Perfil

Ricardo Hocevar vai escrevendo sua própria história no tênis brasileiro

Sobrinho de tenistas, paulista vence Lapentti e conquista a melhor vitória da carreira


Hocevar frustrou a torcida local e venceu o favorito ao título
Sempre conhecido como "o sobrinho de Marcos e Alexandre", Ricardo Hocevar vai fazendo seu nome no tênis brasileiro. Ontem, no challenger de Guayquil, no Equador, o jovem tenista de 23 anos conquistou a maior vitória de sua carreira. Em quase três horas de partida, Ricardinho, como é conhecido pelos amigos, venceu o tenista local Nicolas Lapentti, número 74 do mundo.

Recuperando a boa forma, Lapentti, ex-número seis do ranking mundial, não conseguiu segurar os ataques do brasileiro, que venceu o tenista mais bem classificado em sua carreira. Antes do equatoriano, as principais vitórias do brasileiro haviam sido diante de compatriotas, com destaque para os triunfos contra Flavio Saretta, em 2006, quando o tenista de americana era o 125 do mundo, e contra o ex-número 50 Ricardo Mello, quando o canhoto se encontrava na 200ª posição no ranking.

O saque é a principal arma do tenista
Outra grande vitória de Hocevar aconteceu no Aberto de São Paulo de 2007, quando venceu Jean René Lisnard, de Mônaco, ex-número 84 do mundo. Na época, inconformado com a falta de apoio aos tenistas brasileiros, o tenista entrou em quadra com uma interrogação estampada na camiseta e, atrás, a seguinte frase: "Estampe aqui a sua marca"; como uma forma de protesto e pedido de patrocínio.

A vitória sobre o ex top10 Lapentti fecha, independente de qualquer outro resultado, com chave de ouro o melhor ano de sua carreira. Hocevar já é o quinto melhor tenista brasileiro na atualidade, atrás apenas de Franco Ferreiro, Thiago Alves, Thomaz Bellucci e Marcos Daniel.

Além do melhor ranking na carreira - 172 em outubro - Ricardo pode comemorar o fato de jogar de igual para igual com os principais tenistas do país, algo que foi visto em Bogotá, na Colômbia. Na semifinal do challenger local, chegou a abrir 4 a 1 no terceiro set contra Marcos Daniel, melhor tenista do país, e mesmo perdendo, provou que vai dar ainda mais trabalho em 2009.

Paulista de 23 anos, Ricardo Hocevar começou a jogar tênis no Esporte Clube Banespa. De família toda tenista, com destaque para os tios, Marcos e Alexandre, que se destacaram nas décadas de 80 e 90, Ricardo dividia as atenções entre as raquetes e as chuteiras, já que disputava o campeonato paulista interclubes de futebol pelo clube. Apenas aos 16 anos, por influência de seu então treinador, Denis Kirmayr, o garoto resolveu se dedicar exclusivamente ao tênis e colocou na cabeça que gostaria de seguir os passos dos tios.

Na academia de Eduardo Eche, começou a treinar com tenistas de alto nível na época, como Alexandre Simoni, de quem ficou amigo e disputou alguns torneios de dupla. A evolução de Hocevar não foi rápida, devido à grande dificuldade encontrada com patrocínios e ajudas de custo. Em 2008, deslanchou e obteve os melhores resultados da carreira. Conquistou quatro futures no primeiro semestre, além de uma final, uma semi e quatro quartas (contando a de Guayaquil) em challengers.

Mas o ponto alto foi, sem dúvida, a disputa do primeiro torneio de Grand Slam. No quali do US Open perdeu na segunda partida, mas a oportunidade de conviver com os maiores astros do tênis mundial ficará marcada para sempre em sua lembrança. Agora, o grande objetivo é entrar para o seleto grupo de top100 brasileiros.

Gabriel e o pai, Marcos Hocevar, durante torneio em MG

Tradição em família

Orgulho da família, o tenista já é seguido pelo primo Gabriel, filho de Marcos Hocevar. O menino de apenas 12 anos sabe da tradição dos parentes e espera seguir os passos do pai, do tio e do primo. "Tenho muito orgulho do meu pai. Ele sempre me diz que devo jogar com garra, sem desistir, porque o jogo só termina no último ponto. Também tenho orgulho do meu primo que está indo muito bem no profissional e do meu tio que também foi muito bom, mas infelizmente se machucou quando jogava", chegou a declarar Gabriel durante um torneio em Minas Gerais. O tênis brasileiro é eternamente grato à família.

José Eduardo Aguiar

Publicado em 6 de Novembro de 2008 às 10:50


Notícias