Fenômeno

Revelação do tênis brasileiro, Luisa Stefani admite timidez: "estou me acostumando com as câmeras"

Jovem, que treina nos EUA, está invicta em 2013 com vitórias no circuito juvenil e profissional e, nesa semana, bateu ex-número 1 do País em torneio


Há pouco mais de um mês estivemos no Paineiras do Morumby acompanhando o melhor da nova geração no Banana Bowl e pudemos ter contato com vários talentos surgindo, entre eles, a paulistana Luisa Stefani, jovem diferenciada pela atitude e leitura de jogo incomuns para a instabilidade técnica, tática e emocional tão presentes nessa faixa de transição.

Ricardo Rimoli/POA Press
Luisa Stefani é a grande revelação do tênis juenil do Brasil em 2013
Com extrema facilidade, Luisa, de apenas 15 anos, foi campeã sem perder sets do Banana e, uma semana depois, do Campeonato Internacional Juvenil de Tênis, mais conhecido como Copa Gerdau, ambos na categoria 16 anos. Nos dias seguintes, vieram novos canecos, agora nos 18, em Barbados e Porto Rico, e a imprensa especializada ficou de olho no desempenho espetacular da garota que mora e treina em Wesley Chapel, na Flórida, há um ano e meio.

Nessa semana, Luisa foi convidada a jogar o ITF de US$10 mil no Clube Paulistano, agremiação a qual defendeu em sua época de treinamento no Brasil, e logo na estreia um jogo indigesto contra a carioca Ana Clara Duarte, ex-número 1 do País e medalha de bronze nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara de 2011.

E não é que a menina é boa mesmo? Luisa, no primeiro dia de torneio, passou em dois sets pela adversária, cabeça de chave número 2, e já conquistou seu primeiro ponto no profissional. Nessa quarta-feira, a Revista TÊNIS esteve novamente de olho na nova estrela do tênis nacional.

A tranquilidade e o foco ainda são determinantes para boas atuações e Luisa já está nas quartas de final em São Paulo após bater a chilena Ivania Martinich em dois sets. Agora ela soma 24 vitórias seguidas em 2013, com 48 parciais somadas e desconto de apenas um set nesse período.

Enquanto a chilena tentava minar a confiança de Luisa com bolas altas e cheias de spin, típicas da escola sul-americana no saibro, a brasileira parecia desfilar em quadra, com o arsenal completo para distribuir em qualquer circunstância - deu slice, curtinha, variou o saque, disparou inúmeros winners da base, do meio da quadra e, principalmente, junto à rede.

CURIOSIDADES: Após o torneio no Paulistano, Luisa embarca para a Bolívia onde defenderá o Brasil no Campeonato Sul-Americano nos 16 anos. A expectativa é que ela viajasse junto com a equipe nessa quinta-feira, porém o resultado surpreendente em São Paulo a fez alterar momentaneamente seus planos.

Após o jogo, vieram os cumprimentos de quem se apertou à beira da quadra. Os familiares, os amigos, os primeiros fãs... Ainda bastante tímida, Luisa, no entanto, parece ter se acostumado a lidar com o assédio alheio por conta de suas campanhas fenomenais na temporada. Já deu tempo até de ser destaque em jornal e também no noticiário da emissora fechada.

E ela nos revelou, com exclusividade, de que maneira vem lidando com a responsabilidade de ser taxada como a futura promessa do tênis brasileiro. Aliás, promessa é um termo que ela pefere não usar. Prefere o termo "revelação".

Revista TÊNIS: Em 2013, você conquistou os dois maiores torneios infanto-juvenis do Brasil nos 16 anos. Depois levou mais dois títulos nos 18. E agora já venceu dois jogos no primeiro torneio profissional.  Foi surpreendente para você esse desempenho?

Luisa - Após todas essas vitórias nesses torneios, estou mais confiante. Mas acho que no começo não estava com muitas expectativas. Estava um pouco para o Banana Bowl e a Copa Gerdau nos 16 anos, mas nos outros entrei mesmo na quadra para ver o que ia acontecer, apenas para jogar sem pensar no depois. Acho que isso me ajudou muito. Joguei muito pensando no presente e não no que me aconteceria no futuro. E daí vieram mais vitórias e vitórias, o que me deixou muito mais confiante.

O quanto os títulos no Banana Bowl e Copa Gerdau tiveram importância para a sua confiança nos demais torneios?

Os dois tiveram muita importância, porque  são os dois principais torneios aqui na América do Sul e no Brasil. Apesar de ter sido nos 16 anos, foi muito importante, onde adorei ganhar. Foi meu último ano na categoria 16 que jogaria, então fechei com chave de ouro. Ganhei mais confiança para jogar os ITFs depois e esse torneio profissional aqui em São Paulo.

Ricardo Rimoli/POA Press
Em São Paulo, Luisa (foto) bateu Ana Clara Duarte, ex-número 1 do Brasil
Você está invicta na temporada com 24 vitórias e apenas um set perdido, mesclando torneios juvenis e profissionais. Queria que você fizesse uma análise. Está sentindo que houve grande evolução no seu jogo ou acha que há ainda bastante para se melhorar?

Acho que tenho muito para melhorar, para ir mais longe, para chegar até as tops do ranking, mas meu jogo melhorou muito. Quanto mais ganho confiança, parece que meu jogo vai melhorando cada vez mais. Vou ficar mais firme, mais sólida. E isso me ajudou muito quando joguei com a Ana Clara Duarte, que foi o jogo foi mais importante até agora. E demonstrou o quanto eu melhorei mesmo, o quanto estou sólida o suficiente para bater uma boa jogadora como ela. Agora, com esses resultados, vamos ver se consigo mais pontos para entrar nesses torneios profissionais, se, de repente, recebo mais convites. E, com certeza, vamos tentar esses torneios, perdendo ou ganhando, que já está valendo. Ganho mais experiência para essas competições.

Com todo esse sucesso, é normal que agora você sofra um grande assédio da mídia. Como é lidar com essa rotina de entrevistas, fotos, autógrafos e até ser considerada a nova revelação do tênis feminino nacional? É uma pressão para você?

Eu não estou levando como uma pressão, mas é claro que é bem diferente do que estava acostumada. Eu sempre fui muito tímida, ainda mais falando à frente das câmeras, do microfone, com a mídia. Mas acho que, desde o começo, isso me ajuda a ir me acostumando. Porque se for melhorando, se eu for tendo melhores resultados, cada vez mais mídia vai aparecer. Mas agora estou tentando me acostumar a essa parte, com essa nova rotina.

Matheus Martins Fontes, De São Paulo

Publicado em 24 de Abril de 2013 às 14:16


Notícias