Aberta a temporada do tênis escolar

Programa Jogue Tênis nas Escolas ganha fôlego e pode se tornar peça fundamental no fomento ao tênis. Experiências na França e Estados Unidos mostram o caminho

Por Suzana Silva em 17 de Março de 2014 às 00:00

SE FOI REALIZADA NA FRANÇA, em 1994, a primeira Convenção sobre Tênis entre o Ministério da Educação – repito, Ministério da Educação – e a Federação Francesa de Tênis, aqui no Brasil, quase 20 anos depois, a estruturação do tênis escolar parece começar a querer entrar nos eixos. Explico.

Pelo menos no que diz respeito à formação de professores e à organização de programas de aulas e atividades (que incluem festivais e disputas inter-escolares), já se pode falar na existência de uma agenda, inclusive fora do estado de São Paulo. Ainda há muito a ser feito para falarmos em “agenda nacional”, mas o processo está caminhando nessa direção (veja o box ao final com o calendário de eventos de 2014).

Em 2013, as experiências reunidas entre os melhores profissionais brasileiros deste setor geraram: duas Jornadas de Capacitação de Tênis Escolar, dois Cursos de Capacitação para professores que querem atuar ou atuam no tênis escolar, dois Festivais Inter-Escolares e dois Torneios Inter-Escolares, isso para citar apenas o que foi organizado pelo Programa Jogue Tênis nas Escolas (PJTE) da Confederação Brasileira de Tênis.

Ainda em 2013, na cidade de São Paulo, foi criada uma Liga de Tênis Escolar pela primeira vez na história, para que crianças não federadas pudessem jogar por suas escolas do Ensino Fundamental 1 e 2. Com a participação de crianças de mais de 20 escolas diferentes, a Liga foi um grande aprendizado no que diz respeito ao planejamento e à arbitragem de disputas com cunho predominantemente educativo.

Exemplo de fora

A vocação do tênis como ferramenta educativa foi percebida por países como França, Espanha, Alemanha e Suíça há tempos, e não é coincidência haver tantos tenistas profissionais oriundos desses países. O sistema do tênis escolar funciona também, pois, além de oferecer o primeiro contato dos alunos com bolinhas, raquetes, e todo o trabalho de psicomotricidade que o tênis proporciona, vislumbra o longo prazo, encaminhando crianças que querem seguir praticando para centros de tênis (públicos ou privados).

No que diz respeito ao tênis universitário, o sistema de bolsas de estudo nos Estados Unidos parece ser o melhor inventado até hoje, por oferecer educação continuada com oportunidades competitivas de alto rendimento para os jovens que não necessariamente vão se profissionalizar no esporte. Para o tenista infantojuvenil, que gosta de competir, é uma opção mais do que sensacional: poder continuar competindo em alto nível, enquanto completa sua formação acadêmica.

A Convenção Francesa de 1994, que abriu este artigo, teve uma reedição em 2010, com o objetivo de rever conteúdos e estender os programas de tênis também ao Ensino Médio e universitário. Nela, foram criados os programas Tennis Volée (para alunos do Médio) e Tennis 6/3 (para universitários). Fica bem claro que a criação desses programas para jovens visa principalmente trazê-los para o esporte saudável, sem necessariamente formar campeões no futuro.


França e Estados Unidos possuem atividades de fomento ao tênis ligadas às escolas. No Brasil, o Programa Jogue Tênis nas Escolas começa a ganhar fôlego

Ainda nos Estados Unidos, há uma associação de tênis exclusiva para os treinadores que trabalham com estudantes/atletas cursando Ensino Médio (as High Schools de lá). Os manuais para os treinadores custam US$ 15 e podem ser baixados na internet, com dicas de planejamento da temporada, exercícios em quadra, psicologia básica e nutrição.

Ainda bem que as boas experiências do tênis nas escolas brasileiras estão sendo documentadas, para que mais professores possam ter acesso ao que já dá certo, e que assim não precisem partir do zero. Aguardemos a disponibilidade desse conteúdo na internet. A ideia do PJTE é sempre alinhar parcerias com centros de tênis próximos às escolas, para que as crianças também possam seguir praticando, caso sejam “contaminadas” pelo vírus do tênis.

Para saber mais, acesse:
www.cbtenis.com.br/professores/calendario
http://www.fft.fr/le-tennis-en-milieu-scolaire
www.ushsta.org

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