Mineiro é único brasileiro vivo no ATP em casa e, ainda assim, sofre com pouco público nas quadras secundárias e prioridade do individual no Ibirapuera
Matheus Martins Fontes, De São Paulo em 14 de Fevereiro de 2013 às 23:25
Bruno Soares é a simpatia em pessoa. Humilde e com alto astral por todos os lugares onde anda, ele atende aos fãs, dá autógrafos, tira fotos, conversa numa boa e, com a imprensa, a realidade não é diferente. No mundo do tênis, o mineiro ergue com orgulho a bandeira do Brasil e nos colocou novamente no mapa da modalidade ao abocanhar seu primeiro título de Grand Slam - nas duplas mistas no US Open do ano passado (fazendo parceria com a russa Ekaterina Makarova).Mesmo longe do Ibirapuera, Bruno Soares (à esq.) vem fazendo um bom Brasil Open com Alexander Peya
Nesse ano, Bruno já obteve grande sucesso levando a coroa no ATP 250 de Auckland, na primeira semana de janeiro, e, ao lado de Marcelo Melo, conseguiu uma das maiores vitórias da carreira e para o país na Copa Davis depois de superar a dupla multicampeã formada pelos irmãos Bob e Mike Bryan, atuais líderes do ranking da ATP.
Dadas algumas das estatísticas mais importantes do duplista de 30 anos, acrescenta-se o fato de que Bruno é bicampeão do Brasil Open, único ATP realizado no país. Em 2011, ganhou ao lado de Melo e, no último ano, triunfou com o norte-americano Eric Butorac. E, para essa temporada, mais uma vez o mineirinho é favorito ao troféu, agora com o parceiro fixo, o austríaco Alexander Peya.
No entanto, a organização do torneio paulistano priorizou, na programação dessa quinta-feira na quadra central, a chave de simples, com destaques para Rafael Nadal, Nicolas Almagro, Thomaz Bellucci e Juan Monaco. Bruno, mais uma vez, teve que se contentar com o Ginásio Mauro Pinheiro, alvo de muitas críticas de boa parte dos atletas.
Bruno e Peya atuaram em uma quadra 1 praticamente vazia diante dos colombianos Juan Sebastian Cabal e Santiago Giraldo no último duelo do dia ao mesmo tempo em que acontecia o confronto entre Nadal e João Souza, o Feijão, no ginásio principal.
Ginásio do Ibirapuera foi palco do duelo entre Nadal e Feijão; Bruno Soares jogou na quadra 1 |
"Sinto-me ligeiramente desapontado com a organização por uma falta de carinho com a minha pessoa. Não me cabe competir com o Nadal, nem quero. Só acho que merecemos um pouco mais de respeito. E, na minha opinião, isso não está acontecendo. Vocês me conhecem, sou um cara extremamente positivo, mas é complicado. Acho que mereço um pouco mais de carinho, mais atenção, por menos que seja, pelo que venho fazendo pelo tênis. Não apenas eu, o Marcelo [Melo] também e os demais brasileiros", opinou Bruno em entrevista coletiva.
Nessa sexta-feira, Bruno e Peya, dupla cabeça 2 da chave, enfrentam a parceria do austríaco Oliver Marach e do argentino Horacio Zeballos por uma vaga na final e, novamente, o embate será realizado longe da quadra central. O confronto será o primeiro da mesma quadra 1 a partir das 15h (horário de Brasília).
Rafa foi um destaque no Ibirapuera nessa quinta-feira ao lado de Almagro, Bellucci e Monaco |
"Não tem nenhum problema eu jogar na quadra 1, no Círculo Militar (local de treinos). Onde estiver na programação, em qualquer lugar, eu vou entrar 100% em quadra. Espero fazer mais uma final no Brasil Open. Eu me sinto um pouco desapontado por essa situação. Acho que, quadra central, em casa, brasileiro.... não precisa falar muita coisa. Eu sei que não é fácil fazer programação, tem Nadal, tem várias outras coisas, mas eu sei que é possível. Os jogos da quadra central tem a ver com vários fatores, solicitação da ATP, de conhecimento, para certos países. No meu humilde e positivo modo de ver as coisas, eu acho que mereço. Mas, se eu não estou ali, para alguma pessoa ou pessoas, eu ainda não tenho que estar. Espero ganhar meu jogo amanhã [hoje] porque a final, creio eu, vai ser lá [quadra central]. Não vou ficar aqui reclamando e brigar, estou expressando minha opinião. E se a central não vem até mim, eu vou até ela", concluiu Bruno de tom irônico.
Enquanto Bruno joga na quadra 1 nessa sexta-feira, a central novamente será palco de confrontos da chave de simples - a partir do meio dia, enfrentam-se Albert Montañes e Simone Bolelli, seguidos de Martin Alund e Filippo Volandri (não antes das 14h30), Nicolas Almagro e David Nalbandian (não antes das 17h) e, finalmente, Nadal e Carlos Berlocq (não antes das 20h).
Confira mais notícias sobre o mundo do tênis...
+Raçudo, Thiago Alves confessa: "tenho uma Copa Davis no coração"
+"Concorrência" pelo Super Bowl e UFC pode ser trunfo para o Brasil na Copa Davis
+ Brasil define equipe com Teliana Pereira e Bia Haddad para a disputa da Fed Cup na Colômbia
+ Thiago Alves é novidade e Brasil define equipe que enfrentará os EUA na Copa Davis em fevereiro
+ Marcelo Melo estreia nessa madrugada buscando redenção do país após fracasso em simples na Austrália
+ Apático, Bellucci lamenta péssima atuação na estreia e mantém tabu no Aberto da Austrália
ESPECIAL:Casa nova... E cheia - Mudança para São Paulo se mostrou benéfica para o Brasil Open, que teve excelente público desde as primeiras rodadas e ginásio cheio nos últimos três dias, mesmo sem um brasileiro na final de simples. A Revista TÊNIS selecionou as melhores fotos dos principais personagens (Confira!)