Já era praticamente unanimidade afirmar que Roger Federer já tinha seu nome gravado no hall dos grandes tenistas da história. Um estilo clássico, limpo, um esgrimista capaz de de golpear com eficiência.
O ano de 2017 seria, para muitos, difícil para o suíço. Parado havia seis meses para tratar de uma lesão crônica no joelho, Federer entrou no Australian Open sem ter disputado sequer uma partida oficial no começo de temporada. Mas ninguém é um dos melhores de todos os tempos (para muitos, o melhor) à toa. Vitória após vitória, a confiança de sempre foi voltando e Federer passou a figurar entre os favoritos, ainda mais após as precoces eliminações de Djokovic e Murray, números 2 e 1 do mundo, respectivamente.
Quando entrou na quadra central do Melbourne Park nesse domigo para disputar sua 28° final de Major, Federer viu do outro lado o seu único algoz inquestionável. Rafael Nadal possui vantagem em todas as estatísticas contra Federer. Antes da final, 34 partidas entre os dois gigantes, com 23 triunfos de Nadal. Onze finais de Grand Slams, com nove vitórias de Nadal, sendo que o maiorquino havia ganho as seis últimas. Até nos confrontos em "Indoor Hard", uma das especialidades de Federer, o espanhol tem vantagem: eram 9 triunfos contra 7 de Federer.
Nadal também buscava fazer história, em busca de seu 15° título de Grand Slam. O Australian Open é o único torneio major que o espanhol não tem mais de um título. Gladiadores apresentados, o que o público queria era uma batalha longa e, para a maioria, uma vitória de Federer no final.
A batalha
No primeiro set, os gigantes entraram "de leve", sem forçar muito uma quebra de início, talvez imaginando que o jogo fosse se estender por horas e horas a fio. No sétimo game, no único break point da parcial, Federer conseguiu quebrar o saque de Nadal. Sacando com autoridade no décimo game, o suíço fechou o primeiro set em 6-4, em 35 minutos, cedendo apenas quatro pontos sem seu serviço.
A história do segundo set foi totalmente diferente. Federer entregou oa seus primeiros dois games de saque e, quando piscou, já perdia por 0-4. O suíço ainda quebrou o espanhol no quinto game, mas daí em diante foram só confirmações de saque até o 6-3 para Nadal, em 43 minutos.
O terceiro set foi um passeio de Roger Federer, um menu de golpes perfeitos. Nadal não conseguiu jogar, sendo quebrado no segundo e no sexto games. Federer sacou em 5-1 para fechar a parcial e, após três igualdades, dois break points para Nadal e dois set points para Federer, finalmente o Maestro fechou a parcial e 6-1, em 41 minutos.
Obviamente, o Toro Miúra não ia conceder de mão beijada o caneco para o seu histórico e valoroso rival. Com a famosa faca entre os dentes, Nadal deu dois passos para frente na devolução, quebrou Federer no quarto game, levando o seu saque com relativa tranquilidade, até fechar o quarto set em 6-3, sem ceder pontos em seu saque nos dois últimos serviços na parcial. O que todos na Rod Laver Arena queriam (com exceção talvez de Federer, Nadal e seus respectivos staffs) estava prestes a acontecer. O quinto e decisivo set.
O quinto set
Em cada um dos quatro sets anteriores havia um dono. Federer dominara o primeiro e o terceiro sets e Nadal vencera com autoridade o segundo e o quarto sets. O quinto começou da maneira que acabou o quarto. Nadal dominando o suíço no fundo de quadra e Federer com pouca eficiência no seu saque. Foi assim que o espanhol quebrou o saque do suíço logo no primeiro game da quinta parcial. Federer jogou bem o game seguinte, chegando a ter três break points e quase devolveu a quebra. Mas Rafa sobreviveu aos ataques do Maestro, abrindo 2 a 0 e encaminhando a vitória e o título. Sacando com 2 a 1, Nadal teve que salvar mais um break point para abrir 3 a 1.
A partir do quinto game, no entanto, Roger Federer vestiu seu fraque preto e começou a tirar coelhos de sua mágica cartola. Jogando o fino do tênis, o suíço simplesmente ganhou os cinco gamea seguintes, sendo dois no saque do Toro Miúra e fechou o jogo em 6-3. Após 3 horas e 40 de uma aula de tênis, a lenda Roger Federer conquistou seu quinto Australian Open, seu 18° Grand Slam e sua vaga definitiva no Olimpo do Tênis.