O circuito feminino dá a volta por cima apostando na beleza de suas estrelas
Arnaldo Grizzo em 15 de Janeiro de 2007 às 14:45
Maria Sharapova |
O PRÍNCIPE MYSHKIN, personagem caricato do famoso romance "O Idiota", de Fiódor Dostoievski, profetizou: "A beleza salvará o mundo". E atualmente a WTA, entidade que rege o circuito de tênis feminino, tem apostado fortemente nesta predição jocosa, não para salvar o planeta, mas recuperar o próprio negócio. E não é que os resultados estão surgindo.
Nesta época pródiga de musas angelicais, que têm como maior exemplo a superstar russa Maria Sharapova, o tênis feminino vem dando a volta por cima, após um período sem grandes atrativos, e aumentando seu faturamento, exposição em mídia, patrocínios, público etc. Para se ter uma idéia, somente neste último ano, o público total do circuito pulou de 4,58 para 4,67 milhões de pessoas. O número de pageviews do site oficial da turnê também vem dando grandes saltos, sendo que neste ano passou da marca de 100 milhões (em 2005 eram 87 milhões e em 2003, 53 milhões). Tudo isso graças aos encantos de meninas que, além de jogar bem, deslumbram com seus rostos bonitos e formas sedutoras.
#R#
Elena Dementieva |
Desde que assumiu o comando da WTA, em março de 2003, o ex-tenista norte-americano Larry Scott começou a trabalhar o tênis feminino de uma maneira, digamos, mais feminina. Três meses após assumir o cargo, já instituiu uma nova campanha de marketing, intitulada "Tenha contato com o seu lado feminino", iniciando a revolução das belas.
Talvez nem mesmo Scott previsse que uma garota-propaganda tão capacitada cairia sobre seu colo tão abruptamente: Maria Sharapova. Somente duas semanas depois de lançar a campanha, a russinha - até então meio desconhecida - sagrava-se a segunda mais jovem campeã de Wimbledon, com apenas 17 anos e dois meses. Em pouco tempo, a garota de golpes fortes e traços delicados se tornaria uma deusa do esporte. Em 2006, mais uma vez ela ficou com o status de atleta feminina de maior valor comercial, com ganhos de US$ 25 milhões somente em publicidade.
Além de usar e abusar da imagem de Sharapova, a WTA tem investido pesado em fazer com que suas atletas - por mais másculas que sejam - fiquem mais ternas e atraentes aos olhos dos homens. Um bom exemplo disso é o próprio site da entidade, que tem feito questão de colocar fotos das tenistas bem produzidas e maquiadas até nos retratos de seus perfis. Mesmo as musculosas irmãs Williams, que foram o ápice do tênis força e dominaram um circuito que parecia cada vez menos interessante, mostram-se menos ameaçadoras em fotografias descontraídas.
Daniela Hantuchova |
DIVAS DO LESTE
Depois desta fase dominada pelas norte-americanas Venus, Serena e Lindsay Davenport, e a despeito da masculinidade da francesa Amelie Mauresmo, o circuito feminino tem ficado cada vez mais atraente, principalmente com a invasão de tenistas do Leste Europeu, região farta em deidades. Além da beleza pueril de Sharapova, a Rússia produziu também outras loiras estonteantes como Elena Dementieva, Maria Kirilenko, Elena Vesnina, Olga Poutchkova e Vasilisa Bardina, só para citar as top 100. Mas, não se pode esquecer da predecessora de toda esta geração de divas, Anna Kournikova.
A garota, que fez muito mais sucesso como modelo, levava legiões de fãs aos seus jogos - um público que se interessava mais por suas curvas insinuantes e agradáveis feições do que por suas habilidades com a raquete. Mas, antes ainda de Kournikova, talvez a primeira grande musa do tênis tenha sido uma morena vistosa, de sangue latino e rosto fascinante. Nos anos 80, a argentina Gabriela Sabatini já seduzia a platéia com sua graça.
#Q#
Jelena Dokic |
Mas nada se compara à riqueza de colírios que desfilam pelas quadras atualmente, como a eslovaca Daniela Hantuchova, a sérvia Jelena Dokic, a norte-americana Ashley Harkleroad, a tcheca Nicole Vaidisova, a búlgara Tsvetana Pironkova, a russa Lina Krasnoroutskaya, a polonesa Marta Domachowska, a húngara Melinda Czink, e ainda vem surgindo uma nova estrela nesta constelação de deusas: a sérvia Ana Ivanovic, de 19 anos, 14ª no ranking. A moreninha de olhos verdes e jeitinho meigo de adolescente ingênua, tem feito tanto sucesso dentro quanto fora das quadras e parece pronta para duelar com Sharapova.
GATAS DO BRASIL
Ana Ivanovic |
O Brasil também tem as suas beldades. Atualmente a mais celebrada é a carioca Joana Cortez. A morena de formas graciosas faz jus à fama mundial das mulheres brasileiras. Mas, antes dela estivemos bem representados pela paulista Vanessa Menga, que mostrou seus dotes em um deslumbrante ensaio para a Playboy, em 2001. E ela não foi a primeira a ser sondada pela revista masculina. Existiram rumores de que, em seu auge, a esguia Andréa Vieira também chegou a receber uma oferta, mas recusou. Quem também cativou o público brasileiro foi a esbelta paranaense Gisele Miró. E o rol não pára por aí. É preciso lembrar ainda de Vera Cleto, que chamava a atenção em sua época, e (por que não?) de Maria Esther Bueno, que primava pela elegância com vestidos ousados, feitos especialmente para ela pelo famoso estilista inglês Ted Tinling.
E este reinado da beleza e feminilidade vem gerando cada vez mais frutos à WTA. Os contratos de patrocínio multimilionários pipocam com grandes empresas, como, por exemplo, a Sony Ericsson, que dá o nome ao circuito após ter assinado um contrato de seis anos (em 2005) no valor de US$ 88 milhões. A marca também investiu US$ 40 milhões em uma campanha mundial, estrelando as belas Ivanovic e Hantuchova. Em 2006, devido ao crescimento do público, a entidade também fechou o maior acordo de tevê já feito em sua história, com a rede que detém os canais Eurosport. E não há duvida de que grande parte deste êxito se deve ao marketing da WTA, que está "embelezando" as tenistas, mesmo as que não nasceram bem dotadas neste quesito.