como a maioria das meninas, gosto de comprar roupas. No entanto, não compro muitas coisas. Talvez compre um par de jeans ou uma camiseta a cada dois meses apenas. Nova York é um bom lugar para se fazer compras, assim como Melbourne e Paris. E Londres também. Há ótimos lugares onde jogo em que existem boas lojas!
Participar de campanhas publicitárias e sessões de fotos incomoda?
Definitivamente não. Estas coisas, como sessões de fotos e autógrafos, entrevistas e outras coisas são parte da vida de um atleta profissional. Tento desfrutar de cada um deles e tomá-los como uma nova experiência. Também me sinto muito lisonjeada quando alguma companhia me pede para fazer uma campanha, como a Sony Ericsson me pediu para aparecer em um comercial com a Daniela Hantuchova.
Não tenho muita energia quando estou dormindo! Gosto de dormir por volta de nove horas todos os dias. Isso é importante, para que me sinta bem descansada, para assim poder fazer um monte de trabalho de quadra e também trabalho físico.
Você conhece o Novak Djokovic? O que acha dele?
Na verdade, esta é uma história engraçada. Nós nos conhecemos quando tínhamos quatro anos, eu acho. Nenhum de nós tinha jogado tênis antes! Foi no restaurante da família dele, numa montanha perto de Belgrado. Nossos pais já se conheciam. Foi uma coincidência incrível. Somos bons amigos. Novak é um cara legal, é engraçado e nos damos muito bem. Ele é um excelente tenista e sempre torço por ele. Acho que ele pode ir muito longe, mas vai ser difícil chegar ao número um enquanto Federer estiver lá.
ANA IVANOVIC NASCIMENTO RESIDÊNCIA ATUAL ALTURA E PESO DESTRA Profissional desde 1993 TÍTULOS: PRÊMIOS NA CARREIRA: MELHOR RANKING PAIS APELIDO |