Copa Davis

A um (longo) passo do paraíso...

Time brasileiro abre vantagem de 2 a 1 no duelo contra a Rússia pelos Playoffs e pode voltar ao Grupo Mundial pela primeira vez desde 2003


Nesse sábado, o tênis brasileiro deu uma amostra muito importante rumo ao objetivo de voltar a disputar o Grupo Mundial da Copa Davis pela primeira vez desde 2003, mas há ressalvas a se considerar para este decisivo domingo que se aproxima. O placar de 2 a 1 já é muito bem conhecido pelo torcedor tupiniquim, haja vista, que o mesmo aconteceu em Chennai no ano passado e a provável vitória tranquila diante dos asiáticos se transformou em indigesta frustração.

Marcelo Ruschel/ POA Press
Melo e Soares abraçam equipe brasileira após dar vantagem de 2 a 1 para o Brasil nos Playoffs

Desde que foi sorteado a enfrentar o tradicional time russo fora de seus domínios, o Brasil já tinha a consciência do papel de franco-atirador pela desvantagem de atuar em um piso desfavorável e com a pressão da torcida adversária. Ainda mais com a má fase de Thomaz Bellucci na gira norte-americana de torneios sobre o piso rápido e com a instabilidade da dupla Marcelo Melo e Bruno Soares. Dessa forma, Ricardo Mello aparecia como uma forma de "talismã" para o confronto na superfície que mais gosta.

A velocidade da quadra em Kazan, cidade a 750km da capital Moscou, foi outro fator positivo para o Brasil, que admitiu estar satisfeito com o piso "nem tão" rápido e mostrava-se confiante para uma zebra diante dos bicampeões da competição, mas que já não mostram um talento para renovação de seus atletas após as "estrelas cadentes" Marat Safin e Yevgeny Kafelnikov.

Marcelo Ruschel/ POA Press
Mello não teve chances no primeiro jogo e acabou perdendo para Youzhny

No primeiro dia, Mello tinha a responsabilidade de abrir o confronto frente a Mikhail Youzhny, principal nome da Rússia mas bem longe de ser aquele ex-top10 e que ajudou o país nos títulos de 2002 e 2006. Por outro lado, o experiente brasileiro vinha de uma ótima apresentação no US Open, onde levou o francês Gilles Simon, número 12 do mundo, ao extremo na estreia em Nova York. Em cinco sets, Mello, como muitos falam, "caiu para cima".

No entanto, o que nem o mais otimista torcedor russo esperava aconteceu. Em uma de suas melhores atuações nos últimos meses, Youzhny dominou as ações desde o início da partida - passadas de todos os lados, variações com slices, subidas à rede, tudo estava a favor do "soldado" local, que deixou a equipe da casa à frente no duelo após perder apenas três games para o inoperante Mello.

Por mais que Bellucci já havia vencido Igor Andreev na carreira (Gstaad em 2009), o russo, ao contrário dos demais, prefere uma superfície mais lenta do que o habitual pelos vários anos de treinamento na Espanha e poderia complicar para o paulista. Thomaz já tinha demonstrado anteriormente as dificuldades de lidar com a pressão de número 1 do país e entrava com o peso de empatar o confronto para manter esperanças do time de João Zwetsch.

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Em seguida, Bellucci venceu com autoridade Igor Andreev e empatou duelo

"Altos e baixos como uma montanha russa". Se a atuação quase perfeita de Bellucci pudesse ser sintetizada em uma frase, não poderia haver melhor definição. Mostrando o tênis que o levou a ser quase o primeiro carrasco de Novak Djokovic na temporada e bater Andy Murray e Tomas Berdych, dois top10, o pupilo de Larri Passos deu as cartadas desde o começo da partida e acuou o adversário do fundo com suas pancadas da base. Deu tempo até para voleios certeiros e curtinhas eficientes. Um 1 a 1 que trazia de volta os créditos de seu talento e a força dos comandados por Zwetsch.

Marcelo Ruschel/ POA Press
Melo e Soares mostraram entrosamento e venceram por 3 a 0 nesse sábado

Com uma alta dose de combustível dada por Bellucci, Marcelo Melo e Bruno Soares entraram em quadra dispostos a dar ao Brasil a dianteira do duelo. Enfrentando dois especialistas em simples, como era o caso de Tursunov e Kunitsyn, a parceria mineira envolveu os adversários com o jogo agressivo à beira da rede.

A feição preocupada de Kunitsyn, o que parece ser algo rotineiro ao russo, era a expressão do panorama na Academia de Kazan. O público, que já não era grande desde a sexta-feira, viu um show dos brazucas - Soares seguro no saque e Melo usando sua estatura para montar uma muralha à rede. Implacáveis. Eficientes. Determinados. Um maiúsculo 3 a 0 dos mineiros coloca o Brasil a um passo de conseguir a primeira vitória fora de casa e do saibro em 15 anos.

Mas o passo parece ser mais longo do que se imagina. Bellucci, certamente, deve entrar sem pressão contra Youzhny, que será posto à prova pelo desempenho no primeiro dia e pelo melhor ranking de todos em Kazan. No entanto, o russo lidera o retrospecto direto contra Thomaz e tem um estilo que incomoda o nosso atleta. Em caso de derrota, Mello fecharia o confronto. Contra quem? Difícil saber pela (má) impressão de Andreev contra Bellucci.

Marcelo Ruschel/ POA Press
Será que a história guardará um final feliz para o Brasil nos Playoffs em 2011?

O domingo promete altas emoções na distante Kazan. Será que a turma do Kremlin vai parar na segunda divisão após 19 anos? A Perestroika será o divisor de águas do tênis nacional? A única certeza é que o otimismo deve ter limites para que o chope não volte a ficar "aguado" como tem acontecido há cinco anos!

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Matheus Martins Fontes

Publicado em 17 de Setembro de 2011 às 19:19


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