De volta à Davis, Rogerinho relembra duelo contra Áustria e diz não ter xingado Muster

Paulistano trabalhou como boleiro no tumultuado confronto em 1996 e comentou também sobre seu recente trabalho com Larri Passos

Da redação em 7 de Julho de 2011 às 08:59

Rogerinho foi convocado pela primeira vez para Copa Davis e será titular nas simples contra o Uruguai
Convocado pelo capitão João Zwetsch para o confronto com o Uruguai, Rogério Dutra da Silva não é exatamente um novato na Copa Davis. Na edição de 1996 do torneio, então com apenas 12 anos, ele trabalhou como boleiro no tumultuado confronto com a Áustria de Thomas Muster, realizado no Hotel Transamérica.

"Meu pai dava aulas de tênis num clube perto do Autódromo de Interlagos. Desde pequeno, eu sempre acompanhava e ajudava pegando bolinha. Nos momentos vagos que ele tinha, a gente jogava. Fui boleiro naquela série contra a Áustria na Davis, mas não xinguei o Muster", brincou o paulistano ainda antes de embarcar para o Uruguai.

Austríaco Thomas Muster foi protagonista de confusão em confronto diante do Brasil, em 1996
Na ocasião, Brasil e Áustria duelaram pelo tradicional torneio por nações. No primeiro jogo, Muster, então terceiro do mundo, venceu Fernando Meligeni. Na sequência, Gustavo Kuerten bateu Markus Hipfl em uma partida tumultuada. No dia seguinte, o astro europeu enfrentou Guga e Jaime Oncins ao lado de Udo Plamberger.

Nas arquibancadas, alguns torcedores brasileiros usavam espelhos para tentar atrapalhar a visão dos austríacos. Em uníssono, os anfitriões gritavam "Muster gay". Irritado, o ex-líder do ranking alegou falta de segurança, abandonou a partida no quinto set e impediu sua equipe de disputar os jogos seguintes. Assim, o time capitaneado por Paulo Cleto venceu.

"Eu era bem pequeno, mas lembro que foi uma experiência muito legal. Eu vi o Guga e o Meligeni jogando de perto. Na época, pensei: 'quero ser igual a esses caras, quero jogar, quero tentar passar por isso'. Eu sonhava um dia estar com eles e, quem sabe, até jogar a Davis, como está acontecendo agora. Me deu um ânimo muito grande", lembrou Rogerinho.


Atualmente, Rogerinho treina sob o comando de Larri Passos há um ano e meio, na cidade de Balneário Camboriú (SC). Em alta, o atleta atribui a boa fase ao ex-técnico de Gustavo Kuerten. "Treinar com o Larri mudou muita coisa. Ele me ensinou a ser feliz jogando tênis. Melhorei mentalmente, tecnicamente e até fisicamente. A partir do momento que fui pra lá Camboriú, minha vida deu uma virada e tanto", descreveu.

Trabalho com Larri Passos (foto) mudou carreira de atleta, que se mudou para Camboriú (SC)

Ele quer manter a evolução para disputar os eventos da elite do circuito. "Uma hora, vou conseguir entrar entre os 100 e jogar os torneios maiores. Acho que estou no caminho certo e tenho que continuar trabalhando para chegar lá", disse.

Aos 27 anos, o tenista nascido em São Paulo vive o auge da carreira sob o comando do técnico Larri, já que alcançou o 134º posto, seu recorde, no ranking mundial divulgado no último dia 13 de junho. Convocado para a Davis pela primeira vez, ele lembra dos tempos de boleiro.

"Defender as cores do Brasil é um objetivo bem grande que acabei conquistando e nesse momento passa um filme na cabeça da época em que eu pegava bolinha, da época que tinha dificuldade para viajar por não ter patrocínio. Foi uma fase importante, eu aprendi muito", contou.

Em busca do top100, Rogerinho valoriza esforço e dedicação na carreira
Rogerinho forma a equipe brasileira diante do Uruguai ao lado de Thomaz Bellucci, Bruno Soares e João Souza, o Feijão, mais um novato. Questionado sobre a inexperiência do tenista na Davis, Zwetsch destacou sua força de vontade, resultado da trajetória na carreira.

"Meus pais sempre foram lutadores e batalharam muito para que eu e meu irmão Daniel (Dutra da Silva) pudéssemos jogar tênis. Hoje, eu consigo transmitir isso dentro da quadra também por ser um cara batalhador e correr atrás das coisas", afirmou Rogerinho.

Com o aumento no número de torneios de base no Brasil, ele vê a possibilidade de sua história se repetir. "Nosso país tem muito talento. Já temos vários Futures e os Challengers estão aumentando. Ou seja, existem chances para pessoas que não são da elite, como por exemplo um pegador de bolinha ou um rebatedor", afirmou.

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