Após volta, Gaudio critica novo capitão e aponta problemas na equipe da Davis

Tenista considera liderança de Nalbandian exagerada e acha difícil o país ter outra chance como a deste ano


Gastón Gaudio foi um dos principais jogadores argentinos nos últimos anos. Sem dúvida nenhuma, representa uma das gerações mais vitoriosas da história do país, conquistando um Grand Slam para a Argentina após mais de uma década. Voltando ao circuito após quase um ano afastado com problemas de contusão, o campeão de Roland Garros em 2004 atirou para todos os lados. Em entrevista a uma rádio local, Gáudio falou sobre a liderança de Nalbandian, o comando de Alberto Mancini e a escolha de Tito Vásquez como novo capitão.

Gaudio foi a grande surpresa da Copa Argentina, disputada na última semana
Principal tenista do país nos últimos anos, Nalbandian é considerado um líder na equipe da Davis e um dos jogadores que mais se empenha em defender as cores do país. "Se todos colocam David como líder, está tudo errado, já que esquecem que temos um capitão. Se não, levamos a equipe nós mesmos", criticou o Gaudio.

Embora não tenha participado dos bastidores da final deste ano, o ex-número cinco do mundo acredita que os argentinos começaram a perder o título três meses antes do confronto final contra os espanhóis. "Não perdemos a Davis em Mar Del Plata. Perdemos desde que começou a se discutir que um queria jogar aqui, o outro lá".

Questionado sobre Alberto Mancini, capitão da equipe desde 2005, o Gato, como é conhecido na Argentina, considerou positiva a passagem do treinador, mas acredita que faltou comando nos momentos decisivos. "Não acho que foi um fracasso, tivemos bons resultados. Mas ele não soube lidar com o líder que David (Nalbandian) é e o que ele representa".

Mesmo com a saída de Mancini, Gaudio acredita que este problema não deve desaparecer. "Não me parece que Tito Vasquez, escolhido pela Associação, poderá fazer de forma melhor", declarou o tenista, que não entende a forma de trabalhodos dirigentes do tênis argentino. "Eles perguntam a todos os jogadores e todos dizem o mesmo. Não sei porque fazem isso se depois escolhem quem eles querem".

Assim como a maioria dos jogadores, o ex-campeão de Roland Garros gostaria de ver Marin Jaite como capitão. Mas reconheceu que o nome de Guillermo Vilas, maior ídolo da modalidade no país, também o agradava. "Se me dissessem que Jaite não poderia ser o treinador, minha outra opção seria Vilas. Daria essa chance a ele. Dos candidatos, Tito era último a ser escolhido".

Como torcedor, Gaudio lamenta muito a derrota para os espanhóis. "Uma chance assim não creio que voltará a acontecer. Na Argentina, na superfície que escolhemos. Difícil se passar outra vez", declarou o ex Top5, que reconhece que seu ciclo na Davis pode ter acabado. "Me encataria voltar, mas vamos ser sinceros. Hoje estou a baixo de qualquer outro. Não me sinto mais parte do grupo".

José Eduardo Aguiar

Publicado em 19 de Dezembro de 2008 às 10:10


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