Xadrez em quadra
Conheça a importância deste tipo de raciocínio e o aperfeiçoe para ganhar mais
"Seu eu sacar na esquerda, que é o ponto fraco do meu adversário, terei mais chances de vencer o ponto, pois ele devolverá uma bola mais defensiva e poderei tomar o controle do ponto".
"Se eu conseguir abaixar bem a bola na direita da minha adversária, que empunha a raquete com pegada muito extrema, causarei mais dificuldade e ela acabará errando ou encurtando a bola".
"Se eu fizer meu adversário fazer contato com a bola durante a corrida, terei mais chances de sucesso, porque ele é muito ruim neste fundamento".
Os exemplos acima são apenas para ilustrar o que pode passar na cabeça de um tenista que pensa estrategicamente e não somente entra na quadra achando que tênis é um esporte de "bater na bola".
Estratégia vem do termo em latim "strategia" que significa: "a arte de planejar e executar movimentos e operações de tropas". Se a Olimpíada foi criada na Grécia como uma tentativa de evitar que as cidades entrassem em guerras para medir forças, dá para entender como o esporte, desde sempre, usou e usa até hoje termos militares em seu vocabulário cotidiano. O que importa para este artigo é estudar os movimentos do adversário, seu estilo de jogo, pontos fortes e fracos - o que já tem sido apregoado por todos os bons treinadores do mundo das raquetes.
O que talvez o leitor não saiba é que determinar uma estratégia de ação depende da capacidade mental de pensar hipoteticamente ("se isto, então aquilo; se aquilo, então isso"). As pessoas podem usar sua imaginação ou pensamento abstrato para visualizar ações e suas consequências. Jean Piaget, biólogo suíço que influenciou gerações de psicólogos e pedagogos aprofundando seus estudos sobre o desenvolvimento do pensamento humano, afirma que as crianças desenvolvem essa capacidade por volta de 10, 11 anos.
A maneira como o jogo de tênis é ensinado para crianças e adultos pode facilitar ou dificultar o desenvolvimento dessa capacidade. Ao participar de aulas em que a metodologia de descobrimento guiado é utilizada, o jogador reflete sobre a prática e sobre as escolhas táticas e suas consequências desde o início - o que contribui para a compreensão mais ampla do jogo. Os praticantes estarão envolvidos integralmente com a modalidade, com o corpo e com a mente.
O contrário disso são pessoas que ainda aprendem apenas pela pura repetição mecânica dos gestos esportivos, sem reflexão. Estas poderão até desenvolver movimentos "perfeitos", mas perderão de adversários mais "espertos", com visão tática do jogo, mesmo que com golpes "feios" ou técnica limitada. Qualquer tenista que se preze já presenciou uma cena dessas, em que um tenista que joga "feio" vence outro que joga "bonito", mas não possui conhecimento tático algum.
O pensamento hipotético é fundamental para que você planeje um esquema tático geral para ser usado contra um adversário específico, para que você possa planejar seu calendário de competições, para que você escolha jogar agressiva ou conservadoramente no tie break, seguindo o que você faz de melhor. Enfim, para cada passo de sua jornada competitiva.
Esse pensamento ocupa a mente do Tenista com "T" maiúsculo durante toda a partida. É nisso em que ele se concentra: como vencer, como resolver cada problema que o adversário lhe apresenta.
Faça fácil:
1. Sempre que puder, estude o jogo do adversário antecipadamente. Grandes campeões assistem seus adversários em ação ao vivo ou em gravações. Anotam que o padrão de jogo eles possuem, quais as bolas que causam maior dificuldade etc. Caso não tenha tido oportunidade de estudar o adversário antecipadamente, use o bate-bola para isso, variando as bolas e percebendo como o oponente reage.
2. A partir do que foi visto, monte um padrão de jogo: o seu saque e mais uma ou duas bolas depois; e a partir da resposta do saque e mais uma ou duas bolas. Exemplo: sacar aberto e cruzar a primeira bola no ângulo; ou responder no fundo e no meio e, em seguida, atacar a esquerda etc.
3. Pratique esses padrões no treino. Por exemplo: o jogo só começa depois que você conseguir sacar aberto e cruzar a primeira bola.
4. Use as viradas de lado para reforçar seus padrões táticos mentalmente, visualizando as jogadas que estiverem funcionando; ou para mudá-los, caso esteja em larga desvantagem no placar. É muito mais fácil se "concentrar" com esse objetivo em mente: "Como vencerei fulana? Quais seus pontos fracos? Como poderei atacá-los? Como usar meus pontos fortes contra esta adversária?".
Ao manter o foco na estratégia, o resto do mundo desaparece e você e a bolinha tornam-se apenas um, e o jogo cumpre seu objetivo: trazê-lo para um mundo à parte e entretê-lo na realidade do dia-a-dia.
Publicado em 11 de Abril de 2016 às 17:40