Quatro anos depois do ouro de Meligeni sobre Marcelo Ríos, veio outra medalha dourada e novamente tivemos um chileno no caminho...
Rio de ouro para Saretta
Assim como Meligeni em Santo Domingo 2003, Saretta salva match-points e sagra-se campeão Pan-americano no Rio de Janeiro
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UM BRASILEIRO e um chileno, um jogo sofrido, catimbado. O brasileiro defende alguns match-points e fica com a medalha do ouro no Panamericano. Essa história parece familiar. Nos Jogos de Santo Domingo 2003, na República Dominicana, Fernando Meligeni encerrou uma brilhante carreira após alcançar o lugar mais alto do pódio, ao bater o ex-número um do mundo, Marcelo Rios. Quatro anos depois, no Rio de Janeiro, Flávio Saretta também viveu momentos épicos contra Adrian Garcia e repetiu o feito de Fininho. Mas, ao contrário de Meligeni – que parou –, espera-se que esta façanha dourada impulsione Saretta.
Quem dera este ouro conquistado pelo brasileiro fosse como o metal do rio Reno, na alegoria wagneriana, que concede poderes imensos ao dono de tal preciosidade. Assim, vamos ver Saretta voltar à boa fase, como ocorreu exatamente em 2003. Enquanto Meligeni se aposentava, o tenista de Americana ingressava no top 50. Desde então, o jogador de 27 anos sofre altos e baixos e diz que está em busca de seu melhor tênis. Aliás, após vencer o Pan, este discurso se repetiu. Agora vai? Tomara que sim, pois estamos precisando.
A conquista de Saretta foi o último ouro do Brasil no Pan-americano. O País encerrou a competição em terceiro lugar, com 54 medalhas douradas, atrás somente de Estados Unidos e Cuba. O tênis contribui ainda com uma medalha de bronze, nas duplas femininas, com Joana Cortez e Teliana Pereira, mas foi só. Na chave de simples feminina, Jenifer Widjaja, Joana e Teliana passaram longe das medalhas e sequer avançaram às quartasde- final. Melhor para a venezuelana Milagros Sequera, que se sagrou bicampeã dos Jogos. No masculino, Thiago Alves não passou das oitavasde- final e Marcos Daniel chegou a sacar para fechar o jogo contra o argentino Eduardo Schwank nas quartas, mas levou a virada. Nas duplas, Saretta e Daniel também caíram antes da semifinal e não puderam brigar por medalha.
DÉJÀ-VU
O ouro de Saretta foi o 14º do tênis brasileiro na história dos Pan-americanos. Além dele e de Meligeni, somente Maria Esther Bueno, Thomaz Koch, Ronald Barnes, Gisele Miró e Fernando Roese estiveram no degrau mais alto do pódio nas disputas de simples na competição das Américas. Mas a inspiração para esta conquista veio mesmo da atuação de Fininho em 2003. “Até hoje, quando assisto à final do Pan de Santo Domingo, acho que o Fino vai perder. Ele lutou até o fim, salvou matchpoints e serviu de inspiração para mim hoje”, revelou Saretta. Contra Marcelo Rios, Meligeni defendeu cinco match-points e venceu de virada, por 5/7, 7/6(6) e 7/6(5), depois de 2h53m.
Ao todo, Saretta esteve quatro vezes por um triz. Após jogos tranqüilos nas três primeiras rodadas, fez um duelo emocionante contra o jovem argentino Eduardo Schwank, de 21 anos. O rival teve duas oportunidades para fechar a partida no segundo set, mas viu seu saque ser quebrado. Com apoio do público, o brasileiro virou com direito a “pneu” na última parcial (3/6, 7/5 e 6/0).
Devido à chuva, a decisão teve de ser disputada no domingo de encerramento do Pan, em quadra coberta, quase sem torcida. Saretta e o chileno Adrian Garcia, cabeça um e dois do torneio, já haviam se enfrentado três vezes no circuito, sempre com vitória do brasileiro. Entretanto, o jogo foi tenso. Com um set para cada, o chileno abriu 5/3 na última parcial e teve dois match-points no saque. Mas, novamente o tenista de Americana soube suportar a pressão e igualar o marcador. A partida foi decidida no tiebreak e Saretta teve paciência para atacar na hora certa e esperar os erros de Garcia, que perdeu após uma dupla-falta (6/3, 4/6 e 7/6[2]).
“Vi a medalha escapando duas vezes. Virar jogos em semifinal e final dificilmente acontece com um tenista. Acho que superei a pressão de ganhar no Brasil e de ser o favorito do Pan. Só meus treinadores e minha equipe sabem a pressão e cobrança que havia sobre mim”, afirmou Saretta. Segundo ele, após esta vitória memorável, sua confiança e sua vontade cresceram. O caminho para o sucesso parece estar trilhado outra vez. Tomara que este ouro seja mesmo mágico, como o da lenda alemã, e dê ao brasileiro grandes poderes. Contudo, segunda a mitologia, tal graça nunca é recebida sem que haja uma contrapartida e, na lenda, é preciso renegar o amor para ter acesso a esta dádiva. Tomara que Saretta não precise renunciar a algo tão valioso para voltar aos bons tempos.
A dupla de Joana Cortez (esquerda) e Teliana Pereira ficou com o bronze no Rio de Janeiro |
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A venezuelana Milagros Sequera venceu o Pan de Santo Domingo e repetiu a dose no Rio |
QUADRO DE HONRA Simples Feminino Duplas Feminino Simples Masculino Duplas Masculino |
Publicado em 5 de Setembro de 2007 às 12:51