Em entrevista após derrota, Bellucci rebate críticas: "É muito mais difícil em quadra do que no sofá vendo na televisão"

O tenista atribuiu o negativismo do público brasileiro por sua postura mais concentrada e focada dentro de quadra e diz não ser apático


bellucci

O herói do duelo contra a Espanha, Bellucci acabou perdendo seus dois jogos em Buenos Aires

O brasileiro Thomaz Bellucci sempre foi alvo de muitas críticas da torcida brasileira por ser um jogador que muitos rotulam como um tenista sem vontade e apático dentro de quadra. Após a partida contra Delbonis, o paulista falou com a reportagem da Revista Tênis no hotel em Buenos Aires sobre a sua relação com a torcida brasileira.

Acostumado com as críticas, como o próprio tenista afirma, Thomaz respondeu abertamente sobre as dificuldades de ser um tenista, sua postura dentro de quadra, que acaba desagradando muitos fãs de tênis, as comparações com o estilo de Feijão e sua afirmação no circuito depois de muitas comparações com Guga no início de sua carreira. Confira a entrevista completa com Thomaz Bellucci.

Revista Tênis - Depois dos jogos do Feijão de 5 e 6 horas, muitas pessoas comentaram sobre sua atitude dentro de quadra. Você acredita que a torcida brasileira acaba sendo muito crítica com você?

Thomaz Bellucci - Normal, eu estou acostumado a receber elogios e críticas o tempo inteiro. Saiu da quadra, a gente veio aqui no hotel e demora um pouco para esfriar a cabeça, e quando esfria você vê com mais clareza. Acho que no jogo de hoje não me faltou determinação, superação, só a gente sabe o quanto estávamos envolvido naquele jogo, o cara que fica mais chateado ao perder é o jogador, não tem outra pessoa que fica mais chateada com isso.

As críticas às vezes você tem que tapar o ouvido e seguir em frente, o tênis é mais difícil do que parece. Eu estava vendo o jogo do Feijão na televisão e eu sabia o exatamente o que ele tinha que fazer. No game que ele sacou para fechar o jogo, eu fui para a quadra e vi que é muito mais difícil dentro da quadra do que na televisãozinha sentado no sofá, muitas vezes tem gente que fica criticando sentado no sofá comendo pipoca e lá dentro da quadra, vocês que estavam lá sentido o calor do jogo, veem que é um outro mundo, é complicado.

Eu sabia que eu teria que ficar uns três dias sem ver twitter, instagram, internet. Eu estava até falando disso para o pessoal: ninguém me fala de instagram, internet, que eu sei que os caras vão me martelar. É lógico que eu fico chateado com as críticas, faz parte da carreira de qualquer atleta que quer jogar bem e ir longe. As críticas são normais.

RT - Você acha que o tom das críticas é mais pesado com você por ser o primeiro tenista a ter bons resultados após o Guga?

TB - No começo de carreira me perguntavam muito sobre isso [comparação com o Guga], hoje em dia já não. Todo mundo sabe que o Thomaz Bellucci é o Thomaz Bellucci, o Guga é o Guga e o Feijão é o Feijão. O João está amadurecendo agora com 26, 27 anos. Hoje em dia é muito normal ver caras se estabelecendo no Top 100 depois dos 25, 26 anos.

O Marcos Daniel conseguiu entrar no Top 100 quase aos 30 anos. É normal o jogador amadurecer mais com o tempo, o tênis é um esporte difícil de entrar nos três, quatro primeiros anos de circuito. Comigo isso foi muito rápido, eu explodi rápido, mas depois não consegui manter.

RT - Aos 23 anos você alcançou um nível muito bom de tênis, perto dos 20 melhores do mundo.Na sua opinião, criou-se uma grande expectativa e algumas atuações suas frustraram o público brasileiro?

TB - Eu acho que o que pesa mais é minha postura dentro de quadra, as pessoas às vezes não entendem. Me veem dentro da quadra sem vibrar e pensam que eu não quero ganhar o jogo, não entendem o valor de às vezes você estar poupando energia, ficar mais concentrado dentro do jogo.

Desde o começo da minha carreira eu sempre fui muito criticado, acho que mais pela minha postura dentro de quadra do que pelos meus resultados e eu acho que isso tudo incomoda as pessoas de eu ser um cara mais fechado. Não é normal um brasileiro ser fechado. Geralmente, é como Meligeni, Guga, Feijão que são mais aberto e eu sou um cara muito mais fechado do que eles, minha característica dentro de quadra acaba incomodando as pessoas e às vezes as pessoas não entendem.

As críticas sempre vão existir, o julgamento das pessoas de acharem que eu tenho que ser mais determinado, vibrar mais dentro de quadra. É o meu estilo e eu não vou deixar de ser um cara mais focado, concentrado. Eu não gosto de ficar vibrando o tempo inteiro, o estilo do Feijão é diferente, ele gosta de vibrar mais com a torcida, um cara mais emotivo dentro de jogo e muitas vezes acaba o brasileiro se familiarizando mais com esse estilo de jogador, é normal.

Da redação

Publicado em 9 de Março de 2015 às 19:51


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