Parecia que ia ser sem emoção. Após 1 hora e 24 minutos, Roger Federer encaminhava o seu passaporte à sua 28ª final de Grand Slam (recorde no circuito profissional), com dois sets beirando a perfeição, principalmente no saque (parciais de 7-5 e 6-3). Do outro lado, no entanto, havia um adversário disposto a estragar os planos do Maestro.
Com duas quebras de saque relativamente fáceis, Stanislas Wawrinka voltava à partida com um impensável 6-1. No quarto set, duas quebras nos primeiros dois games. A partir daí, confirmações de saque até o nono game, quando Wawrinka capitalizou o terceiro break point que teve. Depois, o atual número 4 do mundo sacou sem sustos, confirmando seu serviço sem conceder sequer um ponto para Federer, fechando a parcial em 6-4. Finalmente os suíços iriam decidir uma partida de Grand Slam no quinto set.
A partida, naquele momento, parecia ter virado para o lado de Wawrinka. Federer teve que salvar breakpoints nos terceiro e quinto games. Porém, no sexto game, o considerado por muitos como o maior jogador de tênis de todos os tempos resolveu tirar coelhos de sua cartola e, jogando o fino do fino, quebrou o saque de Stan sem grandes dificuldades.
A partir daí, Federer concedeu um ponto em dois games de saque e confirmou sua volta a uma decisão de Grand Slam, com um confortável 6-3. A última final de Federer em um Grand Slam foi o U.S.Open de 2015, quando perdeu para Djokovic em quatro sets. Seu último título em Grand Slam já faz mais de quatro anos, quando o suíço conquistou seu sétimo troféu na grama sagrada inglesa.
Não se esqueçam de programar o despertador para às 06:20 da manhã desta sexta. Resta-nos (secretamente) torcer para que Rafael Nadal vença Grigor Dimitrov na segunda semifinal deste já histórico Australian Open para que tenhamos uma final, ao mesmo tempo inesperada e maravilhosa, reunindo os dois tenistas que dominaram nosso nobre esporte na primeira década desse século.
Entre 2003 (ano do primeiro título de Grand Slam de Federer, em Wimbledon) e 2010, os dois gênios do esporte ganharam 25 dos 32 títulos major do tênis mundial. Nos anos de 2006, 2007 e 2010 somente eles ganharam torneios de Grand Slams. Em 2017, porém, ambos chegaram a Melbourne com muito mais fama e passado do que possibilidades reais de título no presente. Mostraram na quadra que ainda são competitivos e brilhantes. O tênis merece uma final do tamanho de Federer x Nadal em Melbourne. E nós também.